Em tempos de globalização e de comunicações instantâneas, a amizade pode estar a um clique de distância. No fim dos anos 90 e começo dos 2000, era muito comum fazer amizades por carta, através de revistas. Fiz várias.

Muitas dessas amizades pereceram com o tempo, outras passaram ao e-mail. Atualmente é mais fácil ainda: redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas estão ao alcance dos dedos, esteja você em qualquer lugar do mundo.

Mas esta não é uma facilidade somente para as amizades: o amor também pode estar a bits de distância, porque às vezes a vida nos prega peças.

Para manter um relacionamento a distância, é preciso muito amor, muita comunicação, muita empatia, muita amizade. Namoro de longe não é pra qualquer um. Tem gente que não aguenta pela falta ou pelo pouco contato físico, mas tem gente que simplesmente se cansa e desiste com o passar do tempo. Namorar a distância, mais ainda se o relacionamento leva um tempo, é para os fortes.

O relacionamento a distância dói, mas é maravilhoso também. Porque sabemos, quando a relação é séria, que a distância é temporal. Pode levar meses ou anos, mas é temporal. Porque distância é só uma palavra, uma palavra que não define o mundo imenso que construímos. A gente sofre com a separação cada vez que um de nós volta pra casa, mas valorizamos cada momento que estamos juntos.

É como uma planta, que regamos com carinho todos os dias. Não é fácil manter o vínculo e se sentir perto de uma pessoa que pode estar na cidade vizinha ou do outro lado do mundo. Mas a conexão entre estes dois corações é única e rara, a cumplicidade é única. Nossa história é única.

Mesmo a distância sendo algo temporal, de vez em quando acontece que a vida nos prepara empecilhos para o reencontro dos corpos e das almas: excesso de distância, dificuldades econômicas/de agenda para viajar ou até problemas de saúde mental. Nem sempre “quem quer, dá um jeito”: os relacionamentos podem continuar distantes por meses ou até anos. Tudo depende da paciência e da determinação das pessoas envolvidas.

Namoro a distância, quando é sério, é discutir sobre quem dos dois deixa tudo pra trás e faz a vida caber em uma ou duas malas, partindo rumo ao desconhecido.

É sonhar com aeroportos ou rodoviárias, é contar os dias para receber ou ser recebido.

É a dor da separação dos corpos, cada vez que um viaja de volta pra casa.

É passar os dias em ligações por vídeo (e menos mal que agora temos isso!), é sentir falta, muita falta; quase como se um pedaço de você estivesse faltando. E ter muita paciência.

É se sentir frustrado/a quando seu ser amado sofre e a gente não pode fazer quase nada, só acompanhar de longe e oferecer um ouvido amigo. É não poder dar aquele abraço quando o outro está pra baixo.

Mas também tem um lado bom, digamos assim.Namorar alguém que está longe nos dá a chance de conhecer o outro mais profundamente desde o começo, já que falamos muito mais do que faríamos num namoro com contato físico constante. A amizade dentro da relação a torna muito mais forte.

Nos dá a chance de aprender a confiar um no outro. Também nos dá a chance de escolher-nos todos os dias, apesar de estar em um lugar diferente - e, sem dúvida, ter opções mais confortáveis e disponíveis perto. Nos sentimos mais perto - relativamente falando - que muitos casais que estão juntos fisicamente e não têm esse laço profundo que nos une.

A distância dói. Muito. Dói na alma. Mas sabemos que não é pra sempre.

Uma vez juntos, somos imparáveis e inseparáveis.