O assunto organismos geneticamente modificados (OGM) já não está mais tão presente nas discussões sobre segurança alimentar, porém ainda há muitas dúvidas e suspeitas a respeito dos mesmos.

Ainda há países onde sua produção e importação são restritas, porém em muitos outros, há larga pesquisa para a introdução de OGM no mercado. No passado, havia muitas suspeitas de que esses produtos poderiam ter algum efeito nos genes dos consumidores, porém com o passar do tempo, e o aumento significativo dos grupos de pesquisa por todo o planeta, essa crença foi sendo deixada de lado.

A técnica consiste em substituir uma porção do DNA (a molécula contendo a informação genética) de um organismo por uma porção de DNA de outro organismo. O objetivo dessa manipulação é trazer alguma característica do organismo “doador” ao “receptor”. Por exemplo, de uma forma bem simplificada, se algum vegetal é sensível ao crescimento de um determinado fungo e se sabe que uma bactéria tem propriedades de inibição de crescimento desse fungo, os pesquisadores identificam a porção do DNA responsável por essa característica e transferem ao DNA do vegetal. Assim, esse novo vegetal é considerado um OGM, pois seu DNA agora é híbrido devido à manipulação genética.

Considerando apenas a técnica, a produção de OGM parece ser possível em qualquer caso e pode ser usada com diversos objetivos. Contudo, é uma técnica ainda bastante cara e necessita de vários anos de pesquisa, pois é necessário garantir que os resultados obtidos estejam realmente de acordo com o que foi proposto.

Além disso, outros fatores devem ser levados em consideração, dentre eles, os potenciais impactos sobre o meio ambiente. Como os vegetais fazem parte da cadeia alimentar de várias espécies, uma modificação pode ocasionar um desequilíbrio ambiental, além de ocasionar o desenvolvimento de espécies resistentes de pragas.

Outra preocupação relacionada a OGM é a introdução de compostos alergênicos na alimentação humana. Com a introdução de uma nova porção de DNA, o novo organismo pode passar a produzir compostos com potencial alergênico ou passar a produzi-lo em quantidade suficiente para causar alguma reação alérgica.

Todos esses fatores são levados em consideração e estudados durante o desenvolvimento de OGM. Além disso, os órgãos regulatórios também acompanham de perto todo o desenvolvimento e resultados obtidos para garantir que esses novos produtos não trarão mais riscos à população.

Hoje em dia, muitas das commodities produzidas já são em sua grande parte geneticamente modificadas, pois são produzidos em larga escala e precisam ser resistentes a pragas e ter uma longa vida de prateleira, pois são transportados por todo o globo terrestre, como é o caso da soja, sendo produzidos milhões de toneladas a cada ano e sendo transportada entre todos os continentes, chegando a ficar por várias semanas em contêineres em alto mar.

Isso leva a outra grande preocupação relacionada aos OGM. Durante os estudos, apenas os impactos locais são considerados. Por exemplo, o estudo de uma semente desenvolvida no Brasil levará em conta os impactos ambientais principalmente no ecossistema brasileiro. O transporte involuntário também pode gerar efeitos não previstos durante as pesquisas, como é o caso de OGM serem carregados por pássaros e insetos, ou até pelo vento, para regiões com o ecossistema totalmente diferente.

Uma vez iniciado o processo de inclusão de OGMs, é muito difícil de se voltar atrás. Alimentos geneticamente modificados já estão expostos nas prateleiras devidamente rotulados e animais já são alimentados com rações à base de OGM. É importante sempre obter informações de fontes fidedignas para poder escolher de forma consciente o que consumir. As pesquisas continuaram e os órgãos de defesa do consumidor, juntamente com os órgãos regulatórios se ocupam de garantir que os produtos oferecidos nos mercados sejam de qualidade e não tragam riscos à população.