No Brasil, os militares não são treinados para a guerra. Em vez disso, eles combatem incêndios florestais e ajudam durante enchentes e outras emergências. Presidente Lula diz que sugeriu às Forças Armadas que recrutas sejam treinados para combater queimadas1. Ele discursou durante uma reunião no Palácio do Planalto com ministros e chefes de poderes para discutir ações contra as queimadas florestais que assolam o país. Ele anunciou que sugeriu às Forças Armadas que os recrutas sejam treinados para combater queimadas e enfrentar desastres climáticos. O presidente afirmou que fez a sugestão sobre as Forças Armadas para o ministro da Defesa, José Múcio, e para o comandante do Exército, general Tomás Paiva. Lula também disse que Brasil não está 100% preparado para eventos extremos.

Além disso, os 70 mil recrutas que são convocados para as Forças Armadas todo ano não precisam ser preparados para a guerra, porque a gente não vai querer guerra. Essa meninada deve ser preparada para enfrentar a questão climática. O presidente destaca ainda que, com a ausência de conflitos bélicos, o foco dos recrutas poderia ser redirecionado para áreas essenciais. Isso inclui o combate a incêndios florestais e a gestão de desastres naturais, como enchentes e outras emergências relacionadas ao clima. Lula também ressaltou que a formação desses recrutas seria uma solução importante para ampliar a capacitação local nas prefeituras, fortalecendo as defesas contra os impactos das mudanças climáticas. As prefeituras poderão ter gente especializada nas suas cidades. Lula reforçou a importância de cada município contar com brigadas de defesa civil especializadas, com o objetivo de minimizar a dependência do governo federal em situações de crise. O combate aos problemas climáticos não deve ser responsabilidade exclusiva do governo federal, mas sim uma prioridade em todas as esferas de governo.

O presidente Lula e a ministra Marina Silva destacaram, em reunião no Prevfogo, suspeitas de ações criminosas nos incêndios que se intensificaram nos últimos dias no país. A Polícia Federal não conseguiu detectar nenhum incêndio causado por raios2. O estado de São Paulo registrou 2.191 focos de calor em 48 horas, que correspondem a cerca de 42% dos focos no estado em 2024. Ao todo, 46 municípios paulistas estão em alerta máximo para incêndios.

A ministra destacou que os esforços federais estão mobilizados para combater os incêndios e punir ações criminosas relacionadas ao uso do fogo. É preciso parar de atear fogo. Mesmo colocando tudo que está à disposição dos governos estaduais e municipais, dos esforços privados e do governo federal, se não parar de colocar fogo em um período de temperatura alta, baixa umidade relativa do ar e ventos que vão até 70 km/h, não há como conter o fogo. Ações criminosas serão punidas com todo o rigor que a lei oferece. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que 15 delegacias no interior paulista e a superintendência regional da PF no estado foram mobilizadas para as investigações. Destacou também que já foram abertos outros 29 inquéritos relacionados aos incêndios na Amazônia e no Pantanal.

Com a retomada da governança ambiental desde 2023, Ibama e ICMBio atuam com mais de 3 mil brigadistas no país, incluindo 1.468 na Amazônia, onde a mudança do clima intensifica a pior seca em pelo menos 40 anos3. Na quarta-feira (21/8), após reunião com governadores da região amazônica, o governo federal anunciou a criação de três bases interfederativas para aumentar a cooperação entre União e estados no combate aos incêndios no bioma. Os representantes federais e estaduais concordaram também em intensificar ações de fiscalização em regiões críticas nos eixos da BR-319, da BR-230 e da BR-163. As condições climáticas também anteciparam em dois meses a temporada de incêndios no Pantanal. Segundo boletim semanal da sala de situação criada em junho para coordenar as ações federais de prevenção e combate aos incêndios, há 959 profissionais do governo federal em campo na região, apoiados por 18 aeronaves. Em São Paulo, o governo federal apoia o combate e o monitoramento de áreas atingidas com seis aeronaves, entre elas um avião KC-390 com sistema para lançamento de água. Cerca de 400 militares atuam na região.

Lula indicou que participará da reunião da sala de situação, coordenada pela Casa Civil. Os governadores dos estados atingidos pelo fogo também serão convidados. Outras ações do governo federal para a prevenção e combate aos incêndios na Amazônia incluem a sanção em julho da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que será implementada em cooperação entre União, estados, municípios, sociedade civil e entidades privadas. A política proíbe o uso do fogo para desmatamento ou supressão da vegetação nativa, exceto quando há queima controlada dos resíduos de vegetação. Para práticas agropecuárias, o uso será permitido apenas em situações específicas, e os proprietários poderão ser responsabilizados em caso de incêndios. O governo federal também aprovou R$ 293 milhões em recursos do Fundo Amazônia para Corpos de Bombeiros dos estados amazônicos. Já o Programa União com Municípios, destinará R$ 780 milhões para ações de combate ao desmatamento e incêndios florestais em 70 municípios prioritários na Amazônia.

