A chegada de uma criança na vida de uma pessoa, casal ou par pode trazer diferentes sentimentos, pensamentos, inquietudes e o verdadeiro amor.
Aos 20 anos decidi que iria sair de casa para iniciar minha vida profissional e iniciar uma graduação, o que há 3 décadas atrás era um grande passo, muito desafiador.
Aos 16 anos já me imaginava como pai, pois queria muito ter filhos para que na fase adulta eu pudesse apreciar esse momento, e fazia planos para seus nomes. De fato, aconteceu que no meu primeiro relacionando fui abençoado com 3 garotos, Rafael, Fernando e Luciano, lindos e queridos. Por adventos da vida, meu relacionamento terminou com a mãe deles e segui por um bom tempo na solteirice, risos!
Os meninos, hoje adultos foram se acertando nas suas conquistas, cursando ou já terminando suas graduações e procurando seu lugar no mercado de trabalho.
O fato é que, a vida nos dá outra oportunidade de constituir uma nova família. Conheci minha atual esposa (Natalia) em uma visita a igreja local, onde meu amigo apresentou-me a ela.
Foi amor à primeira impressão e hoje estamos juntos há 12 para 13 anos. Após 3 filhos realizei uma vasectomia (que proporcionou a esterilidade). O fato foi relatado desde o início do relacionamento para Natália, pois não haveria possibilidade de reversão.
Procuramos alternativas para a fertilização e tratamento, mas em nossos corações havia o desejo de termos um filho (principalmente uma menina) e alguns anos depois, com o término da Natalia no curso de Psicologia decidimos e nos inscrevemos no processo de adoção.
Foram 15 meses de espera e em franca pandemia, o processo aconteceu, pode se dizer um verdadeiro milagre.
Recebemos numa quarta-feira (02 de dezembro) a tarde, a notícia que nosso processo estava se definindo e que teríamos uma entrevista online com as responsáveis técnicas (Psicologia e Serviço) na sexta feira (04 de dezembro) a tarde. Nossos corações transbordaram de alegria e com ansiedade, medo, felicidade e uma expectativa do novo. Após a conversa online, na sexta-feira recebemos a notícia que na segunda feira (07 de dezembro 2020) poderíamos vê-la, afinal fomos pegos de surpresa e sem referência, não tínhamos nada pronto, pois ainda não havia um nome ou aparência, idade, enfim, éramos pais de primeira viagem.
Ansiosos, ligamos para o abrigo e pedimos informações se poderíamos levar um presente e a informação foi que sim. Nos passaram a informação que ela estaria completando 3 anos de idade, tamanho da roupa, calçado e no desespero saímos no sábado (05 de dezembro) para comprar algo para levar na segunda feira (07 de dezembro).
Chegando no local, fomos recebidos pelas responsáveis do abrigo, e nada mais, nada menos que uma garotinha que pegou na mão da minha esposa e de imediato a chamou de mãe. Não tivemos nenhum contato anterior com ela e não havia a possibilidade de saber quem éramos. Engolindo o choro, minha esposa respirou fundo, segurou na mãozinha dela e caminhamos até a sala de reunião para conhecê-la e assim acertar as visitas e quando poderíamos finalmente trazê-la para casa (achávamos que seria fim de semana até se adequar ou coisa assim).
A surpresa foi imensa quando as responsáveis técnicas nos diz: o juiz já liberou para que ela possa ficar com vocês e se for da vontade, podem levá-la ainda hoje.
Impossível segurar o choro... Foi um momento inesquecível.
Olhamos um para o outro e dissemos: sério? Podemos? Claro que queremos! Aguardamos as tias do abrigo arrumarem as roupinhas dela, e o mais rápido possível saímos com ela de lá.
Ainda atordoados com tudo aquilo, a levamos ao Shopping local para comprarmos algumas coisinhas pra ela. Ainda não tínhamos o quarto arrumado... não tínhamos nada.
Fiquei nos pensamentos: precisamos da cadeirinha para o carro, de roupas, tentando entender o que ela gostava de comer, beber, alergias. Um turbilhão de pensamentos e na verdade bem incrédulos com o que tinha acontecido.
Ela chegou no dia 07 de dezembro e já no dia 10 de dezembro era seu aniversário de 3 anos e em menos de 2 dias improvisamos uma festinha para ela. Todos os amigos e parentes queriam conhecê-la.
E aí realmente sentimos a sua presença em nossas vidas. Oramos à Deus uma garota espoleta de cabelo cacheados, negra, de sorriso espontâneo, e Deus na sua infinita sabedoria foi generoso em todos os detalhes.
Ela entrou em nossas vidas como Valentina e o nome Clara foi incorporado a seu nome. Hoje a Clara Valentina é nossa menina do coração, mas parece que é biológica, com detalhes e características cada vez mais similar a nós. Nossos jeitos, nossas pequenas manias e tudo mais nos faz crer que ela já estava pronta para nós. Não fomos nós que a escolhemos, e sim ela que nos escolheu.
Hoje ela com 6 anos é a ternura em pessoa, tagarela ao extremo, inteligentíssima, esperta e carismática, o que conquista a todos.
Filha, você mudou nossas vidas e nos transformou no que somos hoje. Em momento algum duvidamos que ela fosse nossa.
Atualmente divido-me entre os ciúmes dela, da esposa e nossa cachorrinha Mel e brinco que é difícil ser o Emilio com tanto amor e ciúmes, risos!
Não há amor igual!