Se for apenas pelo nome talvez as pessoas fora do mundo dos animes e mangás não a reconheçam, mas ao fazer alusão as suas obras e ao seu traço característico, as pessoas logo já sabem de quem é a autoria.
Rumiko Takahashi é provavelmente uma das maiores autoras de mangá que o mundo já viu. A autora não é dona de apenas um sucesso, mas de diversos sucessos que são extremamente conhecidos por fãs (e não fãs) de mangás. Sua obra mais conhecida e icônica é Inuyasha e fez a autora, que já era ovacionada no Japão, ganhar o mundo.
Não apenas Inuyasha é o seu maior sucesso, a autora faz parte do seleto grupo de mangakás que produziram não apenas uma obra de grande sucesso, mas várias obras famosas. Além de Inuyasha, Rumiko também criou Urusei Yatsura, Ranma ½, Rin-ne e seu mais recente sucesso Mao.
Enquanto Urusei Yatsura e Ranma ½ são mangás mais cômicos, Inuyasha, Rin-ne e Mao são mangás shonen (voltado para meninos) e com um mundo mais místico e mitológico. Aliás essa é uma das maiores marcas da autora, o uso massivo e constante de elementos da cultura, história e mitologia japonesa, com Ranma ½ sendo uma exceção, pois a autora utiliza, ao invés de elementos japoneses, elementos chineses.
Outra marca da autora é o seu traço extremamente característico, lembrando muito pinturas japonesas antigas misturadas com um traço de mangá mais moderno. Ao contrário de outros autores, que por vezes colocam seus personagens masculinos com corpos definidos e musculosos e as personagens femininas com corpos voluptuosos e de roupas curtas. Rumiko mantém seus personagens com corpos mais “normais” e menos sexualizados.
Falando em personagens femininas, Rumiko também parece ter uma preferência mais por personagens briguentas e masculinas do que personagens extremamente femininas. Mesmo quando as personagens são mais femininas, elas tendem para uma beleza mais oriental e delicada, não tanto para sexualidade e um corpo curvilíneo.
Não apenas mais masculinas, a autora vai além e também coloca algumas delas com o cabelo curto (Akane em Ranma ½ e Nodoka em Mao), uma verdadeira quebra da norma de protagonistas femininas, especialmente em obras do gênero shonen. Além disso, suas personagens femininas não são relegadas a suporte em lutas ou donzelas indefesas, elas ativamente lutam e estão na linha de frente nas batalhas e, por muitas vezes, são mais poderosas do que os protagonistas da obra.
Aliás, outro fato interessante é o fato de, apesar da maioria de suas obras carregarem o nome do protagonista masculino (Mao, Inuyasha, Rin-ne e Ranma ½, com Yatsura sendo uma exceção), a história é sempre contada do ponto de vista da heroína, com a única exceção sendo Ranma ½ (o que é discutível, pois Ranma se transforma em uma mulher no mangá, o que tecnicamente mantém o modus operandis da autora).
Como já citado anteriormente, Rumiko utiliza massivamente da cultura, história e mitologia japonesa (e no caso de Ranma, chinesa) em suas obras, transformando-as não apenas em histórias, mas verdadeiras enciclopédias sobre o Japão. É fantástico ver como a autora pesquisou a fundo os assuntos para os inserir dentro de suas obras.
Outro ponto a ser citado é o fato da autora fazer sucesso com todos os públicos e de suas obras, apesar de não seguirem os diversos clichês de outras obras do mesmo gênero, serem referência até hoje para autores mais jovens. Contudo, mesmo sendo grandes sucessos, as obras de Rumiko sofrem de alguns defeitos que, infelizmente, perduram em todos seus mangás.
O primeiro é o fato de as histórias serem muito longas e, por algumas vezes, cansativas. É muito nítido ao se ler, os pontos em que a história parece “encher linguiça” e servir apenas para esticar a obra e a editora se aproveitar do sucesso dela. Urusei Yatsura teve 34 volumes, Ranma ½ teve 38 volumes, Inuyaha teve 56 volumes, Rin-ne 40 volumes e Mao consta até o momento com 21 volumes no Japão.
O segundo problema é que suas obras acabam sofrendo por terem personagens, protagonistas e até mesmo histórias muito parecidas umas com a outras, com Mao sendo um dos piores casos, pois a própria premissa da história lembra muito a de Inuyasha e é muito visível ao leitor as diversas semelhanças de sua obra mais recente com sua obra mais famosa. Os personagens também acabam caindo em certos estereótipos o que acaba por diminuir a profundidade deles.
Ranma ½ é provavelmente a obra que mais sofre desses problemas, pois, por ser uma comédia, a obra não tem uma história fixa para seguir e os capítulos acabam parecendo episódios isolados, raramente tendo algum desenvolvimento que não traga os personagens novamente ao status quo de suas personalidades. O final de Ranma ½ também acabou por ser muito criticado por não ser um final propriamente dito e nada se resolver, o que acabou desagradando os fãs.
Se Mao sofre por ser muito similar e Ranma ½ por não ter desenvolvimento, Inuyasha sofre por ser longo demais e por ter muita extensão desnecessária de sua história. Por ser sua maior obra, é entendível o fato da editora (e as vezes da própria autora) em querer prolongar o máximo possível a obra, contudo, para o leitor acaba sendo cansativo, pois a história acaba não se desenvolvendo e os personagens não saem do lugar comum. Dos seus 56 volumes, Inuyasha facilmente poderia ser reduzido em 20 volumes ou até mais sem ter uma perda significativa na história.
Mas apesar dos problemas, as obras de Rumiko são altamente divertidas e interessantes, e continuam atraindo mais e mais fãs a cada ano que passa. É por essas razões que esse mundo fantástico da autora merece ser visitado.