Proposta de teórico da educação brasileiro é estudada no planeta como referencial de uma teoria que valorize a participação ativa do estudante no processo de aprendizagem
No Brasil, muitas vezes algumas pessoas acabam por nem ler uma obra sequer de Paulo Freire e dispõe-se a criticá-lo de forma enorme e sem muito fundamento em fatos concretos acerca destes teóricos. A educação para Paulo Freire, não deve estar alienada das condições materiais em que estão os estudantes. No seu método de alfabetizar que foi lançado no Rio Grande do Norte em Angicos partia das palavras geradoras que destacavam a importância do conhecimento que o aluno (a) possuía no seu contexto inicial, na sua procedência social. Assim, podemos dizer que a educação para Paulo Freire partia da realidade para transformar a realidade. Para Freire antes da educação ser um fenômeno que envolve a questão apenas da leitura de um texto, mais importante é que esta leitura se expanda para uma leitura de mundo. Não basta ler mecanicamente é preciso ler de maneira crítica a própria realidade.
Caso Freire fosse vivo certamente ele seria o primeiro a acolher as críticas que são dirigidas ao seu nome porque antes de tudo ele era um ser democrático. A democracia para ele era algo fundamental, importante e inegociável. Porque inegociável? Porque ele defendia a importância da educação enquanto ato político que garanta a liberdade de expressão das pessoas. Freire nunca foi perigoso por ser um subversivo do ponto de vista de violência física, mas certamente muito incomodou quando ele propôs irradicar o analfabetismo não apenas mecânico de leitura, mas o analfabetismo de leitura de mundo. Ler cada obra de Freire certamente possibilitará que o leitor não concorde com o autor, mas pelo contrário, até discorde dele, mas sempre tendo em vista a questão de que a educação é emancipadora e o objetivo é justamente possibilitar a vivência da diferença e a abertura para a possibilidade de se discordar, mas sempre com probidade intelectual, respeitando a diferença de pensamento, sem perder convicções, mas ao mesmo tempo respeitando que é possível aceitar que os outros pensem de maneira diferente, isso não é ser relativista e sim democrático.
Nos dias de hoje, o desafio da educação é continuar o legado de Freire de levar um questionamento a tantas estruturas de analfabetismo funcional. É preciso habilitar as novas gerações para que sejam capazes de pensar criticamente e vislumbrar novos horizontes. É de grande relevância, nos dias atuais, pensar sobretudo sobre uma educação para o respeito aos direitos humanos fundamentais. Não podemos deixar de valorizar os direitos humanos fundamentais, que são direitos de toda e qualquer pessoa e faz-se mister que as novas gerações sejam cada vez mais portadoras de esperança para o respeito pela dignidade da pessoa humana.
Freire apontou para a importância da leitura e ela realmente faz todo diferencial na formação das futuras gerações. No caso do Brasil, só temos a lamentar que tantas livrarias fecharam nos últimos anos, isso aponta para uma realidade muito triste de desvalorização da cultura; fechar livrarias é um mau sinal. A questão da entrega dos livros no Brasil também é algo interessante, a logística não avança para se entregar livros com maior rapidez, não que isso seja o ponto neválgrico, mas demonstra que isso não é importante. Há quem diga que estamos hoje no virtual e não há necessidade de ler clássicos, pelo contrário, defendemos que é preciso conhecer a literatura, os pensadores consagrados de todos os tempos, para a partir dos próprios erros cometidos em outros momentos podermos avançar para situações novas sempre visando a emancipação humana.
Enfim, não é nosso objetivo defender Freire de qualquer crítica; porque todo e qualquer pensador certamente se sentiria muito feliz em ser questionado, mas sim apontar que objeções que são levantadas em torno de Freire apontam mais no sentido de que ele provocou reflexões e antes de concordar ou discordar com elas é necessário ler seus textos. Quem ler suas obras poderá perceber a doçura de Freire em tratar o ser humano e entender que para ele a justiça social deve vir antes da caridade. Enfim, entender a educação como ato político é mais um compromisso com a dignidade da pessoa humana do que com algum partido seja de qual posição que seja.
Há em Freire uma defesa muito vigorosa da democracia e dos direitos daqueles que são mais desfavorecidos na sociedade.