Branca Edmée Marques de Sousa Torres, natural de Lisboa nasceu a 14-04-1899 e faleceu a 19-07-1986. Professora Universitária e Cientista. Licenciou-se em Ciências Fisíco-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde ficou a ensinar. Era filha de Berta Rosa Marques e de Alexandre Théodor Roux. Branca Edmée Marques foi casada com o Naturalista, Geólogo e Professor da Faculdade de Ciências António da Silva e Sousa Torres (1876-1958).
Licenciada em Ciências Físico-Químicas pela Faculdade de Ciências de Lisboa no ano de 1925, começou nesse mesmo ano a ser Professora dessa Faculdade, onde regeu vários cursos teóricos, entre os quais os de Químicas Orgânica e Análise Química, embora só tenha chegado à Catedrática em 1966, e foi a 1ª mulher em Portugal a atingir essa categoria na área da Química.
Ainda antes de concluir a sua Licenciatura, no ano lectivo de 1923-24, a convite de Aquiles Machado, estagiou no Laboratório de Química Analítica no Instituto Superior Técnico sob orientação de Charles Lepierre.
Depois, com uma bolsa atribuída pela Junta de Educação Nacional, de 1931 a 1935 fez trabalho de investigação em Física Nuclear no Laboratoire Curie do Instituto do Rádio, primeiro sob a orientação de Marie Curie e depois da morte desta, em 1934, sob a de André Debierne, Doutorando-se em 1935 na Faculdade de Ciências de Paris, com a tese intitulada Nouvelles Recherches sur le Fractionnement des Sels de Baryum Radifère.
Na França, Branca Edmée Marques doutorou-se em Ciências Físicas com a nota mais alta da classificação em provas de doutoramento, orientada por Marie Curie até ao ano da morte da química francesa (1934).
Em 1936, já de volta a Portugal, foi-lhe reconhecida a equiparação do seu Doctorat d’État ao grau de Doutor em Ciências Físico-Químicas das Universidades Portuguesas em 13 de Junho de 1936, tendo criado o Laboratório de Radioquímica, que dirigiu até à sua jubilação, o qual originaria o Centro de Estudos de Radioquímica da Comissão de Estudos de Energia Nuclear (em 1953), o 1º Centro de Investigação em Química da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, hoje extinto.
Branca Edmée Marques publicou 6 trabalhos nos Comptes Rendus de l’Académie des Sciences de Paris, quatro dos quais ainda antes do seu doutoramento e em 1936 publicou 3 artigos no Journal de Chimie Physique, todos na área dos seus estudos sobre o bário radífero. Refira-se ainda que escreveu uma breve biografia de Marie Curie para a revista Ciência, e outra de Jean Perrin, a convite do Instituto Francês em Portugal, no primeiro aniversário da morte do grande cientista.
Entre outros estudos, publicou os seguintes trabalhos: A Água Termal do Estoril, (1932); Sur la Reparticion du Radium dans la Précipitation Fractionnèe du Chlorure de Baryum Radifère, (1933); Sur la Cristallisation Fractionnèe du Chlorure de Baryum Radifère, (1933); Sur la Distribution du Radium dans les Cristaux de Bromure de Baryum Radifère, (1934); La Prècipitation du Sulfate de Baryum Radifère, (1934); Subsídios para o Conhecimento de Novos Compostos de Polónio, (1944).
No centésimo aniversário do nascimento de Madame Curie, Branca Edmée Marques foi convidada pelo Instituto de Rádio de Paris para as cerimónias de homenagem que se realizaram na Universidade de Paris, em outubro de 1967, na qualidade de antiga colaboradora da nobelizada Maria Sklodowska Curie.
A Câmara Municipal de Lisboa aprovou em 2 de setembro de 2009 a atribuição do nome "Branca Edmée Marques" a uma rua na Cidade Universitária, como forma de homenagear a cientista.
A versão em língua portuguesa de "As Cientistas — 52 mulheres que mudaram o mundo", em inglês "Women in Science" conta com duas cientistas portuguesas, Branca Edmée Marques e Elvira Fortunato, atual Ministra da ciência, tecnologia e ensino superior de Portugal desde 2022 para além das restantes cinquenta mulheres presentes na edição original.