Se pararmos para pensar, o mundo é um grande museu ao ar livre. É só olharmos ao redor que perceberemos quão é importante a história para podermos contá-la apropriadamente.
Tudo tem início, meio e fim. De certo, alguém deveria contar essa realidade, destarte, o museu tomou para si essa responsabilidade. Tudo que lhe aparece pela tela do computador ou do celular, todas as pessoas que você conhece e desconhece, tudo que se pensa e diz, tudo conta história o tempo todo, desde sempre. Muito antes da Bíblia hebraica, os sumérios contaram a jornada de um rei em busca da imortalidade. Uma história de 2100 a.C. que chegou até nós quando os arqueólogos decifraram tabuletas de argila desenterradas no atual Iraque.
Nada existiria sem os palcos históricos dos museus espalhados pelo mundo! A realidade é uma só: vivemos em um grande e infinito museu. Um espaço no tempo que se apresenta como num papel em branco, onde cada um de nós traça sua própria jornada, que posteriormente será contada às novas gerações.
A importância dos museus é inimaginável à sociedade, uma vez que a história não poderia ser vista e retratada sem esses espaços, democráticos, livres, universais, um templo traduzido e retratado por todos os povos e civilizações, fazendo da história um ato único na formação do caráter de cada indivíduo.
É valoroso saber que o papel do museu deve ser descontraído, leve, cumprindo sua magnânima missão de entreter e educar. O cidadão que mantém a prática de visitar museus torna-se mais apto a opinar sobre assuntos diversos, pois adquire base cultural para emitir opiniões mais complexas.
A língua fala por si. A importância de tratar da língua, seja através dos museus, dos programas, dos acordos ortográficos, seja através dos processos de liberalização das falas novas, a língua é importante. A língua é nossa mãe. O museu cuida de todos os aspectos da língua escrita, falada, da língua dinâmica, a língua da interação, a língua do afeto, a língua do gesto, e de tudo o museu vai cuidar.
(Gilberto Gil, cantor, compositor e poeta)
Porém, o que deveria ser repleto de cuidados virou uma triste estatística. Na noite de 2 de setembro de 2018, um incêndio de grandes proporções atingiu o Museu Nacional, em São Cristóvão, zona norte do Rio de Janeiro. Um acervo de 20 milhões de itens que o museu abrigava foi destruído, sendo a área expositiva totalmente afetada. Entre os destaques que se perderam estavam o dinossauro conhecido como Dinoprata, as múmias egípcias e o esqueleto de uma baleia cachalote. O Museu também guardava o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo já encontrado no Brasil, que foi encontrado, com danos, entre os escombros.
Foi tudo muito rápido! O fogo se espalhou como a velocidade do vento. Agentes do corpo de bombeiros, com apoio de funcionários do museu, lutaram por horas para combater o fogo e salvar parte do acervo. O local mais afetado pelas chamas foi a de antropologia, segundo o curador das coleções etnográficas do museu, João Pacheco Oliveira.
Um crime contra a humanidade! Assim podemos concluir o incêndio no Museu Nacional. Sua trajetória remonta à história do Brasil. Criado em 1818 por D. João VI, é a primeira instituição de pesquisa e o primeiro museu do país, construído visando atender aos interesses de progresso cultural e econômico do Brasil na época. Seu acervo inclui peças de arqueologia, geologia, paleontologia, e zoologia, entre outras.
A falta de políticas públicas de apoio aos museus no Brasil é nítida. Não se aprende na escola a sua importância social e a grande maioria da população acaba sendo vítima desta falta de entendimento, desprovida de qualquer saber, acabando por seguir um caminho de mero expectador de peças, sem conteúdo e sem saber de sua real importância na história.
Para o governo brasileiro fica a dica para a realização de um trabalho de inclusão nas escolas sobre a importância dos museus, direcionado aos pais, alunos e profissionais da educação. É na formação de base dos jovens que se adquirem valores.