Antes de qualquer outra questão que se possa adiantar ou precipitar no tema que será aqui tratado, importa salientar, dizer e esclarecer os leitores, fazendo a pergunta: o que é o Brulhão? Muito se tem questionado sobre a natureza e etimologia do termo, que deve merecer o seu meritório estudo em prol de múltiplos nomes correlatos em que por vezes possam ser cunhados.
Indispensável e imprescindível é necessário saber o que é o Festivales, denominado Festa da tradição, da folia e do Brulhão. A festa é realizada em Vales do Rio, concelho da Covilhã, distrito de Castelo Branco, que fomenta e promove a cultura gastronómica na salvaguarda e preservação do legado.
O brulhão é uma iguaria tradicional da gastronomia beirã, confeccionada com bucho (estômago) de cabra, de que se fazem em pequenas bolsas (sacos) devidamente limpas e desinfetadas e que se cozem recheadas com arroz, carne de porco, (há quem adicione presunto) enchidos e diversos condimentos, entre os quais o serpão, erva aromática essencial, tomate sem pele e tomatada, cebola, alho, sal, salsa, vinho branco, colorau, azeite, e chouriça servindo-se em fatias grossas.
A festa serve no fundo para homenagear a característica fulcral e tradicional da gastronomia celebrando de facto a cultura que incorpora elementos que estão subjacentes a locais, sítios, modos, costumes, saberes, hábitos, crenças e heranças que operam na identidade cultural e gastronómica de cada local.
O evento era realizado por várias associações da aldeia como os Amigos dos bombos, Associação Rancho Folclórico, Associação Caça e Pesca, Grupo Desportivo, Centro Social e a Junta de Freguesia. Este certame era impossível de ser realizado, se não tivesse a parceria de um vasto conjunto de associações cooperantes e, que dentro das quais, podemos destacar as seguintes: Associação Música Tradicional “Os Amigos dos Bombos”, Associação Caça e Pesca Vales do Rio, Centro Social de Vales do Rio, Rancho Folclórico Vales do Rio e Grupo Desportivo de Vales do Rio. (Junta Freguesia de Vales do Rio, Jorge Andrade, 2013. Brulhão, o sabor da tradição, Vales do Rio, p. 49).
Durante alguns anos de paragem e com período intermitente, a realização do evento cultural e gastronómico esteve em risco, todavia com a criação do futuro espaço interpretativo do brulhão, que possa permitir e possibilitar a projeção do conceito do festival, afirmando o brulhão como marca verdadeiramente identitária da cultura de Vales do Rio.
No que concerne ao tema inaugural e à questão que se coloca, qualquer que seja a justificativa, o que é certo é que é importante fazer algo para manter e preservar a transmissão e difusão, e não há nada melhor do que agarrar as oportunidades que vão surgindo, pois nunca sabemos quando estas surgem.
Para alentar o “Festivales” ao passo o Centro Interpretativo, estes que devem andar de mãos dadas, bem como não adiantara conceber a interpretação ou a conceção, sem pensar o “Festivales” e provavelmente as festividades das quais a localidade se manifesta e que aqui queremos deixar, de forma mais sucinta aquilo que referimos, concluindo que este espaço será extremamente benéfico para preservar, zelar, cuidar e destacar ainda mais a vida das freguesias de Vales do Rio e do Peso, nas suas várias aceções e vertentes, sobretudo as culturais, mas isso só irá acontecer se houver a obrigação e a firmeza por parte de todos os seus residentes lutarem pelos seus valores, e passem essa luta para as gerações vindouras, a fim do espaço, do festival, e da tradição não derribar tão facilmente.
Ora, para alavancar o festival ou o Brulhão, dito assim, propomos um rótulo distintivo como marca registada, que possa identificar o nome e distinguir o que se faz, isto é, a fim de inscrever o nome do festival nas mais diversificadas plataformas, consolidado perante as instituições públicas e privadas, colocando o nome “FestiVales” ou do Brulhão, uma e outra vez convocados aqui como marca nacional registada sob decreto das instâncias que se podem coadunar na horizontalidade mais profícua da cultura e da gastronomia.
Tendo como escopo uma visão assente e alicerçada no que diz respeito ao referido, convém amadurecer as nuances e refletir à luz dos múltiplos mecanismos que se encontram à disposição, seguindo uma estratégia localizada para impulsionar e dinamizar o turismo sustentável, gastronómico e local.
A fruição turística que naturalmente saúda as iniciativas, e que as nutre, movem-se num universo cultural, portanto, sobre este ponto de vista queremos despertar e lograr aqui a pertinência do que estará na causa interventiva e sobretudo no trabalho da formação de quem poderá visitar o suposto renascimento do festival com a benevolência do seu espaço, sobre esta perspectiva pode oferecer essa dada estratégia e que possa efetivamente vir a ser lapidada e trabalhada. Esta crítica ou análise consta de uma reiterada ajuda contributiva que tem vindo a ser estudada, desenvolvida e maturada.
Tornar-se-á o coroar pulsante e a correta postura em formar o convite à comunidade, para conhecer, experienciar, cheirar, saborear e degustar o brulhão, a todos que possam deslocar-se até ao Festivales previsto para maio de 2024. Não obstante, a temática não se restringe apenas numa nuance, e, sim, num convite para uma viagem de envolvência e experiência transcendente, onde o aroma, o sabor e textura contam a sua história.
O futuro lançamento de uma obra sobre estas e outras temáticas está em recrudescimento, e poderá discorrer aprofundadamente sobre a completude do que foi vindo a ser desenvolvido aqui.