O que é a micologia? A micologia é o ramo da biologia que estuda os fungos, incluindo suas características, classificações, ecologia, importância económica e aplicações. Essa área abrange desde os fungos microscópicos, como os bolores e leveduras, até os macroscópicos, como os cogumelos.

O que são os míscaros? Os míscaros aparecem-nos como designação comum, extensiva a diferentes espécies de cogumelos silvestres, alguns dos quais utilizados na alimentação. Falamos, portanto do ramo da botânica neste aspecto. Se olharmos a partir do ramo da biologia facilmente diremos que geralmente falamos dos míscaros de cor amarelada os chamados comumente os amarelos (Tricholoma Equestre). A importância do seu estudo está marcada não apenas porque precisam de ser estudados os fungos, mas em bom rigor porque existem de facto em áreas que se predem em diversas matérias e as quais passaremos a elencar.

A taxonomia e a sistemática que definem a Identificação, classificação e organização das espécies de fungos. A ecologia fúngica estuda o papel dos fungos nos ecossistemas, como decompositores, simbiontes (micorrizas) e parasitas. Na Micologia médica a investigação dos fungos que causam doenças em seres humanos, animais e plantas, como as infeções por candida ou aspergillus. Na micologia industrial o uso de fungos na produção de alimentos, bebidas (fermentação), antibióticos (penicilina), enzimas e outros produtos químicos. Na micologia agrícola para análise de fungos benéficos para a agricultura, como os que ajudam no crescimento das plantas, e os prejudiciais, que causam doenças nas culturas e na micologia aplicada o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, como o uso de fungos para biodegradação, produção de biocombustíveis ou até materiais alternativos, como "couro de fungo".

A micologia é uma ciência essencial para compreender a biodiversidade e os processos naturais, além de ter um impacto direto em setores como saúde, agricultura e indústria. A "ida à cata do míscaro" refere-se à prática de sair para procurar e colher míscaros (ou outros cogumelos silvestres) nas florestas e nos campos. Esta atividade é muito comum em algumas regiões de Portugal, especialmente durante o outono, aquando das condições climáticas favorecem o aparecimento dos fungos.

Portanto no interior e por dentro desta prática incorporamos múltiplas inserções como por exemplo conexão e analogia com a natureza numa experiência ao ar livre, geralmente realizada em pinhais e bosques, proporcionando um contato direto com a biodiversidade local (in loco). Em muitas localidades, esta prática tem raízes culturais e familiares, passada de geração em geração. Muitas vezes é uma oportunidade de convívio social, cultural e económica.

O conhecimento practico que temos hoje em dia sobre o assunto apraz-nos salientar e imperar que para realizar a cata, é fundamental ter conhecimento sobre as espécies de cogumelos, pois algumas são tóxicas e podem ser confundidas com os míscaros comestíveis. Nesta medida convém sempre ir com alguém mais prendado ou com conhecimento sobre esta prática e também sobre o cuidado ambiental em preservar as espécies embora que seja e é importante colher os cogumelos de forma sustentável, respeitando o ecossistema, para garantir a sua regeneração.

Ao nível gastronómico é a cata do míscaro frequentemente associada à preparação de pratos típicos, como o famoso arroz de míscaros ou míscaros grelhados. A cata ao míscaro é considerada uma prática cultural em várias regiões de Portugal, especialmente nas zonas rurais, como na Beira Baixa, Beira Alta e Trás-os-Montes. Esta atividade vai além de uma simples colheita de cogumelos, pois está profundamente enraizada nas tradições, na vivência comunitária e nos hábitos locais uma vez mais referida.

Existem vários elementos simbólicos que tornam uma prática cultural isto é uma tradição passada entre gerações como muitas famílias, o conhecimento sobre os míscaros onde encontrá-los, como identificá-los e prepará-los é transmitido de pais para filhos, perpetuando os saberes ancestrais. Na integração da gastronomia local, os míscaros são ingredientes essenciais em pratos típicos de várias regiões. O seu uso na cozinha reflete a identidade cultural dessas comunidades.

O Convívio social da cata é muitas vezes uma atividade coletiva, realizada em grupos de amigos ou famílias, promovendo o encontro e o fortalecimento de laços sociais. Os eventos e festivais são algumas das manifestações culturais que promovem em feiras ou festivais dedicados aos míscaros e aos cogumelos em geral. Estes eventos celebram a tradição, a gastronomia e a economia local associada à apanha. A relação com o território que esta prática reflete num conhecimento íntimo do meio ambiente e da biodiversidade local, valorizando a ligação das pessoas com o seu território.

O símbolo de identidade que em certas regiões, o míscaro e a sua apanha são quase um símbolo cultural, representando o orgulho pela riqueza natural e pelo património gastronómico conceptualizando por isso as semanas gastronómicas nas regiões do Dão, do Zêzere, do Tejo, do Mondego, do Alva, do Douro e do Côa. Por isso, a cata do míscaro não é apenas uma atividade recreativa ou gastronômica, mas também um ato cultural que reforça a identidade e a memória coletiva de comunidades locais.

Alguns dos míscaros ou cogumelos apresentam-se de cores vivas e de fácil captura embora não sejam comestíveis, são admiráveis em vários momentos para uma fotografia, porquê? Alguns cogumelos, como o Amanita muscaria, apresentam cores vibrantes (como o vermelho intenso com pontos brancos) devido a adaptações evolutivas que servem principalmente para comunicação visual no ecossistema. No caso do Amanita muscaria, essas cores desempenham um papel importante na sua sobrevivência e ecologia. Embora o Amanita muscaria seja icônico e visualmente impressionante, é importante lembrar que, apesar de ser tradicionalmente usado em rituais xamânicos em algumas culturas, foi também utilizado no remédio para matar moscas ele é tóxico e deve ser manuseado e consumido com extrema cautela o que pode originar perturbações alucinogénias e problemas como cefaleia, náuseas e gastrointestinais.

Quando mencionamos os "mortais" no contexto de cogumelos, geralmente referimos cogumelos altamente tóxicos, cuja ingestão pode levar à morte ou causar danos severos no organismo humano. Estes cogumelos são uma parte importante do estudo da micologia, dado o impacto que têm na saúde humana. Alguns cogumelos mortais são o Amanita phalloides (cogumelo-da-morte). É um dos cogumelos mais tóxicos do mundo e contém toxinas chamadas amatoxinas, que causam falência hepática e renal irreversível e pela sua aparência que é enganadora, muitas vezes confundida com espécies comestíveis. Os cogumelos mortais têm um papel importante e preponderante na ecologia e não devem ser erradicados, mas é fundamental respeitá-los e conhecê-los para evitar tragédias e males maiores.