O Brasil atual é um país mundialmente reconhecido pela diversidade racial que compõe a população. Entretanto, a imigração de asiáticos amarelos ainda é um assunto pouco explorado e os contextos são menos reconhecidos ainda e uma prova disto é que as atitudes racistas e xenofóbicas são normalizadas, piadas sobre a aparência, linguagem e cultura da população amarela se tornaram tão comuns que raramente alguém as contesta.

Cada etnia não-branca é atravessada por violências distintas, o preconceito sofrido por amarelos é inquestionavelmente divergente dos preconceitos com os grupos de pessoas pretas e pardas, por exemplo. Mas ainda assim, existe e deve ser discutido.

Um ponto relevante a ser pensado é o cuidado referente a saúde mental. A resistência da população amarela é ainda mais forte comparada as outras etnias, isso é o resultado de uma cultura mais rígida e que possuem outros focos de preocupação.

Os asiáticos amarelos são vistos como Minoria Modelo (Model Minority). Termo que se originou nos Estados Unidos a partir de estudos de Nejdet Delener e James Neelankavi em 1990 e Judy Cohen em 1992, onde apontavam que os estadunidenses viam a comunidade imigrante asiática de forma especialmente séria, trabalhadora, esforçada, ética, intelectualmente acima da média na matemática e tecnologia.

Muitos amarelos (sejam eles imigrantes ou descendentes), se esforçam para seguir este padrão imposto e profundamente enraizado. Desta forma, pode-se perceber como o racismo com asiáticos, a pressão pela busca da perfeição e as resistências ligadas ao cuidado contribuem para o afastamento de tratamentos da saúde mental.

O bullying e os assédios não são levados a sério, resultando em uma busca interminável por um falso self, conceito da Psicanálise do autor Donald Winnicott, que define o falso self como a mediação entre o self verdadeiro e o ambiente em que o sujeito se encontra. Ou seja, no caso dos asiáticos imigrantes e descendentes de asiáticos, o falso self irá agir para criar meios daquele indivíduo se encaixar nos padrões impostos.

Desvalorizando o próprio sofrimento, agindo como se aquela dor fosse futilidade ou infantilidade já que na maior parte das vezes não há ninguém falando sobre o assunto, tanto no âmbito pessoal quanto no geral. As figuras famosas amarelas (como atores, apresentadores, políticos, entre outros) no contexto ocidental são raras, e muitas vezes quando existem, são o alvo das piadas.

Devido a noção rasa de raça e opressões que a maior parte da população tem, não é incomum ouvir que amarelos de pele clara são brancos devido a tonalidade e até mesmo nos registros oficiais nos cartórios. Porém, mesmo que exista este movimento que impõe a branquitude, os indivíduos da comunidade imigrante asiática jamais será realmente lida como branca. Os traços fenotípicos destoam o suficiente para a distinção entre as duas raças.

Entretanto, algumas coisas estão mudando no cenário atual. Os conteúdos artísticos asiáticos estão ganhando cada vez mais popularidade, alguns exemplos disso são: a música pop sul-coreana (K-pop); as séries da Coreia do Sul, da China e da Tailândia; os desenhos animados japoneses (animes); entre outros.

As lojas de produtos (como cosméticos, roupas, acessórios, entre outros) vindos da Ásia também cresceram exponencialmente com o surgimento de plataformas de compras e vendas pela internet, e isso pode ser um passo inicial para a desconstrução de pensamentos xenofóbicos e racistas – inclusive até o racismo internalizado dos descendentes de asiáticos. Todos estes progressos estão sendo feitos e a tecnologia está se mostrando uma excelente aliada na missão de unir continentes - mesmo que estejam em lados opostos do planeta.

O racismo sofrido pelos imigrantes amarelos no século XX, no período pós Segunda Guerra Mundial é divergente do racismo que as gerações mais jovens descendentes vivenciam. Ainda é necessário paciência, pois é um processo lento, mas está acontecendo. E quanto mais falado for este tópico, maior será a evolução.