Feito por uma máquina de publicidade sensacionalista, evitado pela comunidade gay e rejeitado por muitos críticos, Jobriath explodiu na cena Glam Rock na década de 70. O único problema é que o mundo não estava preparado para ele.
Jobriath nasceu Bruce Wayne Campbell, em Filadélfia, em 1946, em uma família de classe média. Chegou a usar vários nomes e identidades diferentes até se estabelecer como "Jobriath". Trazia os olhos arregalados do punk inocente e cansado do mundo, com um toque de Mick Jagger na voz, e era embaraçosamente efeminado em uma era de couro e bigodes.
Para a imprensa musical britânica ele parecia um charlatão, um plágio de David Bowie. Foi chutado, maltratado e agredido pelos críticos. Sempre retratado como uma piada ou lembrado como um miserável dos anos 70. Esses mesmos anos 70 que passavam por uma depressão, com os sonhos e o otimismo da década de 60 azedados e evaporados. A vida foi sendo preenchida com o trabalho árduo, greves e cortes de energia. Contra esse pano de fundo incolor, o glam rock surgiu jogando todo o seu glitter sobre a sujeira.
Glam rock ou glamour rock é um estilo musical criado na Inglaterra, conhecido também como glitter rock. Surgiu no final dos anos 60 e se tornou popular no início dos anos 70. David Bowie já estava ocupado em transformar essa paisagem musical com trajes extravagantes, performances purpurinadas, saltos altos, batons, lantejoulas, paetês e trajes elétricos. Trazia à tona toda a androgenia e o glamour com um rock n’ roll que esbanjava sensualidade. A mesma sensualidade e extravagância que não faltavam em Jobriath. Ser chamado de “a primeira bicha do rock” (foi a primeira figura musical a assumir abertamente sua homossexualidade) soava pejorativo mas era uma forma proposital de chamar a atenção. Em 1973, declarou-se em uma entrevista como sendo "A Fada Madrinha do Rock".
Um dos grandes sucessos de Jobriath - I'maman
Jobriath começou a sentir o gosto de ser celebridade em Los Angeles, quando participou do musical Hair. O rodutor Jerry Brandt (descobridor de talentos como Carly Simon, Patti Smith e Barry Manilow) mantinha uma complicada relação com o artista mas mesmo assim conseguiu que Jobriath assinasse um contrato de 500 mil dólares com a gravadora Elektra Records, considerado o mais lucrativo na época. O reinado de Jobriath foi breve, durando menos de dois anos e dois álbuns. O artista ainda foi convidado a participar em filmes e em um musical autobiográfico chamado Pop Star, mas seu contrato com Brandt o deixou incapaz de fazê-lo.
Em meados de 1975, Jobriath anunciava a sua aposentadoria e se mudava para um apartamento do Hotel Chelsea, em Nova York. Chegava ao fim todo o glamour da Fada Madrinha do Rock.
Em mais um momento de transformação, suas performances de trejeitos femininos e figurinos apelativos mais poderiam concorrer com o novos músculos e bigodes. Bruce, então, novamente se reinventa e torna-se "Cole Berlin", cantor de cabaré, fazendo shows no estilo anos 20 e 30 no restaurante do mesmo hotel em que morava. Teria alcançado mais sucesso nessa nova empreitada se não tivesse a carreira interrompida pela AIDS.
Jobriath morreu em 3 de agosto de 1983, aos 37 anos. Foi uma das primeiras vítimas da AIDS. Passou seus últimos dias em um ostracismo tão profundo em seu apartamento que o corpo só foi encontrado 4 dias depois pelos vizinhos. No entanto, novas gerações de fãs descobriram sua música através de outros astros da música como The Pet Shop Boys, Gary Numan, Scissor Sisters e Morrissey, os quais citaram Jobriath como influência.
O documentário Jobriath A.D. (2012), dirigido por Kieran Turner, traz imagens de arquivo e depoimentos sobre Jobriath, retratando o primeiro astro do rock declaradamente gay.