Comeu demais no Natal, ou qualquer festividade, e agora? Vamos ficar dois dias sem comer? Quem nunca pensou assim? Já nos é tão familiar imaginar e fazer isso. Muitas pessoas, e me incluo nisso, costumam já planejar as festas previamente pensando na dieta pós-festividade.

Mas você sabia que essa é uma das piores estratégias? Cada organismo é único, claro. Mas, no geral, seu cérebro reptiliano vai pensar mais ou menos assim: uau, estávamos em abundância total de comida e agora chegou o inverno? A escassez. Ela está em perigo, então vamos guardar toda a gordura e energia possível, para manter esse corpo vivo e funcionando.

Entendeu? Vai piorar muito o cenário do ponto de vista fisiológico. A melhor opção é voltar à sua rotina saudável alimentar, aumentar a ingestão de água e investir na sua atividade física. Sem esquecer de cuidar da mente e das emoções.

Vou contar o que aconteceu comigo por quase toda a minha vida. Eu me sentia culpada, fraca. Pensava: perdi para a comida, vou ganhar de quem? O meu processo de despertar aconteceu na menopausa. Quando comecei a estudar e ganhar conhecimento sobre saúde e bem-estar. Fiz a formação de treinadora de saúde e uma pós em neurociência.

Demorei um tempo de reflexão para entender que não é sobre isso, sobre lutar e perder. Não é, nem mesmo, sobre competir: perder ou ganhar de alguém. Mas, é sobre dominar meu reptiliano e fazer a gestão das minhas emoções. Isso não é competição, é autogestão e autorregulação das minhas emoções. O nosso grande superpoder.

Mas, é Natal não é mesmo?! Pense sobre uma espécie de crença coletiva que diz que é Natal, tudo bem. Você deve comer e sim tem que ser toda aquela comida bem afetiva e calórica que fazemos para a tal famosa ceia da noite em que deveríamos celebrar o nascimento de Cristo e estamos apenas pensando em Papai Noel. Presentes, árvores de Natal, peru, rabanadas e tantas outras guloseimas.

Ouvi de alguém que respeito a inteligência, inclusive, que: "apenas sociopatas emagrecem no Natal. Até moradores de rua engordam no Natal." O que isso diz sobre nós enquanto sociedade? Nós precisamos do Natal para compartilhar alimento com os que não têm?

Juntei a isso os argumentos da minha mãe que diz: as comidas de Natal são tradições muito importantes de família. Com isso, ela quer dizer que está tudo bem ter comida em níveis absurdos na ceia. Muita, mas quando digo muita, é muita de verdade, tanto em quantidade, quanto em variedade. Depois de vários dias que ninguém mais aguenta comer a mesma coisa, aí sim ela distribui para moradores de rua. Tão impressionante e revoltante essa prática de compartilhar o que nos sobra com o outro.

No meu ponto de vista, isso é um comportamento disfuncional em vários níveis. Desde, é preciso ser Natal para que se compartilhe comida com moradores de rua, a Natal é comida e muita comida! Porque precisamos ter tanta comida? Para que comer tanto?

Para mim é urgente que repensemos esses conceitos. É fundamental despertar e criar o Natal do alimentar o espírito, a alma e o coração. Não é possível que a comida seja, junto do Papai Noel, o significado do Natal. Natal não é isso!

Precisamos urgentemente, enquanto sociedade, repensarmos e recriarmos o significado dessa época do ano tão mágica. Para que possamos sim, manifestar um Natal de leveza para que ele seja pleno o ano inteiro. Um Natal de compartilhamento de todo tipo de comida que nos alimenta o corpo, a alma, a mente e o coração! O mundo está carecendo de saúde em todos os níveis, mas em nível mental e emocional especialmente.

Que possamos começar hoje mesmo a alimentar um novo Natal dentro do coração de cada um de nós. Repleto de amor e esperança de um mundo muito melhor.