Não há palavras que descrevam o sentimento de perder um ente querido, alguém que amamos e guardamos junto do coração, mas o que fica depois de já não termos a pessoa connosco? Além das boas memórias, que ajudam no processo de “cura”, e do amor, resta apenas a saudade.
Segundo o dicionário da língua portuguesa, saudade é o sentimento de mágoa, nostalgia e incompletude, causado pela ausência, desaparecimento, distância ou privação de pessoas, épocas, lugares ou coisas a que se esteve afetiva e ditosamente ligado e que se desejaria voltar a ter presentes.
É também a lembrança afetuosa de algo ou alguém ausente. Parece fácil de descrever em palavras, mas é bem mais difícil de lidar com o sentimento em si e todos nós, de uma forma ou de outra, já sentimos o que é a saudade, mas a saudade de alguém é algo incomparável e se esse alguém já não estiver é ainda mais indescritível.
A saudade da perda de alguém aperta cada vez mais à medida que o tempo passa. Ora porque nos falta a voz, o cheiro, o abraço, o sorriso ou simplesmente a presença. Não há forma de contornar esta fase que chega para todos os que perderam um ente querido, mais tarde ou mais cedo, a dor começa a transformar-se em saudade e dói tanto quanto a perda.
Saber lidar com este sentimento é vital para aceitarmos, tanto quanto possível, a dor de perder. Não há, no entanto, uma forma correta de o fazer. Há saudade que vem em forma de sorrisos e boas memórias e há saudade que vem em forma de lágrimas e tristeza. Seja qual for a forma, é importante relembrar que tudo isto é fruto de muito carinho e amor pela pessoa que a vida nos levou.
Sentir saudade de quem perdemos é algo novo para quem nunca sentiu algo semelhante e pode, muitas vezes, ser difícil de lidar. É uma saudade diferente, triste em grande parte dos momentos, mas que, de certa forma, traz algum conforto.
Seja como for, o saber que não existe mais aquele abraço, aquela conversa ou aquele sorriso, traz uma imensa tristeza que deve ser sentida, mas que pode e deve ser colmatada com as memórias boas que temos guardadas. Seja aquelas férias inesquecíveis, aquele jantar especial, as datas comemorativas, os hábitos ou as rotinas, qualquer pensamento positivo traz a força necessária para lidar com a saudade e percebermos a felicidade que a vida nos deu por nos permitir cruzar com alguém tão especial e que nos ofereceu tanto.
Honrar a memória de quem amamos traz-nos paz e apazigua a saudade, apesar da ausência doer. E embora tenhamos de sentir esta dor e esta tristeza para lidarmos com o luto, é também importante não nos deixarmos levar por este sofrimento durante demasiado tempo. Além de nos consumir, impede-nos de seguir em frente e aceitar, porque sim, é essencial fazê-lo para continuarmos.
No fundo, o tempo acaba por fazer a saudade ficar mais leve. O tempo implica que sejamos pacientes connosco próprios, seja qual for o tempo que precisemos, é fulcral sabermos que iremos sentir saudades, recaídas emocionais, ter pensamentos negativos e alguma confusão de como iremos continuar.
Gostava de sentir menos saudades e gostava que doesse menos, mas a saudade faz parte e a cada memória, vou sorrir. Vou permitir-me ser feliz e acreditar que assim o destino o quis, que assim tinha de ser e que assim o queres para mim.
Recordar-me de ti é sentir um calor no coração e uma paz por saber que estás no melhor lugar de qualquer plano estratosférico: o Céu!
A saudade corrói, traz dor, mas permite-me também sorrir e relembrar-te.