Qualquer pessoa que tenha experimentado o impacto da tecnologia na educação sabe o quanto as mudanças têm sido rápidas e profundas. E, se você que lê este texto está envolvido no ambiente escolar, já deve ter ouvido frases como: “A IA me ajudou a fazer meu trabalho mais rápido”, “Usei o ChatGPT para responder as questões”, “Consegui terminar tudo em minutos com ajuda da inteligência artificial”. Essas e tantas outras falas mostram o quanto o uso de IA está presente na vida dos estudantes.

Seriam esses alunos preguiçosos ou trapaceiros? Ou, pior, estaríamos caminhando para um futuro em que o esforço intelectual será substituído por respostas prontas? Arrisco-me a dizer que não é tão simples assim. O uso de IA para responder perguntas e trabalhos é uma realidade, e como educadores, precisamos entender esse fenômeno de maneira equilibrada. Por mais que soe provocativo, a tecnologia é uma ferramenta, e como qualquer outra, depende de como é utilizada. Pode ser um atalho ou um impulso para algo maior.

Agora sejamos realistas: copiar e colar uma resposta gerada por IA não faz um aluno aprender, mas também não significa que todo uso de IA seja algo negativo. Muitas vezes, essas ferramentas podem facilitar o entendimento de conceitos complexos ou oferecer novas perspectivas para o aprendizado. O grande desafio está em como os alunos utilizam essa tecnologia e, mais importante, como nós, professores, guiamos esse processo.

Dizem que o uso da tecnologia na educação é inevitável, e, de certa forma, isso é verdade. Como professor, lido diariamente com jovens que têm acesso a smartphones, aplicativos e IA de forma quase ilimitada. Eles me relatam com frequência que recorrem a essas tecnologias para “facilitar a vida”. Frases como: “Professor, usei a IA para entender melhor o assunto”, “Ela me ajudou a organizar minhas ideias” ou “Com a IA, consegui revisar mais rápido” são comuns.

Confesso que, quando esse assunto começou a aparecer, fiquei preocupado. Como garantir que os alunos realmente estão aprendendo? Estaria a inteligência artificial transformando a educação em uma experiência superficial?

Essas são reflexões que insisto em fazer, sem querer demonizar a tecnologia, mas com a responsabilidade de educar uma geração que convive com ferramentas poderosas e acessíveis.

Com um olhar mais atento sobre o tema, percebo que o papel da IA na educação pode ser tanto positivo quanto negativo, dependendo de como é encarado. Se os alunos utilizam a IA como suporte para expandir seu aprendizado, desenvolvem uma compreensão mais profunda dos temas e se tornam mais autônomos em seu processo de estudo, o impacto é positivo. Porém, se a tecnologia é usada como uma forma de evitar o esforço de pensar criticamente ou refletir sobre um assunto, aí surgem os problemas.

Como educadores, temos a responsabilidade de orientar esses jovens. Não podemos simplesmente proibir o uso de IA – ela está aqui para ficar. Mas podemos, sim, ensinar a utilizá-la de maneira ética e eficaz, mostrando a importância do pensamento crítico e da autoria no processo de aprendizado.

Em meio a essas reflexões sobre o uso de IA pelos alunos, torna-se evidente que a tecnologia, por si só, não é o problema. O verdadeiro desafio é como integrar essas ferramentas de forma que contribuam para o desenvolvimento do aluno, em vez de substituírem sua capacidade de pensar e criar.

Contudo, ao observar a perspectiva dos jovens que estão cada vez mais familiarizados com IA, surge um cenário mais amplo. Eles veem a tecnologia como uma aliada, mas muitas vezes precisam de orientação sobre como utilizá-la de forma responsável. Talvez a nova geração esteja nos mostrando que o papel do professor precisa evoluir – não apenas como transmissor de conhecimento, mas como um guia que ensina a navegar no vasto oceano de informações e ferramentas digitais disponíveis.

No final das contas, a chave está no equilíbrio: precisamos educar para que a IA seja vista como uma extensão do aprendizado, não como um substituto para ele. Cabe a nós, professores, ajudar os alunos a desenvolverem o discernimento necessário para usar essas tecnologias com sabedoria.

E você, já refletiu sobre como a IA pode transformar a educação, e de que maneira podemos preparar nossos alunos para lidar com esse novo cenário?