Peço licença a quem me deu a vida e abriu um caminho mais fácil para que eu pudesse trilhar por ele...
Peço licença para me retirar e sair em busca de algo que me falta;
A chama que me guia em direção ao crescimento exige que eu assim o faça. Mas por favor, não me interpretem mal. Meu amor continua o mesmo. Suas honoráveis lições estão inquebrantáveis dentro de mim. Quando eu estiver pronta, voltarei para fazer crescer e multiplicar seu legado.
A vocês, minha eterna gratidão!
O distanciamento dos pais em busca da diferenciação e do crescimento é um processo natural e não deve se caracterizar como um rompimento.
O rompimento gera culpas, nos paralisa e nos imobiliza. Isto impede que possamos avançar além do ponto em que nossos pais chegaram. E ficamos presos a um círculo vicioso, eternamente reproduzindo suas histórias de dor e sofrimento.
Assim, é comum que muitos se queixem de escassez em suas vidas e ‘adotem’ essa frequência vibratória, identificando-se com ela como se fosse tudo que a vida pudesse lhes proporcionar até o fim de seus dias. Sem nos conectar com o fluxo da abundância, deixamos com isso de acrescentar novos capítulos à nossa história e não conseguimos realizar o grande feito da mudança.
Assim, de tão acostumados que estamos em reclamar do que nos falta, acocorados e acomodados a um ciclo de escassez, não conseguimos mudar a nota musical sem no entanto, perceber a abundância que jaz ao nosso redor e as infinitas oportunidades para virar o jogo.
Haja vista que o sol todos os dias derrama suas energias e suas bênçãos sobre a terra e a chuva vem para fertilizar, fazer brotar e crescer a semente. Esse é o ciclo natural da vida.
Por que então nos aferramos tanto às coisas negativas? Por que precisamos acreditar e confirmar continuamente que o que temos é pouco para nossa felicidade? Por que preferimos acreditar que não somos capazes de conquistar o que queremos e ir além?
É bem verdade que a herança de nossos antepassados funciona como um ‘imprint’ que vem para encilhar o nosso presente e o nosso futuro a uma imagem cristalizada do passado. Se esta herança é de dor e escassez, nossos sentimentos de lealdade e fidelidade às pessoas que nos deram a vida e abriram o caminho por nós e para nós não nos permitem fazer diferente.
Esta seria então uma boa forma de começar: ao mesmo tempo em que expressamos nossos sentimentos de profunda gratidão a eles, pedimos também ‘licença’ para fazer diferente. A vida não pode parar. Ela precisa seguir. É preciso fazer diferente e melhor.
Não estaremos ofendendo ninguém se trilharmos o caminho da abundância, por mais absurdo que isto possa parecer. Não nos esqueçamos de que o nosso inconsciente tem uma lógica própria que pode soar um tanto estranha à nossa racionalidade mental consciente. Devemos estar conscientes, contudo, que há sim algumas travas psíquicas e que para nos libertarmos delas é necessário reverenciar aqueles que nos antecederam, reconhecendo seu lugar e sua importância por tudo o que somos e temos, mas ao mesmo tempo sentirmo-nos no direito de ser uma pessoa diferente e capaz de ir mais além.
Lembrando que não podemos ter se o Ser não foi trabalhado.
Para tanto, livre-se de sua pesada mala de culpas (estamos tentando fazer sempre o melhor, embora muitas vezes possamos cometer erros). Sinta-se merecedor das coisas boas da vida. Faça uma boa faxina em seu baú interior. Preserve o que é valioso, mas jogue fora o que se tornou obsoleto e que está ali pura e simplesmente para ocupar espaço.
O ar precisa circular.
A luz precisa entrar.
A movimentação destes dois elementos tão preciosos da natureza pode vir a configurar um novo cenário que antes não visualizávamos.
Tendo nos desenredado de nosso tributo aos antepassados, resta então nos perguntarmos: “Qual é minha capacidade de agir apesar do medo, da preocupação, do incômodo, do desconforto?” Isto porque quase sempre não conseguimos sair do lugar que estamos porque nos sentimos estranhamente “confortáveis”, seguros e protegidos no lugar em que afirmamos ser desconfortável. A tendência à acomodação é algo próprio do ser humano.
Indo ainda mais além, muitas vezes não conseguimos simplesmente suportar a mudança para um novo status quo. Ocupar um novo lugar na vida, mesmo que esse lugar venha recheado de pompa e circunstância pode ser muito “aterrador”, principalmente se nunca estivemos ali antes.
Lembrando que a coisa mais fácil do mundo é queixar-se. A coisa mais difícil é fazer. O campo da ação é seara para poucos.
Muitos vivem à roda de um mal que se tornou crônico. No passado houve um motivo real para que adotássemos uma postura de autoproteção ou algum mecanismo de defesa do ego visando à preservação de nossa saúde mental, nossa sobrevivência física e psicológica. Não percebemos, no entanto, o momento em que o perigo deixou de existir e continuamos agindo como se ele ainda estivesse ali. E assim, lá se vai um precioso tempo de nossas vidas consumindo uma energia fabulosa em torno de um fato traumático que jaz no passado.
“Qual é o novo cenário que se me apresenta?”
Você tem olhos para ver isto ou está atrelado a uma velha história com seus antepassados, história há muito, sepultada. Você se sente merecedor e disposto a arregaçar as mangas para assumir a empreitada de seu grande feito?
Se você for perspicaz o suficiente verá que a fonte da abundância já está jorrando em sua vida a despeito de um cenário sombrio. Assim, embora estejamos em tempos de pandemia, você pode construir seu pequeno oásis e começar a desfrutar dele, exercitando pensamentos positivos, mantendo sua vibração em alta e deixando do lado de fora tudo que venha a perturbar sua paz e seu equilíbrio emocional.
A paz, o amor, a abundância são dádivas do universo que herdamos de nossa grande família cósmica ao nascer. Se você vibra em sintonia com as leis do universo não há por que atrair tormentas ou tsunamis. Todos colhemos o que plantamos.
Como bem disseram Milton Nascimento e Chico Buarque em sua canção Cio da Terra, o caminho é um só:
Debulhar o trigo,
Recolher cada bago do trigo.
Forjar no trigo o milagre do pão.
E se fartar de pão...