A palavra coragem vem do latim coraticum que, por sua vez, quer dizer coração (cor) e ação (aticum). Ou seja: Coragem quer dizer “agir com o coração”. Sabe àquelas vezes em que você pensa em desistir de algo, mas vem uma voz interna e te impulsiona a ir em frente? Pois é, isto é agir com o coração. Sem deixar que o racional, ou no caso, o medo, te paralise. Muitas vezes, inclusive, confunde-se coragem como sendo o oposto do medo. Mas, na verdade eles não são opostos, eles são companheiros, pois a coragem só aparece quando o medo existe, com a função de desafiá-lo. Como disse Nelson Mandela: a coragem é o triunfo sobre o medo.
A coragem não é um sentimento, uma emoção, é uma escolha. É algo que pode e deve ser cultivado dentro de nós. Contudo, muitas vezes acreditamos que é algo nato, ou seja, ou nascemos com ela, ou não. Mas, este pensamento é fruto das nossas crenças, da forma como fomos criados, dos nossos traumas, e por aí vai. Cada pessoa tem uma história de vida diferente e única e são suas experiências e vivências que criam seu arquivo individual de autoproteção. Esquivar-se de agir quando o medo aparece pode estar ligado a este sentimento profundo de autopreservação.
O medo também está atrelado a necessidade do ser-humano em pertencer. Segundo a escritora americana best-seller Brené Brown, autora de A Coragem de ser você mesmo, é comum as pessoas terem medo de sentirem-se fracas, vulneráveis e solitárias. E é este medo que as impede de serem elas mesmas. Por medo de não pertencerem à determinados grupos e deixarem transparecer suas vulnerabilidades e suas imperfeições, elas simplesmente passam a vida vivendo em função do que esperam delas, deixando de lado suas próprias necessidades e desejos.
Mas aí, eu te pergunto, vale à pena se deixar dominar por todas estas questões, abstraindo-se de sermos quem nós verdadeiramente somos, para que o sentimento de segurança prevaleça? Sua resposta pode ser sim, ou não, e ainda vir acompanhada de milhões de motivos que a justifiquem. Mas, acredito eu, que a vida pede coragem!
Imagine como teria sido sua vida se você tivesse tido coragem de desafiar seus pais quando lhe disseram que cursar tal universidade ou seguir tal profissão era o melhor para você, ou quando desaprovaram àquele seu namoro de adolescência ou seus planos de mudar de cidade? Ou, então, quando você deixou de viver aquela experiência incrível por conta do seu medo de voar de avião, ou quem sabe de expressar sua opinião, por medo de falar em público? Ou, ainda, de seguir por um novo caminho profissional, uma vez que o atual já não fazia sentido?
São inúmeras as situações onde o medo aparece e manter-se na nossa zona de conforto deixando-o vencer pode ser mais fácil, mais seguro, mais confortável. Contudo, como as coisas seriam se tivéssemos ousado enfrentá-lo? Se tivéssemos superado aquela sensação paralisante que nos impedia de agir? Desenvolver a coragem não é uma tarefa fácil, mas é possível. E só depende de nós.
Busque fazer um rápido exercício mental naquelas horas em que o medo aparecer, imaginando as coisas boas que podem acontecer se você o enfrentar, se decidir agir ao invés de dar-lhe espaço, deixando-o crescer. E, pouco a pouco, ouse fazer diferente!
Comece dando pequenos passos. Você não precisa chegar amanhã no trabalho e pedir demissão porque não aguenta mais estar naquele lugar, fazendo aquelas coisas. Mas, aos poucos pode começar a avaliar o que mais você gostaria de fazer, quais capacidades você precisa desenvolver para chegar onde gostaria e, então, começar a dar pequenos passos nesta direção, dia após dia. Durante este processo, você desenvolverá sua atenção seletiva, mergulhará em um novo mundo, conhecerá pessoas e começará a enxergar possibilidades que antes pareciam não existir. A coragem pode começar a ser praticada nas pequenas atitudes.
Em outras ocasiões, o enfrentamento do medo exigirá ação imediata. Ou você decide agir naquele exato momento ou um minuto depois, a oportunidade passou. E isto acontece na vida de todos. Esteja atento e arrisque-se a enfrentá-lo! As consequências podem te surpreender. Agora, lembre-se de ser gentil com você mesmo. Não se cobre demais se não conseguir da próxima vez, mas não desista de continuar tentando. Porque quando você conseguir sair da sua zona de conforto e deixá-lo para trás o sentimento de superação será indescritível. E, mais do que isso, os benefícios para sua vida tendem a ser libertadores.
Assim como uma criança tem medo de dar os primeiros passos e precisa de um adulto na qual confie para dar-lhe a mão, apoiá-la e encorajá-la, talvez você também precise de apoio e suporte para vencer determinadas situações, e isso é completamente natural. Quando sentir esta necessidade cerque-se de pessoas que te querem bem, que te inspiram, compartilhe seus medos, ouça o que elas têm a dizer. Falar o que teme, já é uma forma de expurgar àquilo que te limita. Permita-se perceber que muitas vezes o medo cresce dentro de nós, mas quando o expomos para o mundo ele pode se tornar muito menor.
A grande beleza de desenvolvermos a coragem está em descobrir que quando ela passa a fazer parte da nossa vida, o mundo se abre para nós. Novos caminhos e possibilidades surgem, nossa autoconfiança aumenta, nos permitimos sonhar e, também, realizar muito mais. Vamos nos redescobrindo e ao mesmo tempo descobrindo o quanto a vida pode ser incrível.
E, repensando agora o título acima, eu diria: a vida que desejamos pede coragem. O que você deseja?