Em junho, no Dia Mundial do Meio Ambiente, o presidente Lula assinou pacto com governadores da Amazônia e do Pantanal para prevenção e controle dos incêndios. Entre outros pontos, a iniciativa busca reforçar a ação coordenada para prevenção, controle e manejo do fogo. Também determina a suspensão de autorizações de queima até o fim do período seco e durante épocas com previsão de ondas de calor.

O governo de Lula também está construindo alianças com outros países. As Forças Armadas realizam exercício conjunto com tropas chinesas e americanas em Goiás. Defesa Aérea & Naval numa operação que se chama Operação Formosa 20244. Tropas da Marinha, do Exército e da Força Aérea realizam um exercício operacional com mais de 3 mil militares e participação de tropas de dez países, entre eles China e Estados Unidos. A Operação Formosa começou no último dia 4 e vai até 17 de setembro em Formosa (GO). É a primeira vez que chineses e americanos estão do mesmo lado em uma operação militar no Brasil. Além dos 63 fuzileiros navais norte-americanos e dos 32 chineses, que participarão junto aos militares brasileiros dos treinamentos, participam como observadores militares da África do Sul, França, Itália, México, Nigéria, Paquistão e República do Congo.

Um dos objetivos do exercício é a troca de experiência entre os militares do Brasil e das nações participantes. A edição deste ano marca também a primeira vez que mulheres participam da operação como combatentes. A primeira turma de fuzileiras navais formou 144 militares em julho e, desse total, 76 estão participando da atividade. O objetivo é treinar os fuzileiros navais das guarnições do Rio de Janeiro, além de promover a integração entre as três forças de defesa nacional e compartilhar técnicas com militares das nações amigas.

O Brasil também realizou exercícios navais com EUA, Argentina, Peru e Chile5. O exercício multinacional Solidarex 2024 teve o seu ponto alto, considerado o Dia D. As Marinhas do Brasil, Colômbia, Equador, Estados Unidos, México e Peru realizaram um treinamento conjunto de operações anfíbias em resposta a um desastre natural (simulado) de grande escala. O desembarque do mar para terra de equipes especializadas em resgate e salvamento de vítimas afetadas em áreas urbanas ocorreu na praia de Miramar, na região de Ancón, litoral do Peru.

O Brasil continua a cooperar em muitas áreas com os EUA6. Eles têm objetivos comuns em ciência e tecnologia. Isso abrange desde a cooperação em atividades espaciais até a promoção de laços mais fortes entre as comunidades científicas dos EUA e do Brasil. Há uma ênfase especial na melhoria da saúde, abordando doenças tropicais e ameaças mundiais.

Embora possa haver tensão entre os EUA e a República Popular da China, o Brasil não deixa que isso o detenha. O governo de Lula é excelente em criar colaborações entre parceiros improváveis. Presidente Lula fez uma visita de Estado à China, durante a qual foram assinados vários acordos de cooperação bilateral7. Eles assinaram um Comunicado Conjunto sobre o Fortalecimento da Parceria China-Brasil e uma Declaração Conjunta Brasil-China sobre o Combate às Mudanças Climáticas. O aprofundamento da cooperação entre esses dois grandes países do Sul Global tem grande importância estratégica. Ele aprimorará a cooperação em proteção ambiental, melhores respostas às mudanças climáticas e desenvolvimento de uma economia de baixo carbono. Lula disse que devemos melhorar a vida das pessoas e distribuir riqueza. Isso se chama investimento.

Durante o programa G20, o presidente também abordou a presidência temporária do Brasil neste ano no G20, grupo das maiores economias do mundo. Lula explicou que o Brasil tem 3 objetivos: combate à fome, desigualdade e pobreza, mudar a representatividade na Organização das Nações Unidas (ONU) e mudar o sistema financeiro internacional. Sobre esse assunto, o Brasil vai defender que parte da dívida dos países com instituições financeiras internacionais, como Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, seja usada para investimentos em infraestrutura.

Assim, o Brasil continua trabalhando pela paz e prosperidade em todo o mundo, ao mesmo tempo em que tenta minimizar as consequências da crise climática global.

Notas

1 Gomes, P.H. & Rodrigues, P. Lula diz que sugeriu às Forças Armadas que recrutas sejam treinados para combater quemadas.G1 e TV Globo — Brasília, 17/09/2024.
2 BD de Queimadas. 2024..
3 Governo Federal e governadores da Amazônia discutem ações conjuntas de combate aos incêndios. 21/08/2024.
4 Padilha, L. Operação Formosa 2024 – Forças Armadas realizam exercício conjunto com tropas chinesas e americanas em Goiás. Defesa Aérea & Naval.
5 Brasil realiza exercícios navais com EUA, Argentina, Peru e Chile Agência Marinha de Notícias. Solidarex 2024.
6 U.S. Embassy & Consulates in Brazil. U.S.-Brazil Priority Areas of Cooperation. 2024.).
7 World Economic Forum. What's next for China and Brazil's cooperation on green value chains? Experts explain..