Durante a minha atuação como professor de Língua Portuguesa há mais de dez anos, tenho percebido e sobrevivido às mais variadas mudanças drásticas nos cenários desse mercado. Não foi só uma pandemia e novas tecnologias florescendo: a globalização, aumentando ainda mais os aspectos de interculturalidade em nossas vidas, além dos mais variados avanços tecnológicos redefinindo o sistema educacional. Tempos que exigem uma abordagem renovada, principalmente para aqueles que lidam com a aquisição de uma língua por pessoas apartadas da cultura-alvo.

Ainda sabemos que a proficiência em outras línguas muitas vezes tem caráter fundamental para a comunicação mais eficaz em um mundo conectado por satélites e cabos infindos, e que permite o acesso à informação e a interação em quase qualquer idioma e com pessoas de diferentes ambientes culturais e a qualquer momento. Assim como o ensino de cultura, que pode ajudar a promover uma compreensão maior dos diferentes contextos humanos, combatendo estereótipos e preconceitos, fomentando a tolerância, o respeito à diversidade — um esforço a favor da equidade, por um mundo justo.

Cada vez mais interconectado, tais habilidades interculturais são essenciais para o sucesso profissional e pessoal de qualquer pessoa, pois permitem navegar de maneira mais eficaz aos mais diversos estímulos e desafios que a situação nos possa proporcionar. Continue sua leitura para refletir um pouco mais sobre como o aprendizado em outra língua pode melhorar a capacidade comunicativa das pessoas, como:

  • A consciência cultural, ao passo que o aprendizado de idiomas não se trata apenas de proficiência linguística, mas também de consciência cultural. Vamos ver como compreender as nuances culturais incorporadas na linguagem contribui para uma comunicação eficaz e ajuda a superar barreiras do dia a dia.
  • As habilidades de comunicação Interpessoais, ao aprender outro idioma aprimora as habilidades gerais de comunicação, incluindo aspectos verbais e não-verbais. Melhoria na expressão e na escuta, empatia e na capacidade de navegar por estilos de comunicação diversos.
  • Na colaboração, quando há o papel da proficiência linguística no fomento à colaboração intercultural. Colaborar com colegas de diferentes origens culturais ou ter aulas de uma segunda língua deve trazer perspectivas diversas para a resolução de problemas otimizadamente.
  • No aprendizado ao Longo da Vida, pois é uma jornada ao longo da vida e não apenas uma habilidade adquirida para um momento específico. A aprendizagem contínua em idioma e cultura é essencial em um cenário global em constante mudança.
  • No impacto nas Relações Sociais, a proficiência linguística de uma nova língua contribui para a construção de relações sociais ainda mais significativas. Durante o processo de aprendizado, ao falarmos uma segunda língua, podemos criar conexões emocionais mais fortes com nossos interlocutores — superando quaisquer barreiras de comunicação e promovendo um maior senso de comunidade.

São algumas ideias que surgiram a partir de experiências próprias e de leituras que fiz ao longo da vida. Convido você a continuar a leitura e a fazer suas próprias reflexões sobre o assunto. Tenha uma boa leitura!

As novas dinâmicas do ensino de língua e cultura

Nos últimos 5 anos, explorei os mais diversos programas e serviços contemporâneos do Ensino de Língua e Cultura. Nesse período, incorporei entre os sistemas utilizados algumas abordagens inovadoras e tecnologias, buscando sempre as melhores maneiras de moldar a experiência educacional de forma tangível e legível para quem dá os primeiros passos em uma nova língua.

Hoje posso afirmar que as melhores táticas são provenientes dos mais diversos recursos, utilizados de forma complementar e dinâmica, respeitando o tempo do aluno. Até nesses contextos precisamos estar na mesma página, não é mesmo? Entre as conjunturas mais importantes, podemos enfatizar: (a) a busca por abordagens inovadoras, ao trazer a aprendizagem experiencial para o âmbito online, cada aula torna-se uma jornada única.

Utilizar recursos visuais, como apresentações interativas e vídeos autênticos, para proporcionar uma experiência imersiva na cultura (no meu caso, a rica cultura brasileira). A tecnologia nos permite, como professores, que os alunos explorem virtualmente locais emblemáticos do Brasil, mergulhando nas tradições e peculiaridades culturais. Um exemplo pessoal, de quando eu morava em Olinda, há tempos atrás e nos fins da pandemia, era comum fazer lives IRL (daquelas que saímos pelas ruas, vazias, filmando os lugares pela cidade histórica) acompanhado dos alunos e ministrando o conteúdo previsto. Aprender história e cultura nunca deve “ser chato”.

(b) Metodologias ativas e recursos dos mais variados tipos: a natureza online das aulas, quando segue-se tal modelo, possibilita uma implementação eficaz de metodologias ativas, incentivando os aprendentes a explorarem temas culturais de maneira prática e autônoma, também. Tarefas colaborativas são facilitadas por meio de plataformas interativas, aproximando alunos de diferentes partes do mundo em um ambiente de aprendizagem unificado.

A riqueza de recursos online, desde documentários até músicas e notícias, amplia o leque de experiências culturais oferecidas aos estudantes nos estágios mais iniciais do aprendizado.

E, por último, (c) o professor como mediador: complementar ao item anterior, a abordagem professoral como mediadora é evidentemente necessária na orientação personalizada no contexto de aprendizado cultural. Encorajar ativamente a participação dos alunos, promover discussões buscando a transcendência de barreiras geográficas e culturais.

Por esses meios, a interculturalidade é promovida por meio da troca de experiências pessoais, conectando alunos de diferentes origens em uma única ideia entendida por todos, favorecendo sempre um diálogo mais enriquecedor sobre os temas abordados em cada aula. É preciso notar que nos contextos citados as novas dinâmicas do Ensino de Língua e Cultura ganham vida de uma maneira mais palpável em um universo tão… líquido(?).

Serão, então, moldadas por uma abordagem que valoriza a autenticidade, a inovação e a conexão humana, mesmo estando no ambiente virtual.

Alguns dos principais desafios do ensino de língua e cultura

Entre os modelos de ensino de língua e cultura encontra-se em constante evolução, moldados por uma série de desafios e oportunidades, que demandam de uma atitude renovada e inovadora, como uma prática constante em seus modus operandis. Neste contexto, há três desafios principais se destacam, na ótica de quem participa ativamente dessas tarefas:

Destaque à diversidade

  • Promover uma sala de aula acolhedora: ao criar um ambiente de aprendizado onde a diversidade nas línguas e culturas-alvo seja celebrada, combatendo a discriminação e promovendo o respeito e as garantias humanas.
  • Combater a discriminação diariamente: ao integrar ações que sensibilizem os alunos para o respeito à diferença, combatendo atitudes discriminatórias no cotidiano das aulas ou apresentações online.
  • Inclusão digital com propósito: Garantir que a inclusão digital vá além do acesso a dispositivos, utilizando a tecnologia como ferramenta para promover a inclusão e igualdade de oportunidades. Você pode encontrar alunos que têm apenas acesso a um celular fora de linha como recurso didático — precisaremos entender isso e nos adaptar, garantindo ao aprendente o seu direito.

Valorização da língua e cultura populares

  • Contar histórias autênticas e não artificialmente manipuladas: Desenvolver abordagens pedagógicas que incorporem narrativas autênticas da cultura da região a ser explorada pelo professor ou aluno, valorizando expressões regionais e histórias locais — assim, vamos garantir que o ensino da língua será incorporado à realidade do aluno.
  • Experiências imersivas em aula: Proporcionar experiências práticas e imersivas durante as aulas, conectando os alunos não apenas com a língua, mas também com as nuances culturais brasileiras. O exemplo que mencionei, o IRL live em Olinda durante as aulas de português brasileiro para estrangeiros, mais para cima, é uma boa referência dessas incorporações.

Desafios das atualizações tecnológicas e ferramentais

  • Formação com um toque pessoal, dinâmico e constante: É inegável que hoje precisamos investir em programas de formação que se adaptem às necessidades individuais dos educadores, garantindo que cada professor se sinta capacitado a integrar efetivamente as novas tecnologias em sua prática e para que seja ampliada também para o ensino básico. Precisamos entender as tecnologias que os alunos usam, como usam e para quê usam, como forma de intermediar os caminhos pelos quais podemos ser ouvidos.

O caminho parece contínuo

É preciso enfatizar a clara necessidade de uma formação continuada dos professores, assegurando que estejam equipados para enfrentar os desafios do ensino contemporâneo.

Durante todo o texto você conferiu algumas das minhas reflexões sobre o atual passo da tarefa de ensinar língua e cultura brasileira para estrangeiros. Nele, houve um maior destaque sobre a importância de nos mantermos atualizados sobre tendências, inovações e as mais diversas perspectivas, mais humanas, durante o aprendizado de outras línguas e aquisição de novas culturas.

Deverá ser por meio da adaptação constante e da busca por abordagens inovadoras que poderemos moldar um ambiente educacional dinâmico e mais enriquecedor para as gerações futuras. Não podemos parar de caminhar.