A representatividade de mulheres negras na indústria do entretenimento tem ganhado destaque significativo nos últimos anos, refletindo mudanças sociais e culturais importantes. Uma figura central nesse movimento é Cynthia Onyedinmanasu Chinasaokwu Erivo, cujo talento multifacetado abrange o cinema, a moda e a música. Sua presença e sucesso nesses setores não apenas desafiam estereótipos, mas também inspiram uma nova geração de artistas e espectadores.
Nascida em 8 de janeiro de 1987, em Londres, filha de pais nigerianos, Cynthia Erivo destacou-se inicialmente no teatro. Sua performance como Celie na produção da Broadway de A Cor Púrpura (2015-2017) rendeu-lhe um Tony Award de Melhor Atriz em Musical, além de um Grammy pelo álbum da trilha sonora.
A transição para o cinema ocorreu com papéis de destaque em filmes como As Viúvas (2018) e Maus Momentos no Hotel Royale (2018). No entanto, foi sua interpretação de Harriet Tubman no filme Harriet (2019) que consolidou sua posição em Hollywood, resultando em indicações ao Oscar de Melhor Atriz e Melhor Canção Original por Stand Up. Mais recentemente foi indicada ao Oscar de melhor atriz por sua atuação como Elphaba em Wicked(2024). Sobre o papel, afirmou:
Nunca realmente falei sobre isso antes. Nunca falei de verdade sobre o quão difícil minha jornada foi. Acho que sou simplesmente muito grata, e você aprende a olhar para o lado positivo. Aprender o que eu precisava significou que pude aprender o que precisava no teatro, e aprender o que aprendi no teatro significou que eu sabia o que fazer na Broadway, e isso me preparou para a TV e o cinema.
Além de suas realizações no cinema e no teatro, Erivo é reconhecida por seu estilo distinto na moda, frequentemente presente em eventos de alto perfil, como o Met Gala. Sua influência estende-se à música, com performances poderosas que evidenciam sua versatilidade artística.
Representatividade de mulheres negras nas produções da Disney
A trajetória da representatividade de mulheres negras nas produções da Disney reflete a evolução da sociedade e da indústria do entretenimento. Historicamente, os estúdios Disney foram criticados pela falta de diversidade racial e pela perpetuação de estereótipos.
Início e evolução
Nos primeiros anos, as personagens femininas negras eram praticamente inexistentes ou relegadas a papéis secundários e estereotipados. Foi somente em 2009 que a Disney apresentou sua primeira princesa negra, Tiana, no filme A Princesa e o Sapo. Ambientado em Nova Orleans, o filme destaca a cultura afro-americana e marcou um passo significativo em direção à inclusão.
A introdução de Tiana foi um marco, mas também suscitou debates sobre a representação e os desafios enfrentados por personagens negros em narrativas tradicionais. Apesar de ser uma princesa, Tiana passa grande parte do filme transformada em sapo, o que levou a discussões sobre a necessidade de representações mais robustas e positivas.
Avanços recentes
Nos últimos anos, a Disney tem feito esforços para aumentar a diversidade e a representatividade em suas produções. Filmes como Pantera Negra (2018), embora parte do universo Marvel, sob a égide da Disney, destacam-se por seu elenco predominantemente negro e por celebrarem a cultura africana.
Além disso, a série Black-ish, disponível no Disney+, aborda questões raciais e culturais de forma humorística e educativa, contribuindo para a visibilidade de famílias negras na mídia.
Também é importante mencionar a nova versão de A Pequena Sereia, com a atriz e cantora negra Halle Bailey no papel de Ariel. Essa escolha gerou debates, mas representa um passo importante na reimaginação de clássicos com maior diversidade.
Impacto e importância
A presença de mulheres negras em papéis de destaque nas produções da Disney tem um impacto profundo na sociedade. Ela oferece modelos positivos para crianças e jovens negros, reforçando a ideia de que podem aspirar a qualquer posição ou sonho. Além disso, promove a empatia e a compreensão entre diferentes grupos étnicos, educando o público sobre a importância da diversidade e da inclusão.
Outras obras de destaque
Além das produções da Disney, filmes como Estrelas Além do Tempo (2016) desempenham um papel crucial na mudança de narrativas sobre mulheres negras. O filme conta a história real de Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, matemáticas afro-americanas que foram fundamentais para o sucesso das primeiras missões espaciais da NASA. Essas representações deslocam mulheres negras de papéis subservientes para posições de protagonismo e reconhecimento por suas contribuições essenciais à humanidade.
A importância da representatividade
A representatividade na mídia e no entretenimento é vital por várias razões:
Validação de identidade: ver pessoas semelhantes a si mesmas em posições de destaque valida a identidade e as experiências de indivíduos de grupos marginalizados.
Inspiração e aspiração: modelos positivos incentivam jovens a perseguirem seus sonhos, mostrando que o sucesso é possível independentemente de raça ou gênero.
Educação e empatia: expor o público a diversas culturas e experiências promove a empatia, reduzindo preconceitos e estereótipos.
Justiça social: a inclusão na mídia reflete um compromisso com a justiça social, reconhecendo e valorizando a diversidade da sociedade.
A representatividade de mulheres negras no entretenimento, exemplificada por figuras como Cynthia Erivo e pelas evoluções nas produções da Disney, desempenha um papel crucial na construção de uma sociedade mais inclusiva e equitativa. Ao celebrar e promover a diversidade, a indústria do entretenimento não apenas reflete as real.
Referências
Adoro Cinema. Cynthia Erivo: Biografia e carreira.
Disney Brasil. Black-ish e outros conteúdos do Disney+ sobre representatividade negra.
Disney Brasil. Consciência Negra: Por que o filme "A Princesa e o Sapo" marcou a história da Disney.
Disney Brasil. Representatividade negra e união: Os pontos fortes do coletivo T'Challa.
ONU Brasil. Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024).
ONU Brasil. ONU lança segunda Década Internacional para Afrodescendentes.