O que é a universidade e cultura? Assistimos atualmente ao debate da universidade como agente cultural, na formação da pessoa, de ser capaz de tornar um aluno (estudante) enriquecedor de cariz cultural e científico, com valores da cultura universitários, éticos, evolutivos de políticas públicas e culturais, com o lugar da cultura nas universidades. Devemos em Portugal ao plano nacional das artes este incremento da cultura na universidade, desafiando-nos no meio, o seu percurso, o seu papel de afirmar e refletir os modelos de ensino aprendizagem do sentido cultural da universidade, pensar a cultura com a universidade, é diferente de a pensar noutra instituição, a relevância do conhecimento, da qualificação do estudante, todavia para dar contexto no mercado de trabalho, ou seja, no emprego.

"A sede do conhecimento inútil", palavras proferidas pelo Sr. Secretário de Estado do Ensino Superior. A inutilidade do conhecimento que temos dentro da universidade, será que daremos o seu bom uso? E qual ou quais o(s) fruto(s) que iremos colher? Na caminhada e ao longo dos três anos de graduação em Ciências da Cultura, na minha perspectiva podemos tentar fazer cultura na universidade com a interação da comunidade, e ter a capacidade de repensar o mundo, a universidade e a cultura intrinsecamente ligadas.

A dada altura da meditação falou-se em utopia mercantil para o mercado de trabalho, o compromisso utópico com a realidade, a universidade não é uma mera fabricação de mão de obra, quer na dimensão de ensino e formação permanente, nesta linha de pensamento creio que as pessoas têm ou devem estar constantemente com visão angular e manter-se atualizadas.

A universidade tem ou deve se reconhecer como uma instituição cultural? Bem… na produção de conhecimento, na aplicação de políticas e apontando várias razões... Para desenvolver a dinâmica cultural e articular eixos culturais, para ampliar as conexões com a sociedade, integradora, na universidade pública e gratuita, para estimular o desenvolvimento da sociedade, não permitindo a sua redução socialmente, ambiental, politicamente, entre outros. Para o desenvolvimento do indivíduo para a sociedade e de cada processo que eleva a si ou a cabo dentro da instituição universitária. Quais são as premissas?

A liberdade cultural, os alicerces culturais com pluralidade e autoridade, cultura e diversidade, a guerra cultural epistemológica e na dúvida aliada à curiosidade com diálogos de interculturalidade, e é intrinsecamente ligada à universidade e cultura, não à sua abstinência formal ou informal. No meu ponto de vista a universidade não pode ser uma instituição de mera formação, temos de lutar e instigar sobre a demanda “barbárie” as que chegam até nós.

Da ideia que temos nas mãos a barbárie que se repita, e será que a universidade juntamente com a cultura tem a capacidade de aniquilar a barbárie? Julgo que estará incutido na política cultural, na democratização, a democracia da cultura parece estar toda num poder legítimo, contudo isso tem de acontecer quando é partilhada ou há partilha de poder democrático à cultura, ao acesso, à utilização, à utilidade, para criar estruturas temos de pensá-las, escrevê-las, desenvolve-las, ensaia-las, e quando reunirmos um conjunto de apetrechos justificativos, inclusivos e conclusivos, iremos por em prática diria eu, no exímio cuidado com o conflito cultural, sem promover o ódio e a violência, digamos separar o trigo do joio.

A cultura é transversal, e a universidade congrega todo um conjunto de missões, aspetos, paideias, cidadanias, contudo suscitou que cultura é a palavra mais difícil de definir, segundo um autor, para mim cultura é definida por todos nós, não são os artistas que a determinam, nem os políticos. Entretanto no relance para a demarcação surgiram várias discussões sobre mais ou menos este tema, “O que é que a universidade quer para si a nível cultural? Falta-lhe ainda essa culturalidade?”.

Encontrando uma via, das demais possíveis pensadas e faladas, a internacionalização é uma importante riqueza cultural para a comunidade académica, sendo difícil a sua integração, mas que aos poucos irá constituir-se como contribuição ao passo que cada aluno/estudante, ingresse num curso superior de ensino universitário em Portugal. O impacto dos estudantes estrangeiros, nomeadamente os estudantes brasileiros, que de um certo modo trazem comportamentos, atitudes, formas de estar e ver o mundo digamos assim, que a diversidade e culturalidade de cada pessoa, país, região, língua, entre outro(a)s, nos enriquecem culturalmente.

Na discussão no debate sobre Universidade e Cultura, o acesso à cultura para pobres e ricos, na minha opinião o acesso à cultura pode e deve ser sim um veículo da mais alta gama tanto como da baixa gama diria assim, isto é, seja pobre ou rico cada pessoa tem o poder de fazer cultura, seja ela cara ou barata, gratuita ou paga. Em trânsito e na universidade dos Açores, alguns estudantes já chegam à universidade com algum know how, e que promovem a cultura dentro da universidade com a integração em tunas fazendo a sua divulgação para o exterior e além ilhas, para Portugal continental.

A cultura também tem de ser estimulada através da educação, neste âmbito abordámos a ansiedade dos públicos, ao passarem por uma exposição e terem receio de visitar ou hesitar em questionar... não terá ou haverá problema algum perguntarem predispondo publicamente esse público, que estratégias serão adotadas para combater este problema de públicos e formar públicos para a cultura.

A formação de públicos, caberá à universidade tentar zelar por essa formação? A universidade é um exemplo de formação de públicos? É, e tem como missão formar públicos culturais, mas há entraves e falhas para comentar esse público, por isso procuramos desafios que tentem cumprir minimamente essa mesma missão, com a criação de corredores culturais da universidade, e a capacidade de se projetar no seu território, cultura é mais do que o que se produz, é tudo o que se produz ou sob forma de estado ainda por produzir, o valor do património como elementos culturais e a importância da cultura para as pessoas, por conseguinte a mobilização da própria academia no seu contexto para a causa cultural, noutro domínio académico, não vale de nada a educação, se um professor não estiver educado, neste sentido existem ou podem existir formações em várias universidades para tentar colmatar esta premissa, no que diz respeito à mobilidade da universidade, quais são as pessoas que estão mobilizadas para levar a cultura fora das portas da academia, docentes, discentes e ou investigadores.

Serão as pessoas ou alunos de cultura? Serão as pessoas de outras áreas? Serão as pessoas da área da ciência? No meu ponto de vista, nós alunos de ciências da cultura, temos esse dever, e quase como obrigação estabelecer essas pontes e diálogos com o exterior. A nível de projetos como mapeamentos e programações culturais, os alunos terão de estar desde o início empenhados para se mobilizarem no contexto e no cerne do projeto, isto é, desde o início ou antes do início, porque alguns alunos tendem ou podem começar a perder motivação e andarem a “meio gás” durante e nos percursos nos trabalhos.

Contributos da antropologia para a cultura, diria que se faz um desafio e um percurso na antropologia cultural a nível do seu conceito antropológico de cultura, integra as artes, os modos, tradições, costumes, a cultura é fluida e formada por cada um de nós, que nos fez de alguma forma dando potência criativa à nossa entrada na universidade, e à cultura. Olhemos para a fricção antropológica da cultura, as suas ferramentas e as experiências técnico táticas que nos ajudam a tentar perceber o que é cultura, nos eixos estratégicos sobre atividade cultural.

Em algumas instituições universitárias existem espetáculos artísticos, estéticos, ópera, teatro, música, concertos de Natal solidários, performances entre outros, bem como o tema da inclusão de comunidades minoritárias e com projetos de exclusão social. Posto isto apraz-me dizer que a universidade é uma instituição de poder e assim sendo vamos chamar a brasa para a cultura, dentro de uma instituição de poder discentes e docentes podem encontrar muros ou não?

Este debate permitiu criar laços e pontes culturais entre pensamentos, instituições, ideias, discussões estas que ao nível da cultura, existem cursos que já existiram e outros que estarão para existir, como por exemplo o curso de Ciências Histórico Filosóficas, que na minha opinião pessoal poderia ser o nome do meu curso, pois bem numa altura em que ninguém tinha falado em língua surgiu a língua como cultura, a importância da língua na cultura. Falou-se à medida que o debate ia dando os seus contributos, na balbúrdia cultural, eu a pensar o que será isto?

A cultura como um produto universitário, prática académica, nas escolhas que faz neste sentido conseguem ser conceitos opostos, a universidade também é produtora de cultura claro está, como forma de resistência e resiliência cultural, capaz de fazer e apetrechar o estudante, e tornar e formar sujeitos com críticas, sujeitos pensadores, com teorias bem argumentadas digamos assim, e neste sentido, para mim a universidade tem desafios culturais muito desafiadores.

As manifestações artísticas, as responsabilidades dos alunos, a lecionação do corpo docente é uma importante relevância cultural, campos culturais e de outras áreas afins, mas claro que é preciso estabelecer pontes e diálogos culturais. Terminando já neste fase exausto de encontro, refletindo e pensando de que nós e a cultura não precisamos de justificar a nossa existência, cada pessoa é um produtor de “cultura” nas mais diferentes componentes que abarca, a universidade será assim uma etapa de tantas outras com a missão cultural de incutir culturas nas mais diferentes formas se as tiver ou ser capaz de a manifestar.