A cada dia, com o aumento no número de tecnologias mais acessíveis, mais artistas fazem uso de suas possibilidades técnicas na concepção de suas obras. Dessa forma, ideias que antes eram inviáveis, hoje ganham vida através de programas de computação e suas mídias digitais. Inúmeros artistas já incorporam em seus trabalhos equipamentos multimídia, ambientes imersivos e experiências artísticas multissensoriais que possibilitam relações interdisciplinares entre arte, tecnologia e ciência em um mesmo ambiente.
Um ótimo exemplo desse uso de novas tecnologias na arte foi a exposição O Essencial é Invisível aos Olhos. A mostra uniu realidade virtual, animação 3D, programação, áudio especializado e uma ferramenta de criação de games para criar um ambiente rico em elementos e personagens. O cenário escolhido foi a Floresta Amazônica, onde o espectador era livre para interagir, escolher seus caminhos e ações, pegar objetos e comunicar-se com os personagens. A cada decisão do visitante o ambiente reagia de maneira diferente, sem um roteiro pré- estabelecido. Assim, o público era convidado a relacionar-se com o espaço e com o próprio corpo em um processo de autoconhecimento e reflexão.
A exposição foi uma instalação interativa que unia realidade virtual com animações em 3D que eram projetadas ao redor de toda a galeria. Por meio dessa tecnologia nos era contada um pouco da cultura e sabedoria dos povos indígenas, suas histórias, tradições, cura pelas plantas, as trocas de energias e particularidades difíceis de colocar em palavras. O espectador aprendia sobre o verdadeiro significado da terra, das plantas e da floresta com o auxílio de cinco personagens: o índio Txuã; Rosa, a garota extraterrestre; sábio Cacajo; Josi, o músico; Maná, a onça guia. Uma jornada surpreendente com experiências vívidas e únicas.
A autoria desse projeto foi do duo de artistas digitais VJ Suave, composto por Ygor Marotta e Ceci Soloaga. A dupla mora em São Paulo e trabalha junto desde 2009. Sendo especialistas em projeção em movimento, criam animação quadro a quadro projetada nas paredes e muros, misturando tecnologia com street art. As animações são desenvolvidas a partir de desenhos feitos a mão e reproduzidas de acordo com a arquitetura do espaço. Em suas criações o duo faz muito uso do Tagtool, um instrumento para expressão visual colaborativa que possibilita ao artista pintar, animar e projetar ao mesmo tempo; tudo isso em tempo real. Trata-se de uma ferramenta digital que garante uma maior espontaneidade ao artista em seu momento de criação.
As técnicas de projeção utilizadas pelo duo fazem os personagens e histórias ganharem vida, iluminando paredes, árvores, prédios e diferentes superfícies. Em locais fechados as instalações ambientam o espaço com a combinação de projeção, videomapping e paisagem sonora. Marotta também foi o responsável pelo movimento Mais amor por favor, que desde 2009 toma conta das paredes da cidade de São Paulo.