Na série Amor da Minha Vida, estrelada por Bruna Marquezine e Sérgio Malheiros, acompanhamos a amizade dos dois jovens e as adversidades da vida de uma pessoa de 20 e poucos anos, e uma das temáticas é o amor. Depois de alguns episódios e monólogos fortes, chorei muito, e por mais bobos que alguns dos diálogos parecessem por sua naturalidade, a identificacão com situacões corriqueiras com a minha própria vida tornou tudo mais real pra mim.

Desta maneira, venho com esta inspiração, na tentativa de escrever mais um artigo. Atualmente as pessoas buscam o superficial, o rápido, o descartável, não se dão o direito de aprofundar uma relação, conhecer alguém de verdade. Você dizer que busca mais que encontros rápidos e secretos é visto como surreal, e assim se vê banida pro vale dos emocionados. O romantismo é coisa de livro, algo do passado.

Eu, que sempre fui ou me considerava romântica, me vejo atualmente num abismo solitário. Já não acredito no amor, nao no romântico. Amo ficar sozinha, amo viajar, amo estar comigo mesma, amo minha famflia, meus amigos, minhas pequenas conquistas e vitórias em batalhas silenciosas. Fora isso, o romance só em livros. Este ano em terapia aprendi a viver o luto de amores que tinham tudo pra dar certo e não deram em nada, por inúmeras razões. A falta de entrega, as mentiras, a falta de responsabilidade afetiva e a indisponibilidade emocional de parceiros volúveis.

Moro longe da família, sou de poucos amigos e isso me torna um alvo fácil da carência. Lidei com situações adversas e várias facetas do tal amor e do término. Mais uma vez comprovei que um coração sempre pode se partir mais. Voltou numa imensa mentira que acabou de quebrar o que havia sobrado, que com tanto custo tentei reconstruir. O amor de verão que supostamente era diversão, virou dor de cabeça. As pessoas realmente não têm um pingo de responsabilidade das suas ações quando se envolvem com alguém, mesmo com prazo de validade carimbado.

Tem um em especial, o primeiro, minha primeira grande paixão, o mais volúvel de todos. Numa bolha parecíamos perfeitos um pro outro, um encaixe em tudo, uma química, mas amor é mais que isso né? A rotina só nos desgastou, o choque cultural foi incapaz de superar o sentimento, meu coração cansado me pediu uma vez mais, dessa vez com uma voz já exausta: chega, ele não vai mudar.

Tenho tratado todas essas passagens na terapia com certa sabedoria, e cheguei à conclusão que amor não é pra mim. Saio magoada e acabo por sangrar em quern nada tem culpa. Tenho consciência disso e maturidade o suficiente pra não querer mais, não aguento, já nao suporto o amor romântico que não existe na minha vida.

Então ao me deparar com a série que aborda tantas coisas mundanas, como a persistência de um sonho quase inalcançável para a protagonista, os fracassos da vida - entre eles os amorosos - , e tudo na vida dela que parece desmoronar, eu só chorei carregando peso de dores passadas que ja não deveriam me afetar.

A crise dos 20 e poucos anos, 20 e tantos pesa demais. Foi uma limpeza na alma, hoje falei disso tudo em terapia. Somos uma geração das mais inteligentes e com acesso a tantas coisas, ainda assim tudo parece pouco, queremos mais da vida, queremos a profissão dos sonhos que é quase, quase alcançável, queremos ter estabilidade emocional e financeira. Uma coisa acaba por afetar a outra, e amor tranquilo e parceria? Não conte com isso.

Somos frutos de um QUASE, quando a personagem diz que é quase a mais bonita, quase a melhor, quase a escolhida, quase, quase, é me ver em tela. Um lopping infinito de tentativas que só viraram um acúmulo de quases na minha vida. E perceber que nesse ponto da cena ela nao fala de amor, sim de sonhos. É cruel e real.

Como é doloroso nunca chegar lá...

Claro que nem todas as perdas são perdas, e sim chances de recomeçar da maneira correta consigo mesma, se ouvir com mais carinho, sedar atenção e colo, nao esquecer dos sonhos. Pra agora sigo no sonho de escrever e a crise dos 20 e poucos vem me esmagando, é cansativa a luta. Os dias passam, a idade chega e começo a me sentir velha pra tanta coisa, eu queria tão mais, queria ter vivido mais.

Relativamente ao amor estou decidida a continuar nos livros de romance. Fora isso? Nao perderei mais meu tempo. Numa outra cena em que Bia [personagem de Bruna Marquezine] reencontra o antigo amor, foi como me ver em tela, e como aquele reencontro foi tão similar ao que me aconteceu com aquele meu ex-namorado!

Amores, amores da vida, viram histórias e nem sempre com finais felizes. Por isso aqui na terra encerro minha temporada, chorei no mundo real, chorei com a história da Bia, mesmo torcendo que ela em ficção tivesse um final diferente do meu, assim chorei pela Raíssa.

Os emocionados, os intensos, os românticos agora extintos, ficaram na história. Seguirei aqui com meus livros, meus filmes e minhas séries onde finais felizes acontecem, ou chegam perto disso. Já indico, Amor da Minha Vida, uma série que não dei nada e restaurou minha inspiração e boas reflexões sobre muita coisa em minha vida.

Amor da minha vida, em você já não acredito então encontre um nova alguém por aí onde está.