Apesar de hoje em dia o azeite de oliva ser amplamente conhecido no Mediterrâneo, a planta da oliveira tem origem na Ásia Menor. Logo após, espalhou-se pelo Ocidente e, em seguida, por toda a Bacia do Mediterrâneo, graças aos Fenícios e gregos. O clima e a fertilidade da terra proporcionaram uma melhor difusão do cultivo da planta.
Hipócrates de Coo (460 a.C.), o pai da medicina ocidental, foi provavelmente um dos primeiros médicos que se tem registro a entender as virtudes terapêuticas da utilização do azeite de oliva em sua medicina. No entanto, foi Dioscorides Pedani (Século I d.C.), médico naturalista grego, que dedicou parte de seus escritos em nível científico ao estudo dos benefícios associados ao seu possível uso.
Em 1492, quase 200 anos depois de o azeite de oliva se tornar um dos principais produtos da cultura na Bacia do Mediterrâneo, os exploradores espanhóis trouxeram a árvore para as Américas. Por volta de 1600, já se observavam olivais na Argentina, Chile, México e Peru, e onde mais tarde se conheceria como a Califórnia. A oliveira também contou com sua expansão para territórios nas Índias Ocidentais e outras regiões distantes do seu local de origem, como África do Sul, Austrália, Japão e China.
Na história da Bíblia, a importância da oliveira é destacada ao fim do dilúvio, simbolizada através do voo de uma pomba branca com um ramo da planta em seu bico. Já na Grécia antiga, os atletas vencedores das competições esportivas recebiam uma coroa de ramos de oliveira entrelaçados e uma ampola com seu óleo.
Existem mais de 30 espécies diferentes dessa árvore, chamada pelos botânicos de Olea Europaea L. Na bacia mediterrânea, derivam de duas fontes únicas: o "oleum", originário dos povoados do mar Egeu, que passou do grego ao latim como "olea", e do hebraico "zait" ou "sait", que passou para o árabe como "zaitum". Para os italianos, é chamado de "oliva"; os espanhóis dizem "olivo" ou "olivera"; na Andaluzia, "aceituno" (para oliveira cultivada) e "azebruche" (para as selvagens); em Portugal, a cultivada é chamada de "oliveira" e a selvagem, de "zambugueiro".
O azeite de oliva é produzido a partir da azeitona, fruto advindo das oliveiras, que pertence à família das oleáceas. A oliveira é uma árvore de porte médio, com cerca de 6 metros de altura. Sua folha é estreita e tem cerca de 3 a 9 cm de comprimento, verde escura na parte superior e verdes acinzentadas ou esbranquiçadas na parte inferior. O tronco é contorcido, a casca grossa e os ramos relativamente delgados. As flores são brancas e aromáticas, formando pequenos cachos. Os frutos são constituídos por um caroço, que apresenta a semente, e uma camada externa carnuda. O fruto possui alto teor de óleo, do qual é extraído em lagares, obtendo-se assim o azeite de oliva.
A colheita das olivas é tradicionalmente feita de forma manual, para que somente seja colhido o fruto em perfeito ponto de maturação. Assim como as uvas colhidas para a produção de vinho, as olivas também dependem de boas condições climáticas, qualidade do solo e do cultivo para uma maturação perfeita. No Brasil, a floração das oliveiras ocorre entre os meses de julho a outubro, e a colheita é feita entre o final do mês de janeiro até o início de abril.
No Brasil, o Rio Grande do Sul corresponde a 80% da produção de azeite de oliva no país, resultando em uma safra em 2022/2023 de 580 mil litros de azeite. Dentre os selecionados 500 melhores azeites do mundo, segundo o guia Flos Olei 2024, doze deles possuem rótulo nacional. No entanto, apesar da crescente produção e excelente qualidade, ainda cerca de 90% do azeite consumido no Brasil possui rótulo europeu. Na esfera mundial, a Espanha lidera o ranking como o maior produtor de azeite de oliva, sendo responsável por 70% do consumo na União Europeia e 45% do restante do mundo.
O azeite de oliva, além de ser importante para a economia mundial, é um produto que apresenta diversos nutrientes e vitaminas. Com sua administração correta, torna-se um ótimo aliado à saúde. Entretanto, para que esse poderoso líquido traga os resultados desejados, deve ser conservado corretamente, longe da presença de luz e calor, pois com a oxidação, o produto pode perder suas propriedades.
Historicamente, a folha da oliveira era utilizada como remédio popular para combater a febre e outras enfermidades, como a malária. Algumas publicações mostram que o extrato da folha de oliveira tem a capacidade de reduzir a pressão sanguínea, aumentar o fluxo do sangue nas artérias coronárias, melhorar arritmias e prevenir espasmos dos músculos intestinais.
O azeite de oliva apresenta diversas propriedades nutricionais benéficas para a saúde, tais como:
- Ácidos graxos que têm ação antioxidante e auxiliam no sistema circulatório, aumentando os níveis de colesterol bom (HDL) e reduzindo os níveis do colesterol ruim (LDL). Na prática, previnem a formação de placas de gordura, responsáveis por doenças cardíacas.
- Ajuda no aumento da imunidade. O consumo diário melhora o sistema de defesa do corpo. A vitamina E e polifenóis presentes evitam o envelhecimento das células e contribuem para o processo de desintoxicação do organismo.
- Os polifenóis estão relacionados com a prevenção e reversão de déficits de memória causados pelo avanço da idade ou por doenças degenerativas como Alzheimer, mal de Parkinson e demência.
- A presença de gorduras monoinsaturadas é importante para o controle da sensibilidade à insulina, prevenindo assim a diabetes e mantendo a estabilidade da glicemia.
- Os antioxidantes, como os actinídeos, o tirosol e os ácidos fenilpropiônicos, combatem os danos causados pelos radicais livres no DNA da célula, atuando diretamente contra a formação de células cancerígenas.
- Reduzem inflamações que causam dores no corpo, incluindo as articulações. O consumo combate as toxinas e proporciona efeitos analgésicos, além de fortalecer o efeito de medicamentos.
- As gorduras insaturadas ajudam na construção muscular. Já as gorduras monoinsaturadas atuam na recuperação do músculo após os exercícios, auxiliando no ganho de massa magra.
- Fonte de vitamina K, o azeite de oliva fortalece os ossos e os torna mais resistentes contra fraturas. A presença de cálcio também é um componente imprescindível para a formação de ossos e dentes.
- Contribui para a limpeza do fígado, e os ácidos graxos monoinsaturados têm ação anti-inflamatória.
- O consumo diário aumenta a saciedade, facilitando a digestão, indicado para quem quer ou precisa diminuir a alimentação.
- Combate bactérias presentes no organismo. Segundo estudos, a ingestão diária de 30g elimina a Helicobacter pylori, bactéria que se encontra no estômago e é responsável pela aparição de úlceras.
Os benefícios do azeite de oliva se estendem também à estética, podendo ser usado na pele, unhas e cabelos. O consumo oral acelera os resultados, pois o organismo absorve os nutrientes e os distribui para o fortalecimento das células da pele.
Entretanto, é importante ficar atento à forma como o produto é consumido. Profissionais da saúde indicam a ingestão moderada, não ultrapassando 30g por dia. Prefira consumir o azeite de forma natural em saladas, legumes, carnes, peixes ou aves. Outra opção é substituir em receitas de torradas, pães e sanduíches. Procure escolher o melhor produto na hora da compra e conservá-lo corretamente para não perder suas propriedades, mantendo-o longe da exposição solar e do calor do cozimento, para que assim você possa desfrutar do azeite de oliva com sabor, aroma e qualidade.