Por vezes é importante deixarmos que os assuntos aleatórios assumam seus lugares, principalmente quando o final do ano está batendo na porta e a mente está bem cansada, e mente cansada é o pior problema de um escritor, afinal como escrever um texto interessante se o cérebro está precisando de descanso? Não sei, mas vamos tocar esse barco e tentar chegar ao final desta crônica...
O ócio, ao contrário do que muitos pensam, quando bem aplicado na vida, ativa a criatividade, um cérebro cansado não tem como criar nada que preste. Contemplar a vida, a natureza e descansar sem culpa, torna a mente mais criativa, isso é certo. Mas cuidado para não deixar a mente vazia, daí você abre as portas para o mal fazer morada ali. Contemplar e não fazer nada são coisas distintas, apesar das controvérsias.
Se estamos cansados mentalmente o corpo sente a pressão, parece que o cansaço mental canaliza toda energia física para fora, é muito comum quando estamos cansados mentalmente não termos vontade de fazer mais nada, permanecendo prostrados o dia todo, portanto é interessante parar um pouco que seja e aliviar a mente, arrumar uma distração fora do trabalho, como ver o sol nascer.
Podemos muito bem dividir o nosso tempo entre o trabalho e o descanso, mas há um grupo de pessoas que defende a prática de que para crescer na vida o trabalho seja incessante, coisa de oitenta horas semanais, eu acredito em quem diz que tanto faz você trabalhar duas horas ou oito horas efetivamente, desde que as horas trabalhadas sejam produtivas e tragam os resultados esperados.
Quem nunca ouviu um escritor ser chamado de vagabundo? Se não ouviu você é uma exceção. Somos constantemente atacados por aí, pois quem não escreve também não sabe como é passar por momentos de bloqueio mental, não é bobagem, é coisa muito séria e acontece porque o cérebro simplesmente está cansado, precisando de uma pausa, afinal somos humanos e não máquinas!
Agora inventaram o tal do Chat GPT, eu nunca usei e nem sei como funciona esse sistema, dizem que ele vai ajudar muito a nós escritores, pode até ser que um dia ajude, mas acho que vai demorar. Nada substitui a mente humana, e quem disse foi um especialista que vi outro dia na televisão. Os textos que eu li gerados por esse sistema eram, além de um compilado de textos da internet, simples e sem alma, prefiro os textos escritos por pessoas que se sentam na frente de um computador e escreve.
Afinal, para escrever minhas besteiras, basta eu mesmo e meus neurônios enlouquecidos por ter que fazer textos e mais textos, cumprindo prazos estipulados pelo editor e ainda por cima com alguma qualidade para serem publicados, um trabalho enorme, que pessoas vagabundas não fazem nem a pau, nem usando o tal do editor de texto de inteligência artificial.
Mas falando em inteligência artificial, eu não gosto muito de nada que seja artificial, principalmente dessas pessoas que fazem um monte de procedimentos estéticos que mudam sua fisionomia, negócio de harmonização facial, peeling de não sei o quê, implante capilar (eu sugiro não fazer, porque é muito melhor não ter cabelos), silicone e outros procedimentos que tornam a pessoa uma coisa diferente do que ela foi um dia.
Prefiro a beleza ou a feiura natural do que a artificial, porque tem gente que, em busca da beleza perfeita, dá com os burros n’água, viram uma massa disforme parecida com um ser humano, talvez acreditem que melhoraram. Mas o ser humano é complicado mesmo, tem suas insatisfações, muitas delas provocadas por uma cobrança desmesurada por um padrão inventado pela mídia.
Outro dia eu estava em uma festa junina de uma igreja na roça, um distrito aqui de Juiz de Fora, tinha quadrilha, canjiquinha, feijão amigo, pescaria e outras coisas típicas do período. Vi uma criança, vestida de caipira, que descolava os remendos da roupa, então entendi que hoje as mães não costuram mais os retalhos nas roupas de seus filhos, pois compram adesivos na papelaria e colam. No meu tempo era mais legal, minha mãe costurava os retalhos e eu ficava amarradão de caipira.
A humanidade evoluiu e com essa evolução foram se acabando algumas coisas boas de outros tempos, a gente conversava com os amigos no boteco, visitava os parentes e na casa das tias sempre tinha um bolo, um biscoito, feitos por elas. Hoje um bar parece um velório, pois cada um fica olhando para seu celular, na casa das tias elas pedem comida pelo aplicativo e cada um que coma a gororoba sem reclamar.
Parece que estou meio cansado disso tudo, eu queria voltar no tempo, entrar em um DeLorean ou num Puma mesmo e ter a chance voltar alguns anos, ver minha avó novamente, conhecer a outra avó e meus dois avôs que não conheci. Eu queria mesmo, se pudesse, é comer o arroz que minha avó fazia, uma delícia, que ninguém até hoje consegue igualar. Se tiver algum professor Pardal que saiba fazer algo parecido com uma máquina do tempo eu topo ser a cobaia!
E falta muito pouco para o ano acabar, sinceramente, eu acho que ele está demorando muito, já vi alguns anos passarem mais rápidos, será que a Terra está girando mais lentamente ou eu estou ocioso demais para me manter criativo? Não sei o que está acontecendo, acho que estou sofrendo de ansiedade, tenho que me distrair para afastar esse sentimento!
Papai Noel, espero que o senhor me traga um presente! Juro que estou tentando ser um bom menino neste ano. Falei pouco palavrão, não menti para minha esposa, não fiz malcriação e fui à missa aos domingos. Não precisa ser presente caro, pode ser grande, como aqueles que eu ganhava quando criança das tias pão duras, meu aniversário é próximo do Natal e era isso que elas falavam quando chegavam com aquelas caixas enormes e baratas, naquela época eu queria dois presentes!
Mas agora não me chateio mais com a quantidade, só quero um presente! Obrigado! Espero ter feito um bom texto, volto a afirmar que estou cansado, esse ano está sendo complicado, muitas atividades, graças a Deus, mas estou precisando viver um pouco de ócio e deixar de lado meus ofícios, como diz o outro: “estou no pó da rabiola”, e ainda tem mais dois meses pela frente. Dai-me forças!