Com a evolução da onda das manifestações em Moçambique como consequência da contestação dos resultados das recentes eleições de 09 de outubro de 2024, que produziram resultados fraudulentos de forma gigantesca fazendo com que a onda de insatisfação crescesse a cada dia, é que a pouco e pouco fomos desaguando nessa crise pós-eleitoral que tem gerado muita violência e vandalismo contra bens públicos e privados.

O Estado Moçambicano minimizou estas manifestações mesmo sabendo da fraca formação e ineficiência da policia que tem, não fez o seu TPC para controlar estas manifestações que estão ceifando vidas humanas e causando danos a economia e vandalismo contra bens públicos e privados. Está se caminhando para o segundo mês das manifestações. Mas até então o conselho constitucional se quer publicou os ditos resultados eleitorais.

Enquanto isso a cada fase das manifestações a tensão cresce e vai causando danos irreparáveis a economia, bens e pessoas, a policia não tem capacidade para conter a fúria popular o que na maioria das vezes resulta em confronto directo entre policia e civis e o resultado é catastrófico e indescritível.

Os diferentes agentes económicos vêem seu investimento afundar com as constantes interrupções do fluxo económico, com o fecho das fronteiras e portos fazendo com que a economia fique paralisada e sendo um país que depende muito das importações a balança comercial pesa mais das perdas financeiras avultadas que nem com o tempo será possível recuperar, pois estas manifestações não mostram sinais de trégua.

É recorrente ver alguns manifestantes invadirem lojas e fazerem saques de alimentos e de outros bens que eles não dispõem em suas casas, algo para dizer que estamos diante de pessoas com carências extremas de recursos. A policia não consegue fazer face estes saques, pois em algum momento a própria policia é conotada como fazendo parte também de indivíduos que fazem saques nas lojas, visto que partilham os mesmos ideais de sofrimento e carência como o povo.

As manifestações estão fora do controlo das autoridades e a anarquia vai se fortalecendo a cada dia, pois, estão surgindo portagens clandestinas que resultam no bloqueio das vias de acesso e estradas e cobrança de valores de pedágio a quem por ali ousa em passar. São nacionais tirando proveito de nacionais que sofrem com o mesmo sistema instalado a mais de cinquenta anos que apregoa medo e terror nos seus cidadãos pela sua forma de governação.

Se isto não for acautelado estamos a caminho de uma possível xenofobia, a segurança pública esta comprometida com estas manifestações, ficou perigoso circular tanto a noite como de dia, a revolta popular trouxe à tona nestas manifestações o lado mais sombrio do ser humana, tirar a vida de outrem e saquear bens alheios esta ficando normalizado a cada dia gerando medo e pânico a todos, e questiona-se onde está Estado e sua função protetora. Estamos na fase de comprar a qualquer preço a protecção para nossa vida e bens se o Estado continuar ausente e indiferente sobre estas manifestações.

Este Estado criou durante estes 50 anos de governação monstros invisíveis no interior de cada cidadão que aqui habita. Denota-se um estado de fúria e liberdade extrema nos cidadãos que estão nas manifestações, e estas eleições foram o grande rastilho que faltava para este povo tacar fogo em tudo, e trazer ao de cima a podridão do Estado e suas fragilidades técnicas e psicológicas.

Os vizinhos de África estão indiferentes com Moçambique apenas dão palpites a distancia sobre a importância da paz e nenhuma solução concreta a vista.

Os europeus por seu lado demonstram um proteccionismo ao regime e deixam tudo nas mãos de Deus. A guerra se instalou e os horrores estão no seu rubro, a desordem tornou-se uma obra de arte por aqui. A policia vai fazendo das ordens superiores uma realidade atirando contra alvos civis indefesos, já não usam o gás lacrimogéneo, mas sim balas verdadeiras, estão ceifando vidas na maior tranquilidade de que nada vai lhes acontecer, as ordens superiores são mais importantes a vida do outro, a que níveis chegamos a vida tornou-se nada e tiram-na de qualquer jeito. Crianças voltando da escola viram sua vidas travadas por ordens superiores.

O conselho constitucional luta uma vez mais e a todo custo para validar eleições fraudulentas e salvar um regime decadente, a final qual é o papel real de um conselho constitucional em Estado direito e democrático. Viu-se manifestantes assaltarem esquadras e postos policiais e consigo levarem armas de fogo, o que será da segurança pública no futuro próximo, já que estas armas estão em mãos alheias no contexto de um país que assassinou a democracia faz tempo. O que será da segurança do cidadão comum ao se fazer a via pública a certas horas da noite, tendo em conta que muitas armas estão aí nas mãos de civis desconhecidos.