Pensar em felicidade é sempre pensar em algo muito subjetivo, muito amparado em pontuações relevantes daquilo que é mais importante para nós. Ninguém é feliz por ninguém, ninguém faz alguém feliz, somos felizes na medida em que nós mesmos somos. Ninguém é, em todos os momentos, também totalmente feliz. Fazem parte da existência momentos de frustração, momentos de superação. A autenticidade é o caminho oportuno para sermos sinceros conosco mesmos e buscarmos a felicidade que faz sentido para nós mesmos.

Ser feliz exige autoestima, porque precisamos nos acolher neste universo, por vezes tão cheio de cobranças, tão cheio de exigências. Cada um é convidado a construir seu projeto de vida, com suas metas, com seus sonhos, e lutar para que eles se concretizem. Não uma luta obsessiva, mas sim muito dedicada, e é necessário vibrar a cada conquista.

O filósofo Sartre nos ajuda a pensar na nossa liberdade. Para o filósofo, somos condenados a ser livres, só não podemos deixar de ser livres. Isso gera angústia diante da responsabilidade que temos no universo. É mais fácil atribuir ao destino, a seres diferentes de nós, o fracasso ou o sucesso daquilo que ocorre conosco do que chamar a responsabilidade para si mesmo. Evidentemente que essa liberdade sem limite nos traz enorme responsabilidade, porque, afinal, tudo é escolha.

Nesse contexto, somos convidados a nos perguntar quais são nossos valores? O que realmente é importante e faz sentido em nossa vida? É a partir dessa resposta que podemos fundamentar as bases para pensarmos sobre nossa felicidade. Há aqueles que dizem que a família é essencial em sua vida, mas que nem sempre a priorizam no cotidiano. É necessário pensar naquilo que é importante para nós e, ao mesmo tempo, que realmente valorizamos em nossa existência. Aquilo que é realmente fundamental e valioso em nossa vida.

Fico pensando às vezes que muitas pessoas sofrem por colocarem metas quase inatingíveis, metas que não têm condições de cumprir ou a muito custo. Daí deduzo que somos convidados a ser amigos de nós mesmos no sentido de buscar de todas as formas nos realizarmos enquanto pessoas, sem nos cobrarmos além do que somos capazes de fazer. É preciso pensar em metas possíveis de serem cumpridas, que não nos façam sofrer tanto para atingi-las, sem cair na mediocridade. Se pensarmos em como organizamos nosso tempo na contemporaneidade, veremos o quanto, por vezes, somos seres extremamente ocupados, sem tempo para nós mesmos, sem tempo para descanso, lazer e ociosidade.

O que refletimos neste artigo não são verdades, apenas reflexões das quais ficaremos felizes caso o leitor discorde, mas são provocações para suscitar novas formas de pensar. O ser humano parece não aceitar a morte a qualquer custo, tenta negociar com a dor do não ser; queremos, de alguma forma, dizer para nós mesmos que somos mortais, para isso, queremos parecer importantes nesta vida. Mas a morte é certa e, a partir disso, podemos pensar sobre o tema deste artigo: felicidade.

Se a morte é certa, por que nos comportamos, às vezes, tão ligados a bens materiais? Por que fazemos tanta questão de uma vida que exige demasiado de nós mesmos quando, na verdade, a vida é breve e também passaremos? Sim, a vida é breve, isso é fato objetivo, e cada um é o escritor da sua própria trajetória. Não permita que outros queiram ditar qual final você deve escrever para sua própria vida.

Por fim, a felicidade exige também uma boa dose de perdoar-se a si próprio. Sem nos perdoarmos a nós mesmos, teremos dificuldade em trilhar o caminho da felicidade. Que saibamos não cobrar de nós mesmos mais do que podemos oferecer; afinal, a felicidade depende do que cada um pensa sobre ela, sobre si mesmo e da escrita da sua própria trajetória.