Encontrar caminhos, se encontrar nessa jornada, se encontrar em si está cada vez mais complexo. São tantas vertentes, tantas opções variadas que acabamos por nos perder no momento da escolha, seja em todos os sentidos: corpo, alma, mente e espírito.

Estamos atentos ao que estamos consumindo? Ao que estamos inseridos? Nas relações com o outro? Em nosso dia a dia? Na vida profissional? O quanto estamos sendo dissuadidos por essa tal modernidade?

Pensar na modernidade traz à tona a tecnologia, seus variados dispositivos e facilidades, assim como questões socioculturais enraizadas no dia a dia de cada um. Essa era vem chegando com tanta vivacidade e velocidade que estamos sendo envolvidos por tantos assuntos, pessoas, lugares, tarefas e demandas que, muitas vezes, não nos damos conta. Quando percebemos, estamos imersos sem ter dimensão do que se trata, atendendo a tudo e a todos de maneira rasa, superficial, perdendo o foco e os valores. Quando caímos em si, já passaram-se anos de aceitação, vitimismo, procrastinação.

O quão absurdo é esse mundo de experiências imediatistas, no qual o contato com o outro está cada dia mais escasso. Representar-se como “gente”, mostrando todas suas incompletudes, opiniões, expondo seu eu, é cada dia mais incomum. O medo vem tomando conta, medo de falar e de garantir sua opinião, argumentando de maneira clara e direta. A grande maioria vem se contaminando com o mundo mais banal; tudo pode, tudo é “normal”. Devemos sempre aceitar as variadas opiniões, sejam elas completamente opostas, caso contrário, somos pessoas preconceituosas, homofóbicas, racistas, entre tantos outros conceitos criados nesses últimos tempos.

O ser humano está seguindo uma linha tão decadente, tão bizarra, que todos esses posicionamentos são vistos como modernidade, as transformações, os reviveres. Claro, notamos o lado positivo de tudo isso: a informação, o acesso a todos, as denúncias, o olhar atento da sociedade. Isso é importante; entretanto, não podemos nos deixar levar pelos excessos, pelas fake news, pelas falas descontextualizadas, pelo tão “famoso” cancelamento, que está em extrema evidência. Vidas são ceifadas, famílias destruídas e o índice de pessoas com depressão ou crises de ansiedade só aumenta.

Estamos tentando sobreviver a essa sociedade desordenada, como se estivéssemos em uma terra sem lei, sem limites, sem respeito e amor! O limite é fundamental para que eu me conheça, conheça o outro, respeitando-o em quaisquer posicionamentos, isso deve acontecer de forma mútua, ambos tendo o mesmo cuidado.

Logo, a modernidade, as transformações, a vida não estão correlacionadas somente ao que discutimos acima. Existem outros eixos estruturantes para esse processo de construção. Na tradução da palavra, significa qualidade ou estado do que é moderno; modernismo. Para alguns filósofos, período influenciado pelo Iluminismo, em que o homem passa a se reconhecer como um ser autônomo, autossuficiente e universal, e a se mover pela crença de que, por meio da razão, pode atuar sobre a natureza e a sociedade.

Em suma, como Carla Rinaldi diz, o diálogo é fundamental. Trata-se de uma ideia de diálogo não como troca, mas como transformação, diálogo como crescimento, como possibilidade de abertura para novos caminhos ou conceitos. Porém, chegar nesse lugar exige respeito e escuta. Pensar na sociedade e no mundo que vivemos como um lugar de práticas éticas e políticas, de encontros, conexões, de interação entre cidadãos, os mais jovens, mais velhos, vivendo em comunidade.

Cuidar das relações e reconhecer o seu entorno com ética, delicadeza e comprometimento são tão necessários nessa contemporaneidade. Maturana diz que a sabedoria se cria no respeito ao próximo, no reconhecimento de que o poder emerge na submissão e na perda da dignidade, na aceitação de que o amor é a emoção que constitui a coexistência social, a honestidade e a confiança, e no reconhecimento de que o mundo no qual vivemos é sempre, e inevitavelmente, nossa construção.