O Aprendiz de feiticeiro (em alemão: Der Zauberlehrling) é o título de um poema de Johann Wolfgang von Goethe, escrito em 1797.
O poema começa com um velho feiticeiro saindo de sua oficina deixando seu aprendiz com tarefas a realizar. Cansado de limpar o chão, o aprendiz encanta o esfregão para que este trabalhe sozinho - usando magia que ele ainda não domina. A oficina fica logo está encharcada, e o aprendiz dá-se conta que não é capaz de parar o esfregão.
Não sabendo como controlar o utensílio encantado, o aprendiz parte o esfregão em duas partes, com o auxílio de um machado, mas cada uma das partes se transforma em um novo esfregão que continua a espalhar a água. Quando tudo parece estar perdido, o velho feiticeiro regressa e rapidamente quebra o feitiço, salvando o dia.
O poema termina com a fala do velho feiticeiro:
Espíritos poderosos devem ser convocados apenas pelos mestres que os dominam.
Existem muitas maneiras de fazer a viagem da pedra bruta ao diamante, de aprender a lição da humildade! De procurar a verdade, de querer a justiça, de amar incondicionalmente e fraternalmente o Outro! Mas, talvez, a mais eficaz, passe por desaprender alguns hábitos e rotinas profanas, como ouvir pouco e falar muito, julgar sem parar, sem se colocar no lugar do Outro... Se repararem, já é a segunda vez que emprego a palavra Outro, e não é por acaso… é que o Outro é tão importante como o Eu e ajuda na re-descoberta do Eu, do Mim Próprio! Como?
Atribuindo significado aos rituais, apropriando-se dos símbolos, paulatinamente, caminhando do Norte para Oriente, onde a luz nos chama… escutando a voz do silêncio e descobrindo melodias internas no nosso labirinto… aceitando e compreendendo as contradições, as dualidades e a fertilidade de cada uma das bagas da grande Romã, do grande Amor...
O aprendiz tem que aprender que a solidariedade é um meio de aperfeiçoamento. A fraternidade é um meio de aperfeiçoamento. O comportamento tolerante é um meio de aperfeiçoamento.
O importante está dentro de si. Tudo o que é exterior, incluindo a riqueza, posição social, reconhecimento dos demais, só tem valor na medida em que se repercuta positivamente no interior de cada um.
O aprendiz vai, em silêncio, conhecer e aprender o significado de muitos símbolos do quotidiano. Vai aprender a escutar… a ver para além do olhar... Vai, em silêncio, assistir a debates e verificar como se podem debater opiniões contrárias de modo civilizado, profícuo e satisfatório. Mas vai, sempre com o auxílio do silêncio, que há-de vir a compreender que não foi uma imposição, antes um benefício, sobretudo surpreender, apreender e compreender que, o primeiro grande passo para se aperfeiçoar, a primeira ferramenta para descortinar o significado da Vida e da sua existência, é conhecer-se a si.
Esse conhecimento de si adquire-se lentamente, às vezes dolorosamente, sempre buscando persistentemente, apenas em diálogo consigo mesmo.
Na realidade, o silêncio do aprendiz mais não é do que um ensurdecedor diálogo consigo próprio, uma discussão que o que tem de bom trava com o que tem de mau, uma conversa com a criança que nos esquecemos de ser, com o adulto ponderado que, às vezes, deixamos para trás de nós próprios, com o experiente e sabedor ser que, de qualquer forma, o decurso do tempo mostrará que existe em nós, nós é que, muitas vezes, não damos por ele e não nos damos ao trabalho de inquirir se ele existe.
É no silêncio que o aprendiz vai amaciando as asperezas da pedra bruta que é ele próprio, que vai deixando o vazio da Lua, com que nasce, para se entregar à consciência brilhante do Sol!
Mesmo escrito em 1797, o poema de Goethe nunca perdeu sua atualidade. Seja na medida que nos adverte sobre a impaciência e a vaidade do aprendiz — que são, na verdade, os seus maiores inimigos.
Note-se o impulso da prepotência tão comum ao ser humano que o leva a realizar gestos impensados e com consequências não menos que desastrosas.
Basta que a posse de um pouco de conhecimento lhe confira a sensação ilusória de domínio... Todavia, quando o aprendiz se arroga detentor de todo o poder, passa a ser vítima de sua arrogância e de sua presunção.
É fácil de perceber que tal parábola se aplica tanto a pessoas quanto a nações!