Perdoar é um ato divino e pode, e muito, ajudar no processo de não guardar ressentimentos que acabam atravancando o desenvolvimento pessoal, porque ficamos isolados pelos sentimentos amargos que nos assola. É preciso ir além e superar ressentimentos, mágoas e tudo que faz parte do passado; focar nas alegrias do presente. Perdoar não é esquecer, mas, sim, deixar de sofrer por algo do passado que nos fez mal, uma vez que, negando o perdão, a pendência nos prende ao passado.

Perdoar aos outros é sempre um desafio, porque muitas mágoas são grandes demais para darmos conta de aceitar aqueles que nos magoaram. Perdoar a todo e qualquer custo é essencial para a paz de espírito e para que possamos dar continuidade à nossa vida. Perdoar não é simplesmente aceitar que os outros façam o que queiram conosco e não tenhamos reação, mas, sim, mesmo quando tomamos decisões de excluir pessoas de nossas vidas, que não mantenhamos mágoas e mais mágoas daquela situação. Perdoar é valorizar o momento presente como mais importante do que o passado. Quem se fixa no passado acaba tendo uma vida muito triste porque as coisas do passado pesam mais sobre as situações do presente.

No livro “Minutos de Reflexão”, o autor reflete sobre a importância de perdoar a si mesmo como algo também essencial. Às vezes, mais difícil do que perdoar aos outros é perdoar a si mesmo. Quantas vezes teimamos em não aceitar ações que praticamos e ficamos nos martirizando, culpando-nos constantemente. Quando nos bloqueamos, quando não perdoamos a nós mesmos, ficamos focados em ideias negativas e esquecemos de cultivar nossos talentos.

Cultivar os talentos pessoais deve ser um imperativo para vencer o não se perdoar. Porque é necessário celebrar conquistas ao invés de focar os pontos negativos. Isso envolve um exercício de autoconhecimento. Somos convidados a nos autoconhecer para podermos conhecer aquilo de que necessitamos; sim, melhorar e conhecermos também os nossos pontos fortes, nossos potenciais para que possamos desenvolver ainda mais nossos talentos.

Nesse sentido, vemos também a importância de estimular nossos colegas de existência, aqueles que convivem conosco a se valorizarem cada vez mais, elogiando-os. O elogio é uma forma de reforço positivo na vida das pessoas com quem convivemos de modo mais próximo. Um elogio pode parecer algo simples, mas pode fazer toda a diferença na vida do outro naquele dia ao ouvir um determinado elogio.

Se o amor é um mandamento universal, entendido pelas manifestações de carinho em todas as culturas das mais diversas facetas, também o perdoar a si mesmo e aos outros é um imperativo das mais diversas religiões. Mágoa, ódio, rancor, quando represados, podem provocar tristeza, ansiedade, depressão.

Ressentimento induz a julgamentos muitas vezes errôneo em relação a situações que não correspondem a um resultado supostamente favorável, que acaba em decepções; inclusive o bullying que induz à síndrome do pânico e, em consequência, ao isolamento voluntário, ao afastamento das pessoas de convívio, à solidão. A comunicação pacífica é importante para um feedback e correção dos erros.

Somos convidados a nos comunicar de forma assertiva, mas, ao mesmo tempo, sem ofender aqueles com quem convivemos.

Enfim, conviver é uma arte e, no ofício dessa arte, uma das tarefas é o perdoar aos outros e si mesmos. Não podemos viver no passado, presos a mágoas e ressentimentos. Ser ressentido é viver do passado, e, quando vivemos de passado, perdemos o foco no tempo presente e sofremos o risco de perder grandes possibilidades e oportunidades. Perdoar é abrir-se para a prática do amor até as últimas consequências, em uma proposta de compreensão, empatia; dar novo significado à vida.

Ressignificar é o imperativo essencial para a vida pela prática do perdoar a si mesmo e aos outros.