A liberdade é o valor central para a ética, na medida em que só somos responsáveis por ações em que podemos exercer o direito de decisão. Quando não temos opção de escolha, não nos restam alternativas. Escolher é uma atitude importante, do ponto de vista ético, porque, pelo exercício da liberdade, conferimos à própria trajetória a responsabilidade pelas opções em uma escolha.
O filósofo Sartre afirma que somos condenados à liberdade da escolha. Nesse contexto, mesmo quando optamos por não escolher, já estamos arbitrando por uma escolha. A escolha nos faz responsáveis pelo nosso projeto de vida.
Pensar em um projeto de vida é entender que somos responsáveis pelas nossas escolhas. Somos da mesma matéria dos nossos sonhos e somos convidados a ter ideais nobres e grandiosos, superando visões medíocres de buscar objetivos pequenos e pouco ousados.
Como águias, somos convidados a voar alto e buscarmos as montanhas para, de lá, termos uma visão mais ampla da existência. A liberdade abre espaço para pensarmos sobre os condicionamentos da vida que não nos deixam escolhas. Há muitos obstáculos intransponíveis que nos tolhem a liberdade, não podemos mudá-las, mas podemos ressignificá-las.
A liberdade gera angústia, uma vez que, ao escolher, estamos assumindo a responsabilidade por tais atos. Antes de culpar terceiros pelo que aconteceu conosco, que saibamos assumir a responsabilidade pelas opções que tomamos. Afinal, não importa o que fizeram conosco, mas a forma como trabalhamos o que fizeram conosco.
Desenvolver um projeto de vida é pensar também nas nossas qualidades, nossos talentos e buscar usá-los da maneira mais plena possível. Todos temos talentos e, quando focamos em tais habilidades, podemos contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional. Não podemos enterrar nossos talentos, é preciso frutificá-los a serviço da sociedade em perspectiva de participação cidadã.
Somos convidados a potencializar o crescimento pessoal em prol de atitudes solidárias para com os outros. Nesse momento, lembramo-nos da importância de atitudes empáticas em que nos colocamos no lugar do outro. Ser empático é justamente valorizar a relevância de não sermos indiferentes ao outro.
Retornando ao tema específico da liberdade, ela envolve também o pleno conhecimento da opção que está sendo realizada, bem como o pleno consentimento, sem esses elementos, a liberdade fica como que viciada. Ser livre é aproveitar todas as situações que a vida nos oferece e fazer valer nosso direito de escolha.
Ser livre constitui-se de opções diante daquilo que pode ser mudado em prol da nossa felicidade, conceito por vezes mercantilizado que acaba assumindo uma visão muito consumista. Pensar na felicidade em visão materialista acaba por reduzir aquilo que somos ao que consumimos, como se o poder de comprar garantisse o que somos. Não há uma resposta definitiva para a felicidade, é um conceito subjetivo e depende dos valores que assumimos como verdadeiros para nossa vida.
Sócrates foi um filósofo que nos ajuda a pensar no sentido da própria vida, na medida em que ele afirmava que uma vida que não é examinada não merece ser vivida. Nesse particular, somos convidados a pensar e a refletir sobre a questão de que a reflexão é fundamental para darmos sentido à vida.
O sentido da vida é sempre uma dimensão subjetiva da existência em que somos convidados a procurar uma razão para viver. Quem tem uma razão para viver torna sua vida mais leve e mais significativa. Nesse sentido, é significativo que procuremos encontrar um por quê viver que dê sentido mais significativo à nossa vida.
Aristóteles convida-nos a refletir sobre a importância da excelência na nossa vida para darmos sentido a ela. A vida, segundo Aristóteles, contribui para que possamos buscar a excelência em que tudo aquilo que viermos a realizar, a excelência para Aristóteles significa evitar extremismos; quando evitamos os extremos estamos contribuindo para a excelência que se concretizam no exercício da mediania ponderada.
Enfim, a liberdade é uma opção a ser vivenciada no dia a dia. Todos somos convidados a praticar a liberdade buscando concretizar em nossa vida uma dinâmica de assumirmos a responsabilidade pelo nosso futuro. Antes de culpar outros pelos nossos fracassos, que possamos assumir a responsabilidade pela nossa vida. Podemos parafrasear a obra O Pequeno Príncipe: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. As nossas escolhas diárias determinam aquilo que seremos no futuro, sempre buscando realizar em nossa vida nossos sonhos e nossas metas pessoais.
A nossa felicidade é da mesma matéria dos nossos sonhos e não basta sonhar, é necessário tomar decisões e buscar atingir metas que tornem nossos sonhos realidade. Planejar a nossa vida é importante para termos metas a curto, médio e longo prazo e assim constantemente podermos estar reavaliando nossas escolhas e encaminhamentos que formos dando para nossa existência. É ainda importante destacar que nossa liberdade termina quando começa a do outro, isso é uma máxima muito conhecida, mas que somos convidados a praticá-la em nossa vida, procurando enaltecer o respeito como um princípio ético fundamental para respeitarmos a liberdade do outro e sermos também respeitados.