Otilia Carvalho nasceu no Brasil, é a primeira geração de uma família de imigrantes portugueses nascidos na América Latina. Foi uma criança muito curiosa e desde a adolescência se interessou pelas ciências, principalmente a química. Ela se formou em Engenharia de Alimentos. Sua paixão pela tecnologia tem aumentado desde então. A forma como as operações industriais poderiam ser aplicadas para transformar matéria-prima em alimento explodiu bem diante de seus olhos durante os estudos. No entanto, ela sempre teve uma visão crítica sobre o uso excessivo de tecnologia na produção de alimentos. Afinal, a humanidade vive sem essas tecnologias há milhares de anos.

Dessa forma, para aprofundar os conhecimentos sobre alimentação, ingressou no programa de mestrado em Ciência dos Alimentos da Universidade de São Paulo, seguido de doutorado em Ciências. Durante seu doutorado, ela passou alguns meses em Estrasburgo, na França. Ao partir, ela prometeu a si mesma que, um dia, voltaria a morar na Europa.

Uma de suas características mais marcantes é que ela não aceita respostas simples para problemas complicados. Aquela criança curiosa está sempre dentro dela e continua fazendo perguntas: “como se faz?”, “por que se faz assim?”, “por que não podemos fazer isso de outra maneira?”. Posteriormente, ingressou no Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil como Inspetora de Alimentos. Essa experiência trouxe uma nova forma de olhar para a alimentação. Agora, comida não era apenas ciência, mas também segurança. Durante os sete anos no ministério, ela adquiriu experiência em uma ampla gama de indústrias de produtos de origem animal. Este foi o período em que ela também foi apresentada ao mundo regulatório. Importações e exportações passaram a fazer parte de sua rotina e junto com elas documentos e burocracias.

Depois de sete anos, ela sentiu que era hora de bater asas e buscar novos horizontes, e voltar à sua promessa (voltar para a Europa). Foi então que ela ingressou no programa Food Risk Assessment da European Food Safety Authority (EFSA). Ela passou um ano como cientista convidada em Berlim no Bundesinstitut für Risikobewertung (BfR) junto com a equipe de Materiais de Contato com Alimentos.

Seus planos eram ir para o sul da Europa após esse programa, mas ela se apaixonou por Berlim e decidiu se estabelecer lá e construir uma nova vida. Já passaram dois anos desde que atravessou o Atlântico. Ela ganhou alguma experiência no mundo das startups e agora está pronta para embarcar em uma nova aventura.