A velha bicicleta, o antigo game, a bola furada, a boneca esquecida. Quando você percebeu que vivera seu último dia pelo portal da velha infância? Portal, bolha, cada um teve o seu mundo mágico, porém, a verdade é que fora um dos melhores de nossas vidas!
Correr atrás das borboletas, vestir a roupa dos pais, receber de presente o primeiro animalzinho de estimação, as costumeiras brigas com os irmãos e primos, as visitas dos avôs. Tudo se tornou um grande conto de fadas!
Por vezes nossa maior preocupação era encontrar um amigo para brincar, passar o dia dentro da própria imaginação, um mundo perfeitamente particular. Nada era tão urgente quanto a necessidade de se divertir, brincar propriamente dito!
O parquinho, palco imaginário, era o mundo encantado aos nossos pés. Nada dava errado, tudo era perfeitamente possível e aceitável. Os adultos não faziam parte de nosso mundo, eram peças destacadas, apesar de sua relevância. A gente deslizava pelos escorregadores, pulava nos balanços e ia às alturas nas gangorras. A imaginação não tinha limites!
Ficam na lembrança os momentos especiais. As mais diversas brincadeiras e travessuras foram degustadas pela nossa memória, que intacta, nos remete as visitas aos amigos, aos familiares e as rotineiras e inocentes traquinagens.
Como não lembrar a perda do dente de leite? Ou aquele presente de aniversário inesquecível? Aquele incrédulo Natal, e as majestosas passagens de ano novo... Tudo pode parecer simples lembranças, porém, eternizadas como tatuagem.
A velha infância é a melhor interpretação de nossas vidas, é a peça do quebra-cabeça que nunca se perderá, um período marcante na vida, cheio de inocência, maravilha e gargalhadas desenfreadas. É uma época dos prazeres mais simples, como o sabor do chocolate preferido e da bala companheira.
Sabemos que a maioria dos adultos não se recorda das memórias da infância, mas, costumamos guardar e nos surpreender com muitos flashes durante a vida. São emoções que ficam no subconsciente, protegido como um valoroso cofre. É preciso entender que o fato de não lembrar está ligado a nossa capacidade lingüística, que na infância não é suficiente. Então, nossas memórias não estão nas palavras, mas sim nas sensações dos acontecimentos.
É perfeitamente possível lembrar-se de fatos ocorridos na infância. O poder da mente é incrível! É preciso exercícios de motivação para que a memória seja visitada e investigada. Com toda certeza muitas boas lembranças poderão ser resgatadas.
Durante uma conversa com um amigo, ele me confidenciou que, não podendo trazer aqueles dias de volta, poderia se pudesse morrer e renascer, na expectativa de reviver todas as memórias. Segundo ele, de toda sua vida, a infância foi o que mais faz sentido. Dessa intrigante e cativante conversa surgiu a idéia de escrever esse artigo.
Os dias eram perfeitos! A escola, as tarefas, as brincadeiras. Tudo era perfeitamente sem compromisso, tudo de forma leve, sem maiores preocupações. A diversão era a prioridade e falava mais alto. O estresse era praticamente zero e tudo se resolvia após uma boa noite de descanso. O futuro? Isso era apenas um mero detalhe!
Os pais eram à base de tudo! O respeito era a palavra de ordem. A imagem deles superava medos e expectativas, ampliavam nossos sonhos e horizontes, nos mostrava o porto seguro para que pudéssemos ancorar. Suas imposições e determinações eram seguidas a risca, afinal de contas, eles eram os nossos heróis. Perdê-los era inimaginável, pareciam de toda forma imortais.
A infância foi sem sombra de dúvidas o melhor momento, em que aprendemos e convivemos com as coisas mais simples. Os castelos de areia que construímos, por vezes vêm à tona, nos cobrando e questionando: aonde foi parar tanta empatia? De certo, a inocência é o melhor dos mundos.