Após a destruição da Ordem Internacional que se consolidou durante a Segunda Guerra Mundial, o mundo tentava assimilar os novos caminhos que poderiam ser percorridos nos próximos anos. Ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a criação da ONU, organização cujo objetivo é reforçar a Cooperação Internacional e a manutenção da paz mundial, foi bem aceita pela comunidade internacional, passando a vigorar quase que imediatamente. Porém, os países não deixaram de acompanhar de forma apreensiva os novos capítulos que estariam por vir, principalmente pelo surgimento de novas guerras.
Enquanto a Europa se recuperava da destruição geral ocasionada pela guerra, houve os primeiros sinais de que uma repartição em escala internacional estaria por vir, primeiramente após o Acordo de Potsdam, onde se determinou a divisão da Alemanha em quatro zonas controladas por cada membro das potências aliadas que venceram a guerra (EUA, URSS, Reino Unido e França). Após um afastamento entre os países do Ocidente e URSS, ficou mais clara a divisão entre Ocidente e Oriente e, após um período, começou-se a falar em uma espécie de “Cortina de Ferro” feita pela URSS que cercava desde o lado Oriental da Alemanha, todo o Leste Europeu até as fronteiras da URSS.
O mundo se viu dividido em Ocidente e Oriente, daí a representação da disputa Ocidente x Oriente se iniciou e, em consequência, a Guerra Fria se tornou mais real a partir disto. As primeiras reflexões da Guerra Fria fora da Europa foram no final da Guerra Civil Chinesa, o nosso assunto central, a Guerra das Coreias em 1950 e outros conflitos.
O ponto central do conflito é entender os avanços da Guerra Fria, embora os problemas tenham se iniciado durante a Invasão Japonesa no final do século XIX, passando pela Guerra Sino-Japonesa e a Guerra Russo-Japonesa em 1905 que resultou na anexação da península coreana pelo Império Japonês. A região era vista como uma colônia industrial para o Japão e por um período a sociedade coreana passou por repressão política e cultural. A situação mudou após a derrota japonesa durante a Segunda Guerra Mundial e no pós-guerra, a península coreana voltou a ser alvo de invasão, agora por parte da URSS e dos EUA.
Entre os anos finais da Segunda Guerra Mundial até 1950 foram decididos uma série de acordos sobre a península coreana, como a independência da Coreia, ocupação e zona de influência soviética em troca de apoio contra o Japão, a criação do Paralelo nº 38 e entre outros acordos firmados. Dias após a Conferência de Potsdam, a URSS ocupou a parte norte da península coreana e os EUA alguns meses depois ocupavam a parte sul. Vale ressaltar que a divisão da Coreia por meio do Paralelo nº 38 foi resultado da vitória dos Aliados no pós Segunda Guerra, EUA e URSS optaram por dividir a Coreia temporariamente sem consultar os coreanos e com uma tutela para que estabelecessem um governo provisório, o que logo veio a falhar.
Ao longo de um período de 1946-50, houve uma crescente política e ideológica dos dois lados, além da desordem civil e as greves que devastavam ainda mais a ordem política e econômica em ambos os lugares, o cenário caótico provocou protestos civis que eram respondidos e abafados com a violência da polícia e dos governos ‘temporários’. Ao longo do período anterior a 1950, houve recusas tanto por parte da URSS quanto dos EUA para permitir com que a ONU supervisionasse eleições e a reunificação das Coreias, além da influência ideológica de ambas as partes. As eleições e formação de governos do lado sul e norte trouxeram novos desdobramentos, no lado do sul, a eleição de Syngman Rhee, a criação de políticas duras anticomunistas, a expulsão de coreanos que eram apoiados pela URSS e por fim a proclamação da República da Coreia. Enquanto do lado norte havia a eleição e reconhecimento de Kim II-Sung e a proclamação da República Popular Democrática da Coreia, com apoio da China e da URSS.
Ambos eram extremamente nacionalistas e queriam a reunificação do país de acordo com o próprio sistema, porém estavam havendo embates diretos na fronteira e a escalada de tensões entre ambos os governos. Entre o final de 1948 e a metade de 1949, houve a retirada dos exércitos da URSS e dos EUA tanto da parte do Norte quanto da parte do Sul, porém a escalada da tensão na fronteira levou ao embate profuso entre ambos os lados, além de uma invasão por parte da Coreia do Norte no lado sul da fronteira e, em julho de 1950, foi declarada a Guerra das Coreias.
No geral, durante a Guerra das Coreias ambos os lados tiveram apoio de diversos países, entre eles alguns países europeus, asiáticos, China, URSS e EUA. A ONU e o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenaram a invasão da Coreia do Norte, a aprovação de resoluções para tentar frear a guerra e constituir a paz, logo houve uma maior intervenção dos EUA, depois da URSS e China. Entre 1950 a 1953 diversos crimes de guerra e batalhas sangrentas ocorreram entre Norte e Sul, até julho de 1953 quando houveram as últimas trocas de prisioneiros, as negociações de armistício entre ambas nações e a criação da Zona Desmilitarizada entre as Coreias.
O pós-guerra teve consequências negativas para ambos os países, estagnação econômica, crise política, greves, protestos populares foram reflexos em ambos os países. Na Coreia do Sul, os sucessivos golpes de Estado levaram a um governo repressivo e duro, enquanto na Coreia do Norte, Kim II-Sung se perpetuou no poder do país, o que provocou políticas repressivas e isolacionistas, tendo parceria somente com URSS, China e países do bloco comunista.
Após quase 75 anos do fim da guerra, o ódio nutrido entre ambas as nações é algo perceptível no ambiente internacional, por vezes houve agressões principalmente pela Coreia do Norte. A Coreia do Sul conseguiu se reestruturar economicamente, politicamente e socialmente, por outro lado, a Coreia do Norte se manteve isolada mesmo após o fim da URSS, permanecendo com um regime extremamente fechado e por vezes, hostil com os vizinhos, principalmente com o Japão, o que intriga boa parte da comunidade internacional. Frequentemente, o país de Kim Jong-Un realiza testes militares no Mar do Japão, o que deixa a defesa tanto do Japão quanto dos EUA em alerta. É proibida a entrada de estrangeiros sem uma autorização prévia do governo norte-coreano e é raro a divulgação de dados e notícias sobre o país, atualmente o governo mantém relações diplomáticas somente com Rússia e China, sendo ambos os maiores apoiadores do governo da Coreia do Norte.