João  Mendes Nogueira
Colabora no Meer desde fevereiro de 2024
João Mendes Nogueira

Português, Professor. Tomar/Lisboa, Portugal.

Perto da água nasci, ladeado pelo Tejo que lá em baixo serpenteava rodeando a minha cidade…

Muito novo viajei para longe, muito longe, pelo Atlântico e pelo Índico até Quelimane na foz do Zambeze… Pouco recordo, exceto pescar na foz como meu pai...
Por mar desci ao Maputo e aí recordo muito… A Polana, a praia perto…
Tanto para relembrar... Tanto para contar...

Por mar regressei a Lisboa…, e subi à beira Tejo que me viu nascer.
Mais tarde desci e finalmente acabei entre terras templárias e a Olisipo … sempre com a água dos rios na mente e o oceano no coração…
Tanto para relembrar...Tanto para contar...

Talvez por isso fui seguindo rios e mares para regressar a porto seguro e aos meus.
Mas os portos seguros também podem levar-nos à beira de outras águas, subindo a montantes de rios que nas suas margens desaguam...

Assim me aconteceu: à colina à beira Tejo onde nasci regressei, para depois deambular entre o Mondego e as águas matrizes templárias de afluente do Zêzere, subir a montante dele até às nascentes serranas na Estrela.

E, de novo, voltar ao castelo raiz templário, banhado pelo Nabão, cá em baixo na urbe antiga e nova que me acolheu ou...na foz do Tejo que tanto impele a multipolares saídas para novas descobertas...

A vida tem destas voltas, mas acrescenta sempre aprendizagens que marcam a geografia do nosso ser e do nosso existir aqui e agora. Com todas as cores do arco-íris e todos os matizes de todos os cinzentos, do branco ao negro....

Por isso ensinei, e ensino, tentando transmitir a localidade e a globalidade…
Por isso rabisco e tento chegar a quem me quiser ler e escutar.
Entre muito novos e mais velhos do que eu, continuo caminhos que nunca imaginei e que tenho vivido, procurando com eles aprender e desaprender, respeitar o silêncio talvez mais que o balbuciar de multidão, mas por isso sou e estou e vou estando por aqui...

Escrever torna-se algo essencial, tanto mais que o silêncio acaba por se sobrepor ao ruído dos dias que escorrem fugazes e tantas vezes quase que incompreensíveis...
Contar as nossas histórias e as de outros...
Conversar e partilhar com tantos, e tão esparsamente marca dias de rebeldias ou de tédio expectante... Dias de cólera ou de resignação dificilmente contida porque explosiva...

Em tempos estilhaçados pelo espanto e pelo esquecimento de nós e dos outros...
Ou tão simplesmente tentando continuar, caminhando errante ou buscando trilhos de maior, humana curiosidade que possa também continuar partilha comunicante....

Porque a vida é tão preciosa nos tempos e nos espaços que comunicar é, mais que nunca, preciso e imperioso praticar...
Quebrar a página em branco, rabiscá-la num momento fluido, fugaz ou mais lento, refletido…é emoção e razão de ser, de aqui estar e partilhar memória, presente ou projeto de paz feito…

Artigos por João Mendes Nogueira

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