Desde pequeno, eu tinha um único desejo ardente: crescer. Parecia que o mundo dos adultos era um reino encantado, repleto de liberdades, aventuras e sem a necessidade de obedecer a horários para dormir. Eu via meus pais e avós como gigantes que tinham todas as respostas, que sabiam como navegar pelas complexidades da vida com um sorriso. Minha avó sempre me contava histórias de sua juventude, aventuras vividas que pareciam tiradas de um livro de contos de fadas. Eu queria ser como ela, cheio de histórias para contar.

Meus amigos e eu passávamos os dias explorando os campos ao redor da nossa vizinhança, imaginando sermos heróis de mundos distantes. Tínhamos certeza de que, quando adultos, as aventuras seriam ainda mais grandiosas, mais reais. Não havia montanha alta demais ou rio largo demais em nossas imaginações. Mas entre essas aventuras e sonhos, havia momentos simples que agora, olhando para trás, percebo o quanto eram preciosos. Como as tardes preguiçosas de verão em que minha avó nos fazia biscoitos e contava histórias na varanda.

Crescer tornou-se minha obsessão. Eu contava os anos, os meses, os dias. Mas ninguém me avisou que com a idade não vinha apenas a liberdade, mas também responsabilidades, escolhas difíceis e a perda daquela inocência que fazia tudo parecer possível. A adulteração chegou com seu peso, suas exigências. De repente, havia contas a pagar, decisões de carreira a tomar, e a saúde dos meus avós começou a declinar. A realidade da vida adulta começou a corroer aquele brilho dourado da juventude.

Eu me lembro claramente do dia em que percebi que tinha esquecido como sonhar. Estava sentado em meu escritório, olhando para um monte de papéis e projetos atrasados, e a sensação foi de estar preso. As paredes pareciam mais próximas, o ar mais pesado. Onde estava a liberdade que eu tanto ansiava? A vida adulta, descobri, era mais sobre gerenciar o caos do que viver aventuras. E, em meio a essa rotina, os momentos com amigos e familiares tornaram-se cada vez mais raros, quase como lembranças de outra vida.

O arrependimento começou a se infiltrar lentamente, como um visitante indesejado. Eu me pegava questionando: e se eu tivesse apreciado mais aqueles dias despreocupados da infância? E se eu tivesse passado mais tempo ouvindo as histórias da minha avó, em vez de desejar apressadamente crescer? A ironia é que, agora adulto, eu daria qualquer coisa para voltar, mesmo que por um momento, àquela simplicidade, àquela capacidade de encontrar alegria nas pequenas coisas.

A vida adulta não é só sombria, claro. Há conquistas, amor, momentos de alegria genuína. Mas esses momentos parecem mais difíceis de vir, mais caros. Cada vitória é acompanhada de seu próprio conjunto de desafios e preocupações. E, em algum lugar ao longo do caminho, percebi que a maior aventura da vida não é uma jornada para fora, mas para dentro. É um processo de reconciliação com as escolhas feitas, com os sonhos modificados pela realidade.

Os amigos de infância, com quem compartilhei tantas aventuras imaginárias, seguiram seus próprios caminhos. Nos vemos esporadicamente, geralmente em eventos da vida que marcam o tempo que passou: casamentos, batizados, funerais. Nesses momentos, há um lampejo daquela antiga conexão, uma lembrança do que era. Mas logo depois, a vida adulta retoma seu curso, e nos afastamos novamente, cada um envolto em suas próprias batalhas e conquistas.

Perdi minha avó alguns anos atrás. Ela partiu tranquilamente, deixando para trás um legado de histórias e lições de vida que agora entendo serem verdadeiros tesouros. Nos últimos dias, ela me disse algo que ficou gravado no meu coração: "Nunca perca a capacidade de se maravilhar, meu querido. É isso que nos mantém jovens, mesmo quando o tempo insiste em nos envelhecer." Essas palavras, na época, pareceram-me um consolo gentil, mas agora vejo nelas uma verdade profunda.

A vida adulta trouxe complexidades que eu, na inocência da minha juventude, não poderia imaginar. Há beleza nessa complexidade, mas também um peso que às vezes parece demais para carregar. No entanto, lembrar-me da capacidade de me maravilhar, de encontrar alegria nas coisas simples, tornou-se uma bússola que me guia através dos dias mais sombrios.

Eu percebi que crescer não significa necessariamente deixar para trás as maravilhas da infância ou as aventuras imaginárias com amigos. Em vez disso, significa aprender a integrar essa capacidade de sonhar e maravilhar-se com a realidade do dia-a-dia. É encontrar o equilíbrio entre responsabilidade e liberdade, entre cuidar dos outros e cuidar de si mesmo.

Refletindo sobre minha jornada, vejo agora que o arrependimento de ter desejado crescer tão ardentemente é, em parte, um reflexo do medo de enfrentar as realidades da vida adulta. Mas é também um lembrete poderoso de que nunca é tarde para reconectar com aquelas partes de nós que foram deixadas para trás. Eu comecei a buscar novas aventuras, não da mesma forma que imaginava quando criança, mas com um novo entendimento de que a maior aventura é, de fato, viver plenamente, com todas as suas complexidades e belezas.

Reencontrei alguns antigos amigos, e juntos, tentamos reviver aquelas aventuras de infância, mesmo que de forma simbólica. Esses momentos, embora poucos e distantes, são preciosos. Eles servem como lembretes de que, apesar de tudo, a capacidade de sonhar e a amizade verdadeira são tesouros que permanecem, mesmo quando tudo o mais muda.

E quanto aos meus avós, suas memórias e ensinamentos continuam a ser uma fonte de força e inspiração. Eu me esforço para compartilhar suas histórias e sabedorias com as novas gerações da nossa família, mantendo vivo o legado de maravilhamento e amor pela vida que eles me ensinaram.

Agora, olhando para trás, percebo que a vida adulta não é uma traição aos sonhos da infância, mas uma extensão deles, moldada pela realidade, pela experiência e, acima de tudo, pelo tempo. Cada escolha, cada desafio enfrentado, cada momento de alegria ou tristeza, são capítulos da minha própria história, uma história que ainda está sendo escrita. E, embora eu às vezes sinta saudade da simplicidade daqueles dias sem preocupações, eu sei que o verdadeiro crescimento é abraçar a complexidade da vida, aprender com ela e, sempre que possível, encontrar motivos para maravilhar-se.

Em resumo, crescer pode não ser o que imaginávamos na infância, mas há beleza na jornada, nas lições aprendidas e nos momentos compartilhados. O arrependimento de ter desejado crescer tão rapidamente deu lugar a uma apreciação profunda por todas as fases da vida, cada uma com seu valor único e suas lições a serem aprendidas. E, no final das contas, talvez o segredo não seja encontrar a forma de voltar ou avançar no tempo, mas sim aprender a viver plenamente, em cada momento, com gratidão, coragem e uma eterna capacidade de se maravilhar.