A privatização do espaço veio em decorrência da criação da propriedade privada. Nasce daí a concepção de “lar” e “espaço doméstico” e, por consequência, “espaço público”. Este estudo tem como objetivo analisar a relação social entre estas duas denominações do espaço físico social na sociedade do século XX.
Na sociedade contemporânea, a concepção de trabalho, tal como se tem atualmente, provém do conhecimento de modos de produção artesanais, até então, produzidos em casa. No entanto, uma vez que o espaço físico de repouso era utilizado como espaço de trabalho, perde-se a conotação de espaço privado, uma vez que, pessoas do mesmo ramo e que tem relação com o proprietário da terra, frequentam e tornam público este espaço. Nesse sentido, tem-se uma extensão do espaço público, onde não há meio de se praticar as questões íntimas, tais como, por exemplo, as de natureza familiar.
A organização da sociedade, ao separar os espaços de acordo com suas finalidades, promoveu a valorização da estrutura familiar e estabeleceu a noção de privacidade. Assim, preservou-se a natureza das relações sociais privadas e públicas, uma vez que, organizando seus espaços, estabeleceu-se uma organização na estrutura da mesma, evitando os prejuízos decorrentes dos possíveis desgastes.
A contemporaneidade afunila ainda mais as oportunidades de se praticar as relações sociais privadas. O tempo “corre” cada vez mais depressa, mas, é a “noção” de tempo que está permeada no que se entende por momento, isto é, a rápida noção que se tem do tempo dedicado à cada tarefa do dia a dia, por exemplo. Assim, tem-se a percepção cada vez mais limitada de que o tempo corre mais rápido. O que ocorre, na verdade, é que devido ao acúmulo de tarefas em virtude da Modernidade, resta pouco tempo para se aproveitá-lo da melhor maneira.
As mudanças no aproveitamento do espaço ao longo da história da vida privada, ou seja, o que hoje conhecemos como “otimização” do tempo são, nada mais, nada menos, soluções para o acúmulo de tarefas e “redução” do tempo para fazê-las. A máxima, maior volume de produção em menor tempo é o que coordena o funcionamento da economia e da própria rotina social atualmente.
É claro que, as transformações ao longo do tempo se fizeram necessárias, uma vez que as necessidades sociais se transformam em cada tempo.
Ao longo do tempo, quanto mais se aumentava a produção, mais aumenta a demanda, seja por mão de obra qualificada, seja pela quantidade de produtos. Ou seja, ambas estão diretamente inter-relacionadas com o advento da Modernidade. Em contrapartida, diminui-se o tempo médio gasto na produção individual ou do montante total de cada produto, cada vez mais superior à demanda do mercado.
Trata-se da lei da oferta e da procura, em que o maior volume de produção rege e, até supera, o volume da procura, gerando o excedente de produção.
Na contramão dessa linha, a maior exigência de qualidade da mão de obra, limita o acesso da população às ofertas de emprego. Desse processo, surge o desemprego, que, nada mais é do que o déficit gerado dessa ausência de mão de obra apta às exigências do mercado de trabalho.
À medida em que avançarmos para a pós-modernidade, esta característica ficará ainda mais evidente. Mesmo com a robotização da mão de obra, este processo continuará dependendo de mão de obra humana.
Considerações finais
A privatização do espaço, e as consequentes conotações, “público” e “privado”, trouxeram privacidade e proporcionaram o ambiente familiar.
Além disso, definiram o conceito de espaço industrial, direcionando à este, a função de produzir mercadorias para alimentar os mercados tanto externos como internos.
Por fim, a economia traz profunda influência no aspecto social e econômico, à medida em que serve como medidor que equilibra a “saúde” de uma determinada sociedade.