Todos almejamos relacionamentos saudáveis, que nos apoiem, tragam crescimento pessoal, mas o fato é que, nem todos os laços que vivenciamos são benéficos para nossa saúde emocional e podem minar o nosso poder pessoal.
A densidade que emana desse tipo de relação, sufoca a felicidade, torna momentos agradáveis em situações repugnantes e nos aprisiona num tormento silencioso que só dissipará quando encontrarmos a força para romper os laços.
Pense numa determinada relação e sem hesitação, responda às seguintes perguntas:
- O convívio com essa pessoa provoca estresse ou ansiedade?
- A sua autoestima fica abalada pelas críticas ou falas desrespeitosas?
- Essa pessoa tende a gerar conflitos desnecessários?
Se duas das respostas forem positivas, fique alerta, há vestígios de toxicidade na relação. Observar a presença de julgamentos, manipulação, narcisismo e controle excessivo nos discursos ditos protetores delimitam o diagnóstico. E como agir diante disso? Como se preservar?
Podemos simplesmente ignorar e tentar manter o diálogo mesmo que seja o silêncio a falar. Essa é a atitude mais branda para represar o conflito e minimizar o impacto perante os presentes. Sim, porque com plateia, para o opressor, é mais vibrante.
O mais importante de tudo isso é garantir que a sua criança interior esteja protegida. Ela se assusta, por revisitar lembranças de situações não tão boas, vividas com os seus pais, tutores, professores e agora ela precisa saber que tem quem a proteja, pois já somos crescidos.
E, de fato, não tem há ver contigo. Os preconceitos, crenças da outra pessoa estão sufocados, querem ser vistos e brotam como um vómito de uma sarjeta entupida que não suporta mais uma gota e deita para fora a verdadeira essência que não fora tratada.
Foi a pessoa que não se trabalhou, que não se amou e não se ama o suficiente para desenvolver a empatia. Mas não caia na cilada de sentir pena. A amargura é dela, não é sua. A frustração é dela, não compartilhe.
Mas como se proteger, então? A resposta mais comum é: afaste-se.
Sim, essa é uma boa solução, mas nem sempre é possível, afinal quem gostaria de dormir com o inimigo? E muitas das vezes eles estão exatamente debaixo do mesmo teto, mora ao lado ou convive nos assuntos do trabalho e de atividades académicas.
Ao perceber que, no momento, o afastamento não é possível, só nos resta pensar em estratégias de mitigação dos efeitos colaterais dessa presença nas nossas vidas. Normalmente o agressor tem a intenção de ferir com palavras ou ações, causar dor emocional e psicológica, mas é importante lembrar que esse comportamento é resultado da frustração do opressor.
Evite intoxicar a sua mente. Cada palavra ouvida é processada pelo cérebro, transformam-se em substâncias químicas que circulam no corpo. Esses compostos contém as informações que serão integradas pelas células, órgãos e sistemas.
Esse é um processo físico, degustado pelo corpo. Não apenas emocional ou espiritual. Os neurónios e os leucócitos respondem aos estímulos enviados pelas emoções devido a enorme quantidade de recetores que possuem. Se o teor emocional das informações for negativo, pode afetar a sua imunidade.
Há estudos que defendem que a depressão pode estar relacionada à presença de certas bactérias encontradas no nosso intestino, indicando que, a retenção emocional, pode contribuir para problemas de saúde.
Algumas pequenas ações podem ser o caminho para auxiliar na superação da situação e manter a energia da sua essência:
Respire e foque na presença
A respiração tem um papel muito importante nesta situação. Tente fazê-la com calma e profundamente, pois isso avisa as suas células que tudo está sob controlo, que aquele lodo não vai sujar o seu sistema endócrino e desestabilizar a sua química corporal. Três repetições traz um excelente efeito. Inspirar pelo nariz a contar cinco tempos e expirar pela boca a contar oito tempos.
Imponha limites
No furor da emoção, a nossa essência se revela. Qual o seu perfil? Foge ou reage? Se a atitude é reagir, tente falar mais baixo e pausadamente. O objetivo é despertar a atenção da outra pessoa para a sua fala, uma vez que ela deseja triunfar na batalha que está em andamento. Seja claro, firme e com poucas palavras encerre a questão. Caso seja do tipo que foge do debate, sintonize a sua mente num momento agradável. Deixe o mental se manifestar. Em ambos os casos repita mentalmente: “Tenho controle sob os meus pensamentos. Vejo-lhe, não sou seu rival.”
Prepare-se para a digestão emocional
Se for ingerir algo, faça conscientemente, não deixe que os pensamentos ruminantes como: por que essa pessoa faz isso? Por que agiu assim? Não tinha necessidade disso, enfim toda a racionalização do fato.
Evite nutrir o seu corpo com a memória do abuso. Essa energia normalmente não é digerida e fica associada a um ou mais órgãos. Existem estudos que afirmam que o princípio de doenças crónicas como, por exemplo, o cancro é derivado de dejetos emocionais.
Evite comer ou beber em excesso. Isso garante a não associação daquela emoção no subconsciente e consequentemente a sua repetição em “loop”.
Pode não ser fácil nas primeiras tentativas, mas escute o seu corpo.
Movimente-se
O exercício físico é uma ótima resposta para gerar endorfinas e barrar o cortisol. Uma sugestão é dançar. Escolha uma música alegre, coloque os auscultadores e libere o trauma da experiência.
Dance, deixe a música sacudir as suas células e o corpo suar. Baile o tempo necessário e depois tome um banho.
Sinta a água cair no rosto, na altura da testa, lavando as mágoas. O banho é um reativador energético e se for possível, vá ao mar e permita que ele desinfete as feridas.
Por fim, reforce a hidratação para a energia fluir livremente.
Recomponha-se
Faça algo que lhe dê prazer. Escreva algo. Pode ser a respeito do que sente, isso lhe trará autoconhecimento. Leia um livro, transplante uma planta, assista algo com mensagem altruísta, procure a beleza, seja no caminhar com o cão, nas flores, na cor do céu, cultive atividades de lazer. Se nutra disso. Regenere a sua química cerebral.
Não se boicote e mantenha pensamentos positivos, para que substâncias benéficas ajudem a construir um ambiente mental propício para próxima etapa: comece a traçar um plano. Algo com sentido que alterará aquela relação, seja uma viagem, uma mudança de emprego, uma separação conjugal, a busca de um profissional para conotar o processo. Dedique tempo a este plano, que seja quinze minutos por dia. Não deixe de alimentá-lo. Isso trará clareza e lhe munirá com um arsenal de possibilidades.
Tente se manter imparcial. Não é fácil, mas evite proferir julgamentos. Procure ser uma pessoa neutra. Não se culpe, não se diminua. Crie a barreira para não absorver mágoas. A memória celular é atómica e pode ser definida como um registo de tudo aquilo que vivenciamos. Não permita que este ato seja vivido mais de uma vez. Estanque a sua disseminação e a neutralidade é a melhor forma de garantir isso.
Seja feliz, ninguém pode tirar a sua capacidade de cultivar os seus pensamentos e emoções. Não permita que a dor do outro o mantenha preso no círculo obscuro da mágoa. Liberte-se e lembre-se: o seu compromisso é consigo.