Existe o ditado popular que diz que agosto é o mês do desgosto; eu discordo peremptoriamente porque não tem nada a ver uma coisa com a outra. Pelo contrário, acredito que gosto ou desgosto depende da pessoa. Se ela está feliz e realizada, certamente qualquer mês será de muito gosto, mas se estiver triste e para baixo, será o contrário: desgosto.
Sendo que, em qualquer das situações, tanto de gosto quanto de desgosto, as coisas mudam. A vida é dinâmica e acontecem tantas coisas “de repente” que pode acontecer de, logo em agosto, você que está lendo essa crônica não estar em um momento legal ou estar no seu melhor momento do ano. Se não estiver bem, desejo que tudo se encaminhe da melhor forma e você encontre novamente a alegria. Se estiver tudo lá no alto, que assim permaneça por muito tempo!
Sou uma pessoa que não tem superstições, nem poderia porque sou meio esquecido. No caso do meu time, tenho apenas uma camisa, já a usei em momentos de vitória e de derrota e sou consciente de que, se o time ganhou ou perdeu, foi porque jogou bem ou mal, ou o time adversário não jogou bem quando perdeu, ou jogou muito quando ganhou. Coisas que acontecem, não porque eu estava com a camisa tal ou com a cueca de monstrinhos amarelos (deixo claro aqui que não tenho cueca de monstrinhos amarelos).
Superstição é algo muito sério para algumas pessoas, mas não passa de uma crença infundada de que, se agirem sempre do mesmo jeito ou vestirem sempre uma determinada peça de roupa em algumas situações, tudo dará certo. É crendice popular, às vezes levada na brincadeira, outras vezes levada bem a sério, mas não se fundamenta em bases racionais.
A meu ver, o mês de agosto é como qualquer outro mês com trinta e um dias, e tem como principal característica ser o mês de retorno às aulas depois das férias de meio do ano. Talvez aí seja um motivo de desgosto; no meu tempo de estudante era mesmo, principalmente porque eu teria que voltar a ter aulas de matemática, química e física, verdadeiros suplícios para uma pessoa não afeita aos números.
Além do mais, vamos combinar que coisas ruins acontecem o ano todo, em todos os meses, e temos que nos virar para superar cada uma delas. A vida acontece a toda hora, ela é uma sucessão de momentos. Agora você está lendo este texto, e eu posso estar escrevendo outro ou, se for mais tarde da noite, já estarei dormindo, sei lá. O bom mesmo é aproveitar cada momento da vida sem as preocupações que não levam a nada. Aliás, eu creio que amanhã será melhor do que hoje.
O mês de agosto não tem significado nenhum na Bíblia, não há menção alguma a ele, até porque naquela época o tempo e os meses não eram contados como são atualmente. É um mês de inverno, onde estamos mais voltados à introspecção. Portanto, talvez seja um bom momento de rever decisões, renovar a esperança e seguir em frente com pensamento e atitudes positivas.
Em algumas partes do mundo, o mês de agosto representa um momento crítico para os agricultores, época de colheita, de condições climáticas adversas que podem levar todo o trabalho de um ano ao fracasso, tornando as pessoas tensas e preocupadas. Mas não é o mês em si, e sim a natureza. Ela não sabe se o mês é agosto ou dezembro, ela tem seus ciclos e eles ocorrem há milhões de anos.
Em relação ao clima, as coisas estão mais complicadas em consequência da ação humana. Chove mais onde não chovia, chove muito mais onde já chovia muito. Em outras regiões onde não chovia, agora chove; ou, se chovia, agora não chove. Bagunça climática que, se não fizermos alguma coisa, só vai piorar com o tempo. Assunto para outra crônica, talvez.
O importante é sermos seres de amor. Espalhar o amor pelo mundo é o que faz a diferença. O amor é a maior força que existe no mundo, supera barreiras, quebra superstições, nos faz olhar para o outro com generosidade e respeito. Falamos muito sobre o amor em momentos específicos como na Páscoa ou no Natal, por exemplo, mas ele deve estar presente todo dia em nosso coração.
Desgosto é uma palavra muito forte, significa falta de prazer, de alegria. Além disso, pessoas desgostosas não conseguem ter uma visão clara de futuro, se tornam negativas, tristes, enjauladas em si mesmas, em meio aos fantasmas criados por elas, perdendo o gosto pela vida, deixando que a vida escoe pelos dedos, perdem suas vidas em plena vida, deixam de viver os bons momentos remoendo coisas ruins, sofrendo de depressão e se colocando na escuridão interna.
Deixemos de lado essa coisa de mês do desgosto para não sermos, de forma deliberada, tragados para a nossa própria caverna, onde ficamos olhando tudo de forma distorcida, sem entender que aquilo é ilusão e que a luz é real e pode ser alcançada com nosso próprio esforço. Basta que tiremos de nosso vocabulário e de nossas superstições tudo o que nos leva a ser negativos.
A vida é bela demais para nos deixarmos levar por pensamentos e tradições negativas. Um mês é só um mês e pronto, o que vai acontecer dentro dele poderia acontecer em qualquer outro mês, dia ou ano. Um mês não determina uma vida, você, eu e todo mundo chegamos até aqui ilesos, passamos por tantos agostos, eles fazem parte da vida, e virão outros tantos pela frente.
Há uma tendência de valorizar as derrotas, se colocando para baixo, depois associam as derrotas a coisas, pessoas ou números. Afinal, o que é um dia, um mês ou um ano senão um número no calendário? Nós somos feitos de matéria, temos alma, pensamos e podemos colorir o mundo como quisermos. Basta pegar as tintas da vida que desejamos e pincelar à nossa volta. Valorize mais as vitórias, seus esforços! Nem de brincadeira digamos mais que esse é o mês do desgosto!