Você já pensou em participar de uma experiência gastronômica que envolve os 5 sentidos? Já imaginou degustar uma refeição sem saber o que está sendo servido à sua frente? Ir a um bom restaurante tem sido uma experiência que transcende apenas a comida no prato.
O Vespertine, em Los Angeles, liderado pelo chef Jordan Kahn, é uma convite para explorar os cinco sentidos do nosso corpo. O The World's 50 Best Restaurants descreve o restaurante como a interseção entre comida e arquitetura, som e sabor, arte e cultura. Um restaurante único que deve ser experimentado para ser compreendido.
Para que a experiência seja completa no Vespertine, os garçons tomam nota de tudo antes do jantar começar a ser servido. Caso os participantes do jantar possuam alguma deficiência auditiva, visual ou outras, intolerância ou alergia, é levado em consideração para tornar a experiência diferenciada.
Tudo no restaurante é pensado para que a imersão seja completa. As salas são perfumadas com aromas dos ingredientes apresentados no lobby, os cozinheiros usam aventais estilosos, os pratos e taças são feitos de pedras vulcânicas, os garçons, vestidos todos de preto, apresentam os pratos e se movem de forma que parece que faz parte de uma coreografia milimetricamente ensaiada.
Do outro lado do mundo, o estrelado pelo Guia Michelin Ultraviolet, em Xangai, foi anunciado como o primeiro restaurante multissensorial do mundo. Para o chef francês Paul Pairet os 16 anos que o restaurante levou para se concretizar valeram a pena. O menu, não levianamente, leva anos para ser elaborado, o que resultou em três opções: UVA, UVB e o nascido em 2016 UVC. Seja qual for a sua escolha, espere o inesperado em uma sequência de 20 pratos entregue em quatro atos (e intervalo).
A experiência começa em outro local, com coquetéis e uma breve explicação do que vai acontecer durante a noite. Logo a seguir uma van transporta os visitantes para um local secreto em Xangai, a partir daí, uma grande porta se abre e leva a sala principal onde a experiência começa. Quatro paredes aparentemente nuas cercam uma única mesa, com capacidade para 10 pessoas e com o qual cada uma apresenta o nome iluminado no seu devido assento. À medida que os pratos chegam, a coordenação entre refeição, visão, som e cheiro se fundem em uma única dança de sensações. Para o chef Pairet, ele descreve a filosofia do Ultraviolet mais como “jogos muitas vezes exagerados e altamente técnicos”.
Não muito distante, em Bangkok, na Tailândia, o Dinner in the Dark (DID) oferece uma experiência no escuro, onde todos os garçons são cegos. O restaurante fica dentro do Hotel Sheraton e a entrada conta com um bar aconchegante e um pequeno palco para apresentações ao vivo.
O jantar é servido em quatro pratos (entrada, sopa, prato principal e sobremesa). O menu pode ser escolhido conforme o gosto do visitante (nelas constam restrições alimentares e alergias), as opções de culinária são: asiática, ocidental, vegetariana e um surpresa. A sala onde o jantar é servido com um isolamento acústico onde permite que você não ouça nada além das vozes dos garçons, clientes e tilintar de louças e talheres.
O visitante é orientado a deixar todos os seus pertences em uma caixa preta entregue pela hostess do local, pois todo e qualquer objeto luminoso pode interferir no local onde as refeições são servidas. Um único garçom fica responsável por sua mesa de jantar do início ao fim. Assim que ele convida o visitante a colocar a mão direita em seu ombro, a jornada ao desconhecido se inicia. Ao entrar na sala, todos os seus sentidos mais inexplorados começam a aguçar e é aí que a experiência começa.
Ao encerrar a refeição, o garçom guia até a hostess do restaurante que entrega um tablet na mão do visitante e ali ela começa uma lista de perguntas sobre a percepção do jantar na visão do cliente. É no final desta descrição que é o único momento em que é mostrado fotos dos pratos e o visitante pode saber o que foi consumido durante a noite.
Com a frase “Desligue a luz, ligue seus sentidos” é assim que o Dinner in the Dark te convida a participar do conceito que não só reúne inclusão social, como alta gastronomia e sensações inacreditáveis. Se você ficou curioso, esse jantar pode ser brevemente visualizado no BL (boys love) tailandês, Only Friends, onde dois dos personagens principais vão a um encontro no Dinner in the Dark e retratam essa experiência.
Ainda no continente asiático, os pratos ganham vida no restaurante Moonflower Sagaya Ginza, em Tóquio. O local te convida a “comer com os olhos” antes de qualquer coisa. A criação do restaurante conta com a colaboração do coletivo teamlab onde transforma uma das salas em uma experiência multissensorial. Para os criadores, “a cada vez que um prato é servido, o mundo no prato é liberado e toma a mesa e o ambiente ao redor, se conectando ao espaço e criando um universo maior.”
O espaço conta com a junção de projeções mapeadas, sensores digitais, luzes e som para melhorar a refeição. O resultado disso é que quando os sensores de projeção detectam algo, eles reagem aos movimentos dos clientes e passam a criar animações que interagem com as mãos e os pratos servidos. Exemplo disso é que um pássaro pode pousar na sua mão enquanto estiver parada e assim que você se movimentar ele voar para outro local dentro da sala.
O Moonflower conta com um espaço pequeno e só pode receber oito visitantes por vez. O menu e as projeções mudam a cada mês, seguindo cada estação do ano no Japão. Para eles o mundo está em constante mudança e não existem dois momentos iguais, então através dessa experiência eles querem mostrar as mudanças também na forma de enxergar a comida.
Viajando alguns bons quilômetros, o Sensorium, em Bali, na Indonésia, visa estimular os cinco sentidos humanos. Derivado das palavras sentido e sensorial, o sensorium foi idealizado pelo chef Will Lim, que acredita que os alimentos têm o poder de unir pessoas e contar histórias.
O restaurante conta com a perfeita união da cozinha moderna australiana e asiática, desafiando os cinco sentidos humanos com seus pratos exóticos. Um espaço com design minimalista que apresenta ambiente acolhedor e caseiro. O restaurante deseja proporcionar aos clientes uma experiência totalmente envolvente e inspiradora por meio de pratos inovadores alinhados com memórias afetivas da infância do Chef. É como conectar o aconchego ao moderno através dos sentidos.
Estimular os cinco sentidos é desfrutar de uma experiência gastronômica verdadeiramente única. É explorar o desconhecido, é entrar em uma atmosfera jamais explorada pelo seu corpo e sentidos, é se incluir em um contexto que vai muito além do alimento que é servido à mesa. Criar memórias não só através das papilas gustativas, mas sentir algo que te leve até um belo momento.