Alberto Fernández começou sua militância política em uma organização da juventude peronista, sensibilizado pelas campanhas pela volta de Perón, exilado na Espanha desde o golpe militar que o derrubou, em 1955. Pintavam paredes com o Perón vuelve (em português Perón Volta), com a consciência de que se o pais andava mal e os que o dirigiam tinham sido os que tinham deposto a Perón, o seu retorno seria a solução para os problemas do pais.
Momento importante foi o retorno de Perón, quando ele tinha 13 anos, assim como a eleição e o governo de Perón. Ele se lembra de, voltando da escola, entrou uma cadeia de radio e televisão, na qual Estela Martinez de Perón, sua mulher, anunciava sua morte. Ele se lembrava do funeral de três dias, assim como do caixão do Perón.
Do golpe militar de 1976, ele também se recorda pelo anuncio na TV, quando ele tomava banho para ir à escola. Veio um período muito difícil, pela repressão, pelo silencio, pelos amigos e colegas presos, desaparecidos, exilados.
Na sua formação, Alberto Fernandez leu todos os clássicos do peronismo, além da obra do próprio Perón, Jauretche, Scalabrini Ortiz, entre outros. A literatura marxista sempre lhe pareceu muito abstrata, ideológica. Enquanto o peronismo é para ele uma visão na medida da Argentina e da alma dos argentinos. Pesaram também a Revolução Cubana e as barricadas de maio de 1968 na França. Da cultura hippie, segundo ele, vem seu gosto pela musica, por Joan Baez, por Bob Marley (que dá nome a seu cachorro).
Já como adulto, a grande experiência dele foi ser chefe de gabinete de Néstor Kirchner, que ele considera o melhor presidente argentino. Se recorda da ida do Lula à posse do Néstor, considera Lula um líder como ele nunca conheceu outro: “aquele que não precisa dizer que é um líder, todos se dão conta disso”. Se recorda da viagem fundamental que fez com Néstor ao Chile de Ricardo Lagos e Bachelet e ao Brasil, encontrar-se com Lula como presidente.
Diante do fracasso do governo de Mauricio Macri, que havia derrotado o candidato da Cristina Kirchner, Alberto Fernandez se dedicou à reunificação do peronismo, sempre considerada condição indispensável para a vitória eleitoral. Concluida essa unificação, para sua surpresa, Cristina o escolheu como candidato. Ele reagiu: “A candidata tem que ser você”. Ouviu os argumentos dela, compreendeu que ela teria dificuldades para governar.
Assumiu a candidatura, venceu com grande vantagem à tentativa de reeleição de Macri, com a consciência de que tinha que fazer um governo mais amplo, porque teria que se enfrentar a uma oposição dura. Mas nem bem assumiu a presidência – com um pais desfeito como herança do Macri -, chegou a pandemia. Antes disso, assumiu uma frase do Papa como orientação: “Primeiro os últimos”. Se considera um militante, como quando lhe deram a tarefa de ser dirigente do grêmio estudantil, como agora lhe deram de ser presidente. Considera sempre que se deve aos de baixo.
Na pandemia, decretou o mais longo período de isolamento do mundo, para proteger a população argentina. Foi à Russia, comprou a vacinas Sputnik, com a qual estão sendo vacinados a todos os argentinos. As prioridades são os trabalhadores da saúde publica, os idosos, mas também todo o pessoal da educação, condição para aa reabertura das escolas na Argentina.
Ele mesmo tomou a vacina, tornando-se no primeiro presidente latino-americano a toma-la. Diz que se sente perfeitamente bem. Recomenda a todos tomá-la.