A temática ambiental começou a fazer parte do quotidiano das pessoas, a partir de 1960, levando à ruptura do “mito da abundância” criado pelo modelo capitalista e também do socialista. Dando agora início à transição para um modelo caracterizado pela incerteza. As questões ambientais foram-se propagando na agenda política internacional na década de 1960 e 1970, impulsionando assim grandes conferências ambientais, como a conferência de Estocolmo (Suécia,1972) que se tornou num grande-marco na área do meio ambiente e da discussão sobre alternativas mais sustentáveis, que até então não eram colocadas em cima da mesa.
Na década de 1970, a problemática do meio ambiente passou da escala regional para a escala global, convertendo-se como uma situação que dia após dia estaria a agravar-se. No ano de 1980, alguns eventos revelaram a inevitabilidade da ambientalização na agenda internacional, como, por exemplo, o desastre nas instalações da fábrica de pesticidas norte-americana Union Carbbide, em 1984, na cidade de Bhopal (Índia), que afetou mais de quinhentas mil pessoas e que colocou em discussão a transferência das fases de produção industrial mais perigosas para países em desenvolvimento. O também caso do acidente nuclear em Chernobyl (Ucrânia) em 1986, veio evidenciar a periculosidade da energia nuclear, assim como da propagação de gases a nível regional e transfronteiriço, que vieram demonstrar a debilidade real da URSS. A partir deste frágil e inexplicável acontecimento, a questão ambiental passou a ser um tema de estudo para as Relações Internacionais.
No que toca à literatura, o pensamento ecológico já conta com uma vasta interpretação de diferentes tradições filosóficas. A ecologia no seu sentido literal, é o “estudo da casa”, e o pensamento ecológico dedica-se a refletir sobre esta “casa”, isto é, o habitat natural dos seres vivos. O seu principal objetivo é o de descrever os mecanismos de conexão entre os organismos e o seu muito mais amplo ambiente imediato. Assim, o pensamento ecológico depende de um entendimento científico do equilíbrio e interdependência naturais, que pode ser expresso no conceito de ecossistema.
O ecologismo tem como objetivo estudar quais são as causas que levam à degradação do habitat natural, procurando consequentemente medidas prescritivas para a sua reversão. Como um pensamento social, ele está concentrado no ser humano e nas suas instituições, articulando visões de mundo, defendendo códigos éticos expressos, em parte, em prescrições políticas e económicas que visam o fim da degradação ambiental.
É claro que as diversas visões não agradam a todos e foi-se revelando a enorme divergência entre os países desenvolvidos e os países emergentes, sendo que o primeiro grupo de países defendia a excessiva industrialização como fonte da sua riqueza, justificando que esta garantiria níveis mínimos de qualidade de vida para as suas populações. O segundo grupo, defendia a redução dessa mesma industrialização pois este era o principal fator que levaria à degradação ambiental e do impacto socioeconómico nas populações e da sua qualidade de vida.
No que toca à parte prática de todas estas reflexões, ficou nítido um ligeiro avanço neste caminho sem fim à vista e um dos avanços dados, foi a concretização real dos protocolos assinados e que visam a proteção do meio ambiente, como é o caso dos protocolos de Quioto e de Montreal, cujo conteúdo é sempre importante de relembrar a toda a sociedade civil. O Protocolo de Quioto, assinado em 1997 e entrando em vigor em 2005, propõe aos países-membros, principalmente os players que lideram a cena internacional, uma redução da emissão de gases de efeito estufa em pelo menos, 5,2%.
Já o Protocolo de Montreal (1987), propõe a regulação da produção e o respetivo consumo de produtos causadores da destruição da camada de ozono, entre eles os CFCs que foram, pela primeira vez, debatidos na Convenção de Viena em 1985, onde 197 países ratificaram o Protocolo de Montreal.
De notar que os valores de emissão em cada país não são homogéneos, mas a meu ver, o debate deve gerar em torno do escrutínio público, que este sim deve ser feito, de forma a permitir que haja um conhecimento do cumprimento ou não das políticas acordadas, tendo de significar sempre mais do que o que está estipulado no protocolo per si.
Através deste artigo, procuro trazer para a discussão pública, aquele que é um problema estrutural de todos nós e de todas as nações. A cooperação deve ser sinónimo de progresso e a diplomacia deve ser instrumento para contrariar as pretensões daqueles que aspiram controlar a maior parte dos recursos naturais e por conseguinte, o poder mundial.
A verdade é que ainda há muito para ser feito e deve haver decisores políticos dispostos a lutar por isso e capazes de enfrentar cada dificuldade, pois enquanto persistirem todos estes riscos, é preciso que haja políticas reais para problemas reais e que sejam incisivas e imediatas para responder aos anseios diários de uma geração.
Se dermos as mãos hoje, o amanhã virá com mais esperança por um mundo melhor.