O Brasil é um país que possui três influências principais: a portuguesa, dos povos africanos e dos povos indígenas. Essas três influências chegaram ao Brasil em momentos diferentes; antes da chegada dos portugueses, apenas os povos originários ocupavam essa vasta terra.
Os povos originários tinham uma cultura bem diferente dos portugueses, começando pela liberdade de alimentação. Não havia horários fixos para o consumo alimentar; portanto, quando as pessoas tinham fome, simplesmente comiam. Não havia um alimento específico para cada horário, ao contrário da prática atual, em que é incomum ver alguém comer macarronada pela manhã, pois é considerada um tipo de comida para o almoço ou jantar. Os povos originários comiam o que encontravam nos horários em que sentiam fome.
Com a chegada dos portugueses, os horários de refeições começaram a ser estabelecidos, assim como os alimentos específicos consumidos em cada horário. Estudiosos da alimentação brasileira sempre deixam claro que os portugueses quiseram adaptar o Brasil à sua cultura de forma tão brusca que até tentaram usar a farinha dos "inhames" (como os portugueses chamaram a mandioca, por não conhecerem o produto) para fabricar pães, descobrindo assim que era uma farinha diferente e não teria os resultados esperados. Portanto, as influências dos portugueses trouxeram para nossa mesa pães, biscoitos, leite, bolos, sucos, manteiga, geleias de frutas e outros produtos.
Os povos africanos, que chegaram ao Brasil como povos escravizados, não tinham as regalias de um café da manhã. No entanto, as mulheres negras que produziam os alimentos dentro das "casas grandes" (termo utilizado para se referir às casas dos senhores de escravos tinham uma tarefa bastante específica: reproduzir as receitas tradicionais portuguesas dos livros de receitas familiares, com os ingredientes encontrados no Brasil. Nesse momento, o coco, o amendoim, as frutas regionais e outros produtos que são parte da nossa cultura foram fundidos dentro da cozinha portuguesa, construindo uma cultura única.
Com todo o processo de colonização do Brasil, houve uma divisão de influências que modificou o café da manhã basicamente por regiões.
Começando pelo norte, que teve uma forte influência indígena e, por isso, possui um café da manhã um pouco mais livre, sendo uma região fonte de frutas amazônicas, como o açaí (normalmente um creme ou pasta do fruto, não muito doce e muito diferente do açaí vendido como sorvete em outras regiões). É comum o consumo dele com farinha d'água (farinha de mandioca fermentada em líquido e depois desidratada) logo no café da manhã. Pode parecer estranho se você está em outra região do país, mas para a região norte, esse tipo de café da manhã é bastante comum.
A região nordeste também possui algumas culturas alimentares específicas da sua região, com as influências portuguesas e dos povos africanos muito presentes. O consumo de mandioca e a mistura de saberes são bastante fortes. Um café da manhã bastante consumido na região é o cuscuz, farinha de milho cozida no vapor com manteiga e um café para acompanhar, que é um café forte e pensado para o trabalho pesado.
Nas demais regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, temos a forte influência portuguesa e de outras regiões europeias, além dos povos africanos, e por isso temos, na nossa primeira refeição, um forte consumo de pães, biscoitos, doces, geleias, queijos, manteiga, café, leite e outros produtos que são muito parecidos com algumas regiões dentro da própria Europa.
Um país tão grande não poderia ter poucas formas de comer seu café da manhã, principalmente com o número de povos que estão espalhados pelo nosso país.