No mundo em que vivemos, a comunicação social tradicional e agora as novas redes sociais (via Internet), têm um crescente papel na opinião pública e publicada, na forma como as pessoas formam as suas ideias e decidem. Como se costuma dizer, “se não aparece nos medias e agora nas redes, não é notícia…”. Será mesmo?
Ora isto implica o conhecimento da arte de comunicar, que hoje se tornou um verdadeiro talento. O domínio crescente e vertiginoso dos media sobre a vida do dia a dia tornou-se incrível… com facilidade crescente consegue aceder-se, dar e receber informação, quase que instantaneamente. Nós que vivemos nas sociedades da informação estamos, no entanto, perante dilemas difíceis, pois nem tudo o que aparece nos media pode ser totalmente confiável. Enquanto pacatos cidadãos somos confrontados, muitas vezes, com versões muito contraditórias dos mesmos eventos ou factos…
O que pode parecer, pode não ser…
Na verdade, temos de aceitar que estamos frequentemente condicionados ao ponto de vista de quem escreve, fotografa ou filma e mesmo do ângulo, até físico, de determinada realidade. Por isso temos de acautelar a nossa perspectiva e procurar diferentes abordagens. Os media, por outro lado, devem também objectivar e contra-refererenciar mais a informação que nos transmitem. Separar propaganda ou publicidade encapotada do relato da realidade não é fácil, quer para os media, quer para quem lê ou vê notícias. Tentar tornar mediático qualquer boato ou mexerico não é boa prática e descredibiliza os media que o façam… No planeta das ”fake news”, das ”deep fakes” que tudo deturpa e manipula, não é que não estejamos historicamente em terrenos novos...
Ou já nos esquecemos da máxima manipulação goebeliana no nazismo ou da contrafacção soviética dos tempos troktskianos que acabou mais tarde por liquidar os ditos mestres da mentira transformada em verdade, vendida a troco de milhões de vidas em guerra(s) e revolução permanentes? Mas será que gostamos de ser enganados?
O mediatismo noticioso a que hoje assistimos teria, assim, de ser mais moderado e reflectido, mesmo que fugazmente… pois o tempo ao tempo urge…
As opções editoriais dos media são necessariamente livres, tolerantes, abertas nas sociedades democráticas, mas devem procurar mostrar, mais objectivamente, os factos da realidade que transmitem ao público agora cada vez mais massificado como nunca antes… também não devemos “temer” as “overdoses” informativas a que estamos sujeitos… para nisso, felizmente ainda temos os “polígrafos” de algumas poucas entidades ainda preocupadas eticamente em aderirem a factos mais do que a “fakes” (“fabricações” ?) que surgem já em quantidades pós-industriais pela irrestrita, algorítmica e pouco escrupulosa utilização das redes neuronais automatizadas ”ad nauseam” …
Nada de não expectável neste “admirável mundo novo” …
Nada de muito diferente e assimetricamente doutros tempos…
Apenas repetições boolianas em “loops permanentemente mais rápidos, electrizados e explorados para o bem, para o mal e para todos os matizes do arco íris e das paletas de cinzentos…”.
Por isso, calmamente, só temos que continuar como sempre continuamos desde que somos a “espécie dominante e determinista” deste pequeno planeta que nos calhou habitar. Aceitando que só termos sobrevivido porque nos adaptamos… que não há “verdades absolutas”, de via única…
Já que nos consideramos tão inteligentes e dominantes, talvez fosse útil saber que existimos, somos e estamos por menores na imensidão galáctica que tão infimamente ainda conseguimos vislumbrar… O que vamos conseguindo apreciar ou desgostar bem poderia afastarmo-nos de tanto de inescrutável como de negativo que sobrevalorizamos ou desvalorizamos…
E, como “o tempo voa”, ”tempus fugit”, que tal cultivarmos mais a humanidade e agirmos mais curiosamente de formas e novos caminhos mais positivos?
Que tal não nos deixar levar em ondas mediáticas, cada vez mais temporalmente curtas? Que tal disfrutarmos mais de “boas ondas” sossegadas e prazenteiras que memórias mais felizes nos deixam?