Já vivi tanto tempo, muitos e bons anos de vida, não tantos quanto você pensa, mas nem tão poucos quanto eu desejava. Enfim, sou bem vivido, tenho uma vida rica de experiências, família, amigos, parentes, coisas que realizei e estou realizando, entre muitas vivências que tive. Parece até que sei de tudo, que sou um sábio (posso até ser um, mas não daqueles de filme japonês), mas ainda tenho muito a aprender.

A vida vai ensinando coisas para a gente, basta que prestemos atenção ao que ela nos diz, e suas palavras silenciosas são ditas todos os dias lá dentro e até do lado de fora. Não há um dia em que a vida não nos ensine alguma coisa importante sobre nós, ou sobre os outros, ou sobre o mundo. Quem quiser ouvir, que ouça, e quem quiser aprender, que aprenda! É de graça, ou quase.

Viver é muito complicado, e não tem outro jeito. Fomos concebidos em uma noite de amor entre nossos pais e nove meses depois fomos postos no mundo. Saímos do conforto do ventre materno e logo encaramos as dificuldades da vida desconfortável que é essa no mundo real. É necessário aprender a se virar, andar, falar, escrever, ler e amar. Talvez esse seja o aprendizado mais difícil, pois é no amor que quebramos a cara muitas vezes na vida.

Aprender a amar, eu acho que nunca vamos aprender direito. Primeiro que para cada pessoa que perguntarmos, e pode sair pela rua perguntando, é de um jeito. Para uns, amar é aceitar o outro como ele é, para outros é olhar somente para si e ainda tem quem não acredita no amor. Pode! Claro, somos livres para acreditar naquilo que quisermos crer, e ninguém tem nada com isso!

Eu, que já aprendi tanta coisa, ainda sinto falta de aprender mais um caminhão de outras coisas. Mas ao mesmo tempo, desse caminhão de novidades desejado, tem coisas que não faço questão alguma de aprender. Uma delas é a matemática, isso não entra na minha cabeça de jeito nenhum. Sei o básico, se é que sei, e me basta. Outra coisa é o tal de passar roupa, nem o básico eu sei, e acho que quem inventou o tecido que amarrota não tinha muito o que fazer.

Mas há coisas que eu preciso aprender, ou aprimorar o conhecimento sobre. Uma delas é amar, mas, nessa altura da vida, já não encontro pessoas que possam me ensinar sobre o amor. Encontro quem vive o amor, sem preocupação, pois li em algum livro, ou na internet, que o amor é inerente a pessoas em particular. Acredito nisso, cada uma tem sua forma de amar, eu tenho a minha, meio distante, mas é a forma que tenho. Sou cobrado de vez em quando, mas como mudar?

Das coisas que ainda preciso aprender, nem todas são importantes. Outras ainda não aconteceram, mas quando acontecerem, tenho dúvida se vou me interessar em aprender, assim como não aprendi direito a mexer no celular, que para mim é bicho de um milhão de cabeças, todas me mordendo ferozmente. Sou básico, não utilizo nem metade da capacidade do meu telefone e acho que nunca vou utilizar mais que isso. Para o que eu uso, está ótimo.

Aprendi a escrever sozinho. Eu era fascinado por aprender as letras. Minha mãe me deu uma força quando viu meu esforço e adiantou o processo. Entrei para a escola já sabendo ler e escrever, mas, como meus colegas não sabiam, eu fingia que não sabia também. Sei lá, talvez por espírito de companheirismo, ou por burrice mesmo. Vai entender uma criança de seis anos querendo atenção...

Mas este artigo é sobre o que ainda devo aprender no resto da vida e não sobre o que já aprendi e como aprendi o que aprendi até agora. Aprender nunca é demais, sendo que não aprender nada, ou não ter essa disposição, é sempre de menos. Acrescentar conhecimentos à vida é fascinante. Sou daqueles que perguntam quase tudo, porque tem aquelas perguntas que não cabem ser feitas. Sou curioso, me meto a fazer algumas coisas mesmo sem saber. Às vezes dá certo e outras não, mas...

Todo dia eu deixo que a vida me ensine alguma coisa. Me disponho até a levar uns safanões dela. Eles podem ser meio doloridos na hora, mas depois fazem o efeito desejado. Nem sempre aprendemos pelo amor. Decidimos, quase sempre inconscientemente, por aprender pela dor. Então, que assim seja! Desde que seja um novo aprendizado que vai nos abrir caminhos depois, tudo bem, é válido.

Ainda não aprendi a viver sem meus pais. Acho que isso ninguém aprende, apenas vou levando a minha vida sempre recorrendo a algum aprendizado que eles me deixaram, pela dor, as palmadas, chineladas e afins, que no meu caso foram muitas, ou pelo amor, através dos exemplos que nos deram e dos papos que levamos. No meu caso, tive a oportunidade de conversar muito tanto com meu pai quanto com minha mãe. As palmadas que levei foram dadas com amor, claro.

Também não aprendi a sofrer. Isso eu acho que vou colocar no rol das coisas que não quero aprender. Imagina aprender a sofrer quando é muito melhor aprender a ser feliz. Aí sim me esforço para aprender, mas é complicado. Apesar de parecer fácil, dizem que é simplesmente ser grato pelo que tem. Sou, mas vez ou outra me dá uma tristeza que não sei de onde vem... Há casos em que nos obrigam a ser feliz o tempo todo. Aí vem as postagens da internet, lá só tem gente feliz e bem resolvida. Ah, tá!

Bom, preciso aprender a não criticar quem fica o tempo todo postando mensagem de otimismo, mesmo sabendo que a pessoa não é tão otimista. Mas fazer o quê se é assim na rede? É preciso relevar e nunca julgar. Eu tento, juro, mas ainda não sou um monge. Tenho milhares de defeitos, reconheço todos eles, mas livrar-me desse peso é a parte complicada da vida.

Enquanto isso, sigo aprendendo. Aprendo a ser melhor todo dia, nem que seja um pouquinho melhor. Mas como medir o que estou melhorando? Não tenho ideia, nenhuma. Mas sinto que estou conseguindo quando me controlo em algumas situações. Um dia dá certo, no outro não. É assim o aprendizado, oscilante. Tem coisas que aprendemos com facilidade, outras parecem que precisam de mais tempo e esforço. Daí precisamos de disposição... A vida, pacientemente, segue ensinando...