Tempo, uma dádiva de todo, não compreendida. Compositores, filósofos, poetas, cientistas ao longo da história tentam definir um conceito para o tempo, este rio que flui de maneira ininterrupta e continua, com uma dimensão cíclica, regido pelas nossas paixões e prioridades e, para os humanos, tem uma data de validade.
O tempo comporta uma parceria com a existência e com as mudanças resultantes de cada ação humana individual, desde pequenas escolhas, como hábitos alimentares, até as mais robustas, como a definição de um cônjuge. Ao longo destes movimentos alguns resultados não são tão favoráveis e deixam a bagagem da frustração.
Quantas pessoas conhecemos que temos a impressão que pararam no tempo? Seja na profissão que queriam exercer, no talento que não desenvolveu, no relacionamento que não prosperou ou no filho que não veio? O fato é que, as suas vidas parecem atadas a uma eterna espera, como se estivessem à margem do fluxo contínuo do tempo.
A medida que avançamos pela vida, deixamos pelo caminho pedaços arrancados pelas experiências e levamos connosco também resíduos que não nos pertencem. Ao longo da jornada, o sentimento de falta, de perda, algo que não sabemos ao certo denominar, fica latente e descolorem a cor das vitórias.
Seja um sonho de infância ou um projeto messiânico, independente do tamanho, o fato é que somos delapidados e moldados por momentos, pessoas, lugares que pode nos reduzir ao longo da jornada se não formos cuidadosos no cultivo da nossa essência e no fortalecimento do nosso propósito.
Convenhamos que a consciência rege as experiências, porém como nem sempre as nossas expectativas são atingidas, levamos connosco as marcas e cicatrizes deixadas e comprometemos as vivências futuras.
A confiança, dá lugar a insegurança, somos assolados pelo desânimo, culpa, desapontamento, impotência. Essas trocas costumam ser automatizadas pelo cérebro e os nossos caminhos neurais geram emoções pesadas, que por repetição ininterrupta, tornam-se cíclicos e a partir daqui, definem as regras do jogo.
Outros, mesmo ao atingir os objetivos, sentem-se esvaziados, moribundos e normalmente acrescentam metas mais audaciosas para continuar a ocupar a mente tão disposta a se manter ativa e responder obtusamente às necessidades criadas aleatoriamente pelo padrão.
Se a nossa mente permanece presa a velhos moldes, não será possível atingir resultados diferentes. Para quebrar o elo, é crucial sermos corajosos e renovarmos, conscientemente, o nosso compromisso com o crescimento pessoal. Seja seu aliado, lute pelas causas relevantes para o seu progresso.
Este acompanhante silencioso e finito chamado tempo é bem usado quando entendemos a necessidade de autoconhecimento e autenticidade. Aprender como os fracassos, pode ser eficaz, afinal a história está repleta de exemplos onde eles foram exímios professores de lições valiosas.
Ao dedicarmos tempo e atenção no que não funcionou, estudar os motivos do insucesso, garantimos aporte de ferramentas para fazer diferente na próxima oportunidade. Revisitar as nossas escolhas e as motivações por trás de cada decisão, é percebemos quem somos e o que verdadeiramente valorizamos.
Reconhecer as dinâmicas disfuncionais, liberar traumas e emoções reprimidas e praticar a autoaceitação é trazer clareza para nossa identidade. Quando agimos na evidência da nossa individualidade, evitamos que as máscaras sociais e os filtros distorcidos ocultem os desafios.
Uma rotina diária com persistência é meio caminho andado para atingir os objetivos. Quando traçamos metas e analisamos os prós e contras, alinhamos as “nuances” dos possíveis resultados e quando não atingidos podemos acionar os planos adicionais.
Não se deixe abater quando as coisas não correrem como planeado inicialmente. Compreender que o acaso é um dos fatores da equação é deixar portais abertos para possibilidades que ainda não vislumbramos.
Os medos e fobias podem surgir, mas a solução para superar é expor-se a eles de forma gradual e sistemática. Uma boa ferramenta é imaginar o pior cenário e traçar um segundo plano. Se este falhar, cabe-nos entender que mesmo ele sendo doloroso, podemos reconstruir.
Para integrar-se é necessário o autoconhecimento. Isso inclui refazer o “mindset” nas substituições de frases como “não vou conseguir”, “tudo é culpa minha”, “só serei feliz somente quando”, “isso não vai dar certo”, por afirmações como: “Eu faço o melhor que posso agora”, “perdoou-me e acolho o meu ser como sou”, “eu sou feliz apesar de” e “eu posso conquistar tudo que desejo”.
Existe uma frase do Antoine de Saint-Exupéry que fala da dinâmica que são as conexões ao longo da nossa jornada. Ele afirma: “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.
Reunir os nossos retalhos e costurar uma linda e colorida colcha com as nossas experiências é ascender a nossa alma a plenitude. Que seja este ato repleto da beleza da transitoriedade e que vivamos os momentos de forma única com aprendizado e crescimento pessoal no desfile da nossa melhor versão.