O Brasil vive um momento de mudança, não sei bem se para melhor ou para pior ou mesmo uma mudança que não irá mudar é coisíssima nenhuma, como é bem comum por aqui, mas há um claro movimento de confronto, por vezes velado, por vezes escancarado e violento entre as diferentes formas de pensar, polarizado para simplificar o texto entre progressistas e conservadores. Não sei se é bem isso mas usemos esses termos só e exclusivamente para facilitar o acesso ao ponto que eu quero chegar que é meu material de trabalho.
Nesse conflito, as forças conservadoras cortam verbas, fecham exposições, ditam regras para o "bem da sociedade", enquanto do outro lado, as forças progressistas esperneiam, se reúnem, exigem cumprimento das leis, do direito a livre expressão também para o "bem da sociedade", e o embate vai rolando, cada um com seus interesses e verdades.
Fala-se muito de zoofilia, pedofilia entre outros desvios comportamentais que sempre ocorreram nas sociedades humanas, bem como da apresentação de corpos nus em exposições, gerando grande polêmica entre os polos em conflito. O embate faz parte do processo democrático e deve acontecer dessa forma mesmo, cada lado preenchendo espaços dos mais variados tipos, reais e virtuais, nessa batalha por uma hipotética hegemonia e ou diversidade no campo das ideias, dependendo do grupo do qual você mais se identifique.
Dentro deste contexto, um espaço enorme nos principais meios de mídia abordando formadores de opinião, especialistas nisso e naquilo, censores extraoficiais, sendo que bem ao lado de todos nós, independente da linha ideológica e ou religiosa que cada um se identifique o processo de Ecofilia "come solto" sem que a maioria tome qualquer providência.
Remetendo-nos ao Wikipédia:
«Zoofilia, do grego ζωον (zôon, "animal") e φιλία (filia, "amizade" ou "amor"), é uma parafilia definida pela atração ou envolvimento sexual de humanos com animais de outras espécies. Tais indivíduos são chamados zoófilos. Os termos zoossexual e zoossexualidade descrevem toda a gama de orientação humana/animal. Um outro termo, bestialidade, se refere ao ato sexual entre um humano e um animal não-humano. Enquanto a zoofilia é legal em alguns países, não é explicitamente aceita, e na maioria dos países atos sexuais com animais são ilegais, sob as leis de abuso animal e crueldade contra os animais, e menos comum, crime contra a natureza. Há pessoas que não veem a zoofilia como antiético desde que não haja dano ou crueldade contra o animal, mas esta visão não é largamente compartilhada, pois a maioria defende que os animais, assim como as crianças, não são capazes de consentir emocionalmente tal ato».
«Pedofilia (também chamada de paedophilia erotica ou pedosexualidade) é um transtorno psiquiátrico em que um adulto ou adolescente mais velho sente uma atração sexual primária ou exclusiva por crianças pré-púberes, geralmente abaixo dos 11 anos de idade. Tal como um diagnóstico médico, critérios específicos para o transtorno classificam a pré-puberdade até os 13 anos. Uma pessoa que é diagnosticada com pedofilia deve ter ao menos 16 anos de idade, mas adolescentes devem ser pelo menos cinco anos mais velhos que a criança pré-púbere para que a atração possa ser diagnosticada como pedofilia».
No entanto quando pesquisei o termo "ecofilia", não consegui encontrar qualquer definição, provavelmente porque não existe tal termo, apesar da atitude humana enquanto sociedade ser de ecoófilos, isto é, estupradores da Natureza.
Voltando à Wikipédia, entenda-se como estupro:
«Estupro, coito forçado ou violação é um tipo de agressão sexual geralmente envolvendo relação sexual ou outras formas de atos libidinosos realizado contra uma pessoa sem o seu consentimento. O ato pode ser realizado por força física, coerção, abuso de autoridade ou contra uma pessoa incapaz de oferecer um consentimento válido, tal como quem está inconsciente, incapacitado, tem uma deficiência mental ou está abaixo da idade de consentimento.O termo estupro é usado às vezes indistintamente do termo agressão sexual».
Se eu modificasse ligeiramente o texto acima sobre a definição de estupro envolvendo humanos e adequando-o ao que eu acompanho diariamente no ambiente, teríamos a seguinte forma de redação:
«....outras formas de atos agressivos realizados contra ecossistemas sem o seu consentimento...».
De outra parte não teria de modificar praticamente em nada o texto seguinte:
«O ato pode ser realizado por força física, coerção, abuso de autoridade ou contra um ambiente incapaz de oferecer um consentimento válido, tal como quem está inconsciente, incapacitado, tem uma deficiência mental ou está abaixo da idade de amadurecimento».
Em resumo o que eu quero destacar é que se por um lado a espécie humana está muitíssimo preocupada com a liberdade de expressão, assunto fundamental no sentido de garantir as liberdades individuais e de expressão, típicas de um sistema democrático de verdade, por outro a mesma sociedade não toma praticamente o menor conhecimento do genocídio que implementamos em nosso país quando o assunto é ambiente, mesmo quando é desse assunto que dependemos para sobreviver e o genocídio esteja acontecendo bem ao lado de casa.
Parte do reflexo disso é a matéria do jornal O Globo que versa sobre a grotesca situação no que diz respeito ao saneamento básico no Brasil e principalmente no estado do Rio de Janeiro, que de política estratégica de estado, o assunto se transformou numa outra máquina de fazer dinheiro fácil para a obesa e ineficiente máquina estatal.
Vamos aos números da matéria:
«A situação é de fato trágica, considerando-se os efeitos colaterais deletérios, decorrentes da falta de uma cobertura minimamente aceitável em grande parte do país, sobre a saúde das pessoas — um fator grave de pressão no orçamento do SUS e no meio ambiente.
O esgoto de 45% da população — ou 93,6 milhões de pessoas — não é tratado. Quando se veem as estatísticas mais de perto, a tragédia fica ainda mais evidente. Por exemplo, a grande maioria das cidades brasileiras — 4.801 de 5.570 — tem índices de remoção da carga orgânica dos esgotos inferiores aos 60% exigidos pelo governo federal. Somadas, elas abrigam 129,5 milhões de habitantes, um enorme contingente de pessoas.
Há vários indicadores alarmantes. Outro deles: 70% dos municípios tratam esgoto com no máximo 30% de eficiência. Por tudo isso, 57% da população brasileira residem em municípios nos quais os rios não têm vazão capaz de diluir a carga orgânica que recebem. Se já não morreram, morrerão.
Um grande e conhecido destaque negativo neste e em outros levantamentos é o Rio de Janeiro, o segundo estado da Federação, mas com índices de saneamento abaixo da crítica. Sendo responsável por 9,4% do total do esgoto gerado no país, o estado não consegue tratar 68% dele. A parcela de 73% dos fluminenses é atendida por algum tipo de coleta, incluindo soluções individuais como fossa séptica. Mas, nas cidades, por exemplo, mais da metade do esgoto é coletado, porém apenas 42% dele são tratados.
Não surpreende, portanto, que, segundo a ANA, o litoral do Rio de Janeiro é, em todo o país, o que proporcionalmente tem o maior índice de rios com a qualidade da água comprometida».
(O Globo - 07/10/2017)
Diante desse quadro onde por um lado, enquanto sociedade do ponto de vista do ambiente estuprado, somos um bando do ecoófilos, pois não respeitamos os mecanismos básicos de sustentabilidade dos processos naturais que nos sustentam, violentando com variados contaminantes a qualidade dos corpos dágua, solo e ar, suprimindo, matando ecossistemas inteiros dos quais todos dependemos direta ou indiretamente, sinto informar aos cariocas, míopes e em estado de negação permanente, que especialmente nosso estado e nossa cidade, são os exemplos clássicos do que eu enquadraria como uma relação de ecofilia. Nada de diferente para uma cidade acostumada a lançar modismos e tendências para o país inteiro, sempre na vanguarda do pior e do melhor.