Você sabia que todos nós quando adquirimos alguma tecnologia de ponta pagamos duas vezes por ela? Da mesma forma quando uma nova droga ou medicamento é lançado no mercado? E que legalmente, todos nós deveríamos receber um exemplar em casa pagando somente os custos do envio?
Vamos falar primeiro da tecnologia. O que a maioria de vocês que tem um Iphone ou alguma coisa parecida nos bolsos, ou está olhando para a tela de um computador agora não sabe, é que toda tecnologia básica sempre é desenvolvida através do dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes. Por exemplo, o GPS. Da onde vem o GPS? O GPS foi criado pela marinha americana através de um programa chamado NAVSTAR. Assim como os primeiros computadores foram desenvolvidos pelo Pentágono – o serviço de inteligência militar dos Estados Unidos da América.
É válido lembrar que tanto os computadores quanto o GPS foram desenvolvidos sob o pretexto de segurança. Mas a verdade é que o Governo não liga para a sua segurança. O que eles se importam é com o próprio poder e a segurança para o poder corporativo. Entretanto isso é assunto para outro artigo. O foco aqui é o financiamento de tecnologias “privadas”. E para que você entenda isso precisa primeiro compreender como funciona o processo de investimento.
A maneira qual este sistema funciona é a seguinte: o contribuinte paga os seus impostos, e através do financiamento estatal acaba por assumir os riscos bancando o investimento por décadas – literalmente décadas. E quando alguma coisa lucrativa pode ser desenvolvida o lucro é entregue para o setor privado. Se tivéssemos alguma coisa remotamente parecida com um sistema capitalista as empresas teriam que seguir o principio capitalista. Ou seja, um investidor teria que assumir os riscos, e investir, e esperar, e dar passos arriscados. E se algo sair disso então o lucro vai para o investidor. Porém não é assim que funciona no mundo em que vivemos.
O lucro vai para pessoas que não tem nada a ver com isso, como por exemplo, para empresas como a Microsoft ou Apple. E eles não criaram os primeiros computadores. Eles pegaram. Foi dado a eles literalmente por décadas. Eles apenas aperfeiçoaram uma tecnologia básica que foi desenvolvida pelo exército. O mercado para PC’s – os computadores pessoais – se tornou viável por volta de 1977, ou seja, cerca de 30 anos após o desenvolvimento ter sido bancado quase inteiramente pelo Estado, da mesma forma como o Estado banca um prédio público.
Outro exemplo é a indústria farmacêutica. A pesquisa e o desenvolvimento básico para formulação de novas drogas e remédios é quase toda feita no setor estatal. Lugares como os laboratórios de biologia das faculdades federais onde a maior parte da verba (senão toda) vem do Governo. Onde depois de pronta é entregue para algum laboratório que começa o processo de desenvolvimento e adquire o direito de Propriedade Intelectual. Propriedade intelectual nada mais é do que um termo educado, um eufemismo, para direitos de preços de monopólio estabelecidos pelo Governo, para assim “justificar” valores de patentes extraordinariamente altos quais nunca existiram na história. Permitindo que as corporações farmacêuticas e algumas outras mantenham os preços altos e os lucros astronômicos.
A parte que é feita pela indústria farmacêutica é a parte próxima da comercialização e aperfeiçoamento. Como modificar uma molécula para conseguir uma droga nova ou um novo resultado. Mas a pesquisa básica, a parte difícil, custosa e arriscada, é feita por pessoas como você. Você paga seus impostos e as firmas farmacêuticas levam os lucros.
Existe um estudo de um economista americano, Dean Baker, que estima o que aconteceria de 100% da P&D fosse bancado pelo público. E as empresas farmacêuticas fossem obrigadas a ir ao mercado para vender apenas o que eles produziram. Haveria uma economia colossal para o público e uma redução drástica dos lucros para as grandes indústrias. Isto é propriedade intelectual.