Precisamos falar de um modelo de gestão no futebol que vem dado muito resultado nos anos recentes de clubes de médio porte, tais como o Brighton, Brentford e mais recentemente o Girona, que vem disputando o título com o Real Madrid.
Baseado no Moneyball, que teve como origem no baseball que virou um filme estrelado por Brad Pitty, virou tendência no futebol, que é o planejamento baseado em dados, captando atletas, muita das vezes jovens, desconhecidos mas com grande potencial, pagando barato para adquiri-los e depois revendo por muito mais que comprou, podendo chegar 10x ou até mais em relação ao valor pago. O sistema de scouts, departamento de futebol, estrutura geral do time, gestão do clube, estão aliados para melhores resultados, e são de fundamental importância, mas do que de fato gastar horrores e se tornou uma forma de clubes com menores rendas disputarem em alto nível.
Nesse texto, o enfoque será o Brighton, e como esse clube fora do Big Six vem sendo pedra no sapato dos gigantes, e como é incrível o trabalho que vem sendo desenvolvido para médio/longo prazo, mas que já vem colhendo frutos e pode ser considerado um sucesso.
O Brighton, na temporada passada em uma campanha histórica garantiu a classificação para a Liga Europa. Em 2023 foi a primeira vez que o time participou de uma competição europeia em toda a sua história.
E vale destacar a importância da análise de mercado em clube de futebol e falar sobre o scout da equipe, que foi responsável em ajudar na montagem deste elenco vitorioso e dar destaque para os membros sul-americanos.
Com a saída de Graham Potter, o time foi certeiro na escolha de seu novo técnico, o italiano Roberto De Zerbi, que vinha de um bons trabalhos a frente de Sassuolo e Shakhtar Donetsk, seu estilo de jogo casou perfeitamente com a filosofia da equipe, e hoje é o principal responsável pelo funcionamento da engrenagem do time dentro das quatros linhas.
Na temporada passada, entre os pilares da equipe, 4 eram sustentados por sul-americanos e uma jóia em ascensão. Primeiro começar pela jóia da equipe, que manteve o bom nível na atual temporada, e vem tendo boas apresentações ao entrar na equipe, o paraguaio, Júlio Enciso de apenas 19 anos, atacante de boa qualidade técnica e com uma grande margem para evolução. O jogador chegou ao Brighton proveniente do Libertad por 11,6M €.
No meio campo, o maestro da equipe se tratatava do argentino campeão mundial, Alexis Mac Allister, camisa 10 do time, é o jogador que ditava o ritmo do jogo e coordenava o setor de criação. O argentino chegou por 8M €, vindo do Argentino Juniors, e nessa temporada foi vendido ao Liverpool por 42M €.
O principal homem de marcação, tratava-se do equatoriano Moisés Caicedo, com uma boa média de interceptações e desarmes por jogo, era responsável por destruir as jogadas adversária e iniciar a criação do seu time, com boa saída de bola. O jovem de apenas 22 anos, veio do Independiente Del Valle, por somente 5M € e foi vendido ao Chelsea por 116M €, tornando-se o jogador mais caro da história da Premier League. O Brighton lucrou mais que 20x o valor pago pelo atleta
Por último, mas não menos importante, a válvula de escape do time pela esquerda, o também equatoriano, Pervis Estupiñán. Um lateral esquerdo bastante incisivo, é um ponto forte da equipe pelo lado, onde é criado grandes chances para a equipe. Ele chegou por 17,80M € do Villarreal, para substituir Cucurella, que foi vendido para o Chelsea por 65,30M €, ou seja a reposição custou aos cofres do Brighton menos de ⅓ do valor, e certamente o torcedor não sente falta do seu antecessor.
E o reinvestimento inteligente é um dos pontos fortes desse estilo de gestão e é o motivo para que os clubes se mantenham atuando em alto nível.
No caso do Brighton, na atual temporada o clube já contava com jogadores que já faziam parte da equipe na temporada passada e vem crescendo de produção e se tornando referência na equipe, como o caso do Kaoru Mitoma e Pascal Gross. Mas o clube soube utilizar o dinheiro arrecadado com as vendas, onde só com Caicedo e Mac Allister foram mais de 150 M €. O principal nome contratado foi o atacante brasileiro João Pedro, de 21 anos, vindo do Warford por 34,20M € e já vem rendendo no clube, atualmente ele é o artilheiro da Europa League com 6 gols e vem demonstrando seu talento e o seu teto de evolução ainda vai ser muito bem explorado pela equipe.
Carlos Baleba é outro jovem com muito potencial adquirido pelo clube, volante marfinense de apenas 19 anos foi comprado por 27M €. Outros jogadores comprados pelo clube são o goleiro holandês Bart Verbruggen, que tem 20 anos vindo do Anderlecht por 20M €, o zagueiro brasileiro Igor, de 25 anos, chegando da Fiorentina por 16,15M € e o ponta romeno de apenas 18 anos, Adrian Mazilu, contratado do Farul Constata, por somente 3M €. Além deles, o clube contratou de graça o Mohamed Dahoud após sair do Borussia Dortmund e James Milner após não renovar com o Liverpool. O clube contratou o Ansu Fati, por empréstimo do Barcelona.
Vimos que dos jogadores adquiridos pelo Brighton, entre os cincos, apenas 1 ultrapassa os 21 anos de idade. Na aquisição desses atletas o clube gastou 100,35M € bem menos que o valor recebido por apenas a venda.de dois jogadores, Mac Allister e Moisés Caicedo, que ultrapassou os 150M €.
Diante disso, o clube reestruturou a equipe com jovens talentosos podendo contribuir com retorno técnico e poder de revenda. E o clube ainda manteve o balanço financeiro positivo.
Vale salientar que o clube conta com outros nomes que são prospectos do time, como o argentino Facundo Buonanotte de 18 anos, o irlandês também de 19 anos, Evan Ferguson que vem tendo uma grande evolução na atual temporada, e outro jovem talentoso, o Simon Adingra, de 19 anos, que retornou após seu empréstimo ao Union Gilloise.
E o projeto segue dando frutos, e o Brighton segue fazendo boas campanhas, disputando na parte de cima da tabela da Premier League e classificado em primeiro lugar do seu grupo para a fase 16 avos da Europa League.
Esse texto visa destacar o modelo de gestão e o processo de montagem de elenco da equipe, com um dorsal que pode durar anos, ou seja, presente e futuro. Vale muito destacar a importância do departamento de scout para desempenhar esse papel no suporte à direção da equipe. E como temos grandes talentos espalhados na América do Sul, e com visão para estar à frente no mercado, aproveitando melhor custo-benefício.