Cortes na comunicação, quedas de eletricidade, cidades acordando ao som de caos e destruição em massa dia após dia. Imagens de civis lutando com pedras, fisgas e as próprias mãos aparecendo por todos os jornais, e até túneis sendo inundados com água.
Com aparente nenhum interesse em trégua de ambos os lados, o que acontecerá a seguir?
Nos últimos dias tem se tornado rotina, acordar, abrir os jornais, contar quantos mais foram mortos no conflito do Oriente Médio, ouvir o que os grandes nomes têm a dizer e rezar por paz, afinal, o que podemos fazer?
O último episódio entre Israel e Palestina aumentou após o HAMAS (um grupo militante palestino) lançar um grande ataque em Israel em 8 de outubro. Mais de 1200 pessoas foram mortas, 200 mais capturadas, entre elas mulheres e crianças, todas inocentes.
Israel respondeu com o cerco de Gaza, cortando todas as funcionalidades básicas da cidade como água, comida, eletricidade e internet.
E então os conflitos ficaram mais sangrentos.
Verdade seja dita, o conflito Israel-Palestino voltou a aumentar em outubro com os bombardeamentos, mas não começou ali. Essa guerra tem raízes mais antigas, e poderíamos provavelmente voltar ao final do século XIX, quando os movimentos nacionalistas começaram a crescer nos países.
Porém, pelo que estão a lutar?
O maior argumento dessa guerra é na promessa da terra sagrada. Quando os judeus fugiram da Europa, queriam estabelecer um local para eles onde originalmente era uma zona árabe e muçulmana; os árabes resistiram (e ainda resistem), vendo a terra como deles por direito.
Diversos conflitos já ocorreram, e a ONU (Organização das Nações Unidas) tentou dividir a "dar" parte da terra para cada um deles, o que falhou miseravelmente, enquanto Israel e Palestina continuam a sua guerra pela "terra prometida".
Mas atualmente essa guerra é realmente por terra prometida? Por ideais religiosos a serem forçados em outros? Por direitos? Ou puramente por sobrevivência?
Afinal, depois de tanto sangue derramado, será que a terra ainda se mantém sacra?
Para entender o conflito, vamos sair um pouco da guerra e entender ambos os lados.
Atualmente, existem em torno de 9 milhões de cidadãos israelitas, dos quais 7 milhões são judeus. A maioria deles é livre para fazer o que quiserem. O país faz parte das Nações Unidas e vive sob uma democracia; os cidadãos têm direitos, podem trabalhar, se mudar, viajar, eleger os seus líderes e usar passaportes, assim como a maioria das pessoas no planeta; eles são pessoas "livres".
No outro lado estão em torno de 6 milhões de palestinos que vivem em Gaza e em "West Bank", não são exatamente livres.
Os territórios onde vivem são ocupados e governados por Israel, mas nunca foram oficialmente integrados. Isso significa que vivem sob lei israelita, mas não são cidadãos de Israel, não podem fazer negócios fora das suas cidades, necessitam de vistos e permissões para trabalhar em Israel ou viajar para outros países, as fronteiras também são controladas, logo, Israel controla a importação e exportação, taxas, impostos e tudo relacionado ao "país", o que não permite que eles criem uma economia internacional e estável, tendo que se manter presos a suas pequenas comunidades.
Os palestinos já tentaram "se rebelar" e serem livres por diversas vezes, tanto por diplomacia quanto por força, mas em todos os casos sempre falharam contra as forças maiores de Israel. O que não significa que devemos estar em acordo com o uso de violência extrema, principalmente os métodos utilizados por grupos extremistas como o Hamas; porém, como um cidadão livre de um país livre, acredito que devemos apoiar o direito palestino de ser livre.
Assinaturas vs. balas
West Bank oficialmente ainda pertence a Israel, e consideram Jerusalém em total a sua capital. Na outra metade, o lado palestino tenta tomar controle de Jerusalém como a cidade sagrada prometida de uma Palestina livre no futuro. Essa história toda nos deixa a imaginar quais possam ser os próximos episódios. Como será o desenrolar dessa mancha de sangue na história da humanidade? Supondo que Israel aceite os termos palestinos e o controle seja transferido, abrir as fronteiras, e do dia para noite ocorresse essa grande mudança de mentalidade, o que aconteceria?
Fazer os grandes nomes sentarem entrar em acordo e assinarem os papeis e até relativamente fácil. Mas como fazer os que estão nos campos pararem de puxar os gatilhos?
Como mudar a mentalidade de um dia para o outro numa pessoa que foi criada e moldada na guerra desde sempre? Onde na sua rotina diária está procurar, matar e destruir dia após dia?
Na minha opinião, seria uma completa mudança de mentalidade imediata, quase impossível de ser aplicada. Atualmente se tornou uma guerra pura pela sobrevivência, e outro massacre é só uma questão de tempo. A maioria dos envolvidos já está em modo instintivo, só luta para sobreviver e se manter vivo, e a única maneira de eles sobreviverem é matar quem tenta os parar, afinal, a outra opção, provavelmente seria apodrecer até o último dos seus dias numa cela após uma vida inteira de massacre.
Acredito que a maioria escolheria morrer livre…
Porém, com o Hamas lançando ataques devastadores por ar, mar e terra em Israel ao longo das semanas, não parece que a atmosfera caótica irá diminuir tão rapidamente.
O que deixa a pergunta: até quando?
Quantas mais vidas inocentes terão que ser destruídas até que acabe?
Com médicos trabalhando sem parar, sem eletricidade, água ou qualquer tipo de suprimentos, tendas espalhadas por todos os cantos para aqueles que foram forçados a abandonar as suas casas (jornais locais reportam que os números já passam de 1,5 milhão), com certeza, nos deixa a pensar, qual é o lado certo? A verdade é que responder a essa questão, e até mesmo perguntá la, é errado e ofensivo; fazer tal afirmação é provavelmente impossível. Quando falamos de guerra, nunca há um lado 100% certo; existe apenas o lado dos vivos e dos mortos, tudo mais é política.
Segundo, dizer que um dos lados é "certo" seria sugerir que as ações brutais desse lado são mais aceitáveis e justificáveis do que do outro, apenas porque estavam "respondendo" a quem os atacou primeiro, o que novamente não é certo. A resposta para matar 1000 pessoas deve ser matar 2000 do outro lado?
Verdade seja dita, no atual momento, já não existem mais bons-moços, e nós continuaremos a esperar mais uns dias para ver como a história desenrola.
A única coisa certa é que o preço em sangue inocente não para de aumentar.
Mas quem irá pagar?