20 anos depois e o que era só mais um filme clichê adolescente se torna um clássico e, com isso, uma nova versão repaginada.

Meninas Malvadas é um filme de 2004 conta a história de Cady Heron (Lindsay Lohan), uma adolescente que foi criada na África por seus pais e por isso educada em casa, quando voltam aos Estados Unidos, Cady agora com dezesseis anos vai pela primeira vez a escola e aí que começa a trama.

Conhecemos então Regina George, a abelha rainha, (Rachel McAdamns) Gretchen Wieners (Lacey Chabert) e Karen Smith (Amanda Seyfried) “as poderosas”, as garotas mais populares da escola. Começamos então a adentrar nas relações colegiais pelos olhos e pele de Cady que antes mesmo de entrar no grupinho conhece Janis e Damian (os esquisitões) e eles bolam o plano em que a novata irá vigiar a Regina pra acabarem com essa hierarquia. Após uma breve conversa no refeitório é, então, convidada a entrar no grupo de Regina.

Inspirada pela leitura do livro Queen Bees & Wannabes (2002) que traz como discussão as relações das garotas na adolescência, a atriz e roteirista Tina Fey — que também faz o papel da professora de matemática — ficou responsável pela elaboração e criação do enredo do filme.

Burn Book — O livro do arraso

O filme em si explora diversos temas juvenis, como os grupos nos colegiais, os mais populares, os atores, os estudiosos e tantos outros. O que fazemos por aceitação naquele meio social, como a moda é ditada, a aceitação e busca pelo corpo ideal, vemos muito isso na Regina que começa o filme tentando perder peso para o baile, ainda assim uma das formas de sabotagem feita pela Cady é dar barras que a fariam engordar, as meninas sendo a mais popular ou não possuem essa pressão com a imagem.

Apesar de inseguranças e ser ela a abelha rainha que dita as regras do grupo, Regina é a personagem que mais traz debates, a insegurança com o corpo, a sexualização juvenil e o casamento fracassado dos pais, mesmo tendo a casa dos sonhos, nos faz questionar esses tópicos. O ponto alto do filme é o Livro do Arraso criado pelas Poderosas, onde contém todos os possíveis “segredos” e “ofensas” sobre os outros alunos, e aí temos o bullying na sua versão mais comum na adolescência.

“Às quartas usamos rosa”

As patricinhas mais amadas entre minhas amigas e eu, crescemos vendo o filme durante inúmeras tardes. Mesmo com muitas regrinhas e como o nome sugere malvadas, tínhamos vontade em participar do grupo das poderosas, sabemos que cabelo preso somente uma vez por semana, calças só às sextas-feiras, não podem usar brincos de argola (coisa só da Regina), e a mais famosa “às quartas usamos rosa”.

Meninas malvadas é uma comédia adolescente que mesmo trazendo muitos assuntos típicos e na mesma medida temas importantes, conseguiu reunir a leveza do entretenimento cômico com o debate de maneira inteligente. Tornando-se desta forma o sucesso que é, sendo 20 anos depois transformada em um clássico dos anos 2000.

Eu cresci vendo o filme e sabemos que no dia 3 de outubro foi o dia em que Cady se dá conta que quebraria outra regra: trocar palavras com Aaron Samuels o ex-namorado da Regina (ex- namorados de amigas são proibidos). “No dia 3 de outubro ele me perguntou que dia era, eu disse: 3 de outubro.”. Dia 3 de Outubro vira, então, o dia das Meninas Malvadas.

De acordo com Megan Garber, da revista The Atlantic, ao comentar sobre o impacto da obra:

Mean Girls tornou-se um êxito instantâneo, pelo que se converteu em um clássico cult dos anos 2000 e em um dos filmes mais emblemáticos de todos os tempos.

Mean Girls, tal qual um típico filme sobre o colegial, apropriou-se de todos os elementos desse gênero de filme para si. E, como um atípico filme sobre colegial, não o fez somente em benefício à narrativa, mas também à Sociologia [...] combina conteúdo informacional e conteúdos sociais e emocionais. E, sendo uma sócio-sátira, [...] consegue ser vazio e rico simultaneamente.

A nova versão foi lançada nos cinemas no dia 12 de janeiro de 2024 e vem dando o que falar.

Tem como a base e plano de fundo o filme de 2004, mas é de fato inspirado na versão do musical da Broadway que estreou em 2017, que foi baseado no filme original. Podemos acompanhar as Poderosas numa nova roupagem, com roteiro novamente assinado pela Tina Fey, temos desta vez uma versão comédia musical.

Nos papeis temos Reneé Rap como (Regina George), Angourie Rice (Cady Heron), Bebe Woods (Gretchen Wieners) e Avantika como (Karen Smith). O que é válido ressaltar que apesar de novos discursos midiáticos e necessários serem criados, esperávamos que algumas “atitudes polêmicas” do primeiro tivessem sido jogadas pra fora, como a rivalidade feminina em tempo de pautas sobre empoderamento sororidade.

Entretanto apesar de ter sido repaginado em alguns pontos como as redes sociais e um jogo com o público, trazem aquele toque musical, mas a essência segue fiel ao do primeiro. Afinal um remake nunca é de fato original, certo? Como disse, eu sou completamente uma cria do filme original e a Rachel como Regina assim como Lindsay de Cady são únicas, mas posso afirmar que na nova versão as atrizes fazem seus trabalhos com maestria e ainda dão seu toque pessoal.

Meninas malvadas é um clássico que se torna atemporal e, por isso, é a aposta de sucesso